“Lógica” procede da palavra logos, que originária e propriamente significou “fábula”, no italiano traduzido por favella (que corresponde, em português, à “faculdade de falar”, ou língua, conforme observa em nota o tradutor, Antonio Lázaro de Almeida Prado). E a fábula também se chamou para os gregos müthos, que resulta para os latinos mutus, pois, nos tempos mudos (ne’ tempi mutoli) nasceu como linguagem mental – eis que Estrabão, num passo áureo, disse ter a linguagem mental aparecido antes da linguagem vocal, isto é, antes da articulada. Por isso, logos tanto significa “idéia” quanto “palavra”.
PIGNATARI, Décio. Semiótica da arte e da arquitetura. São Paulo, Cultrix, 1981, p. 22.
Algumas edições da Bíblia nos informam que logos equivale a verbo em português. Partindo do que nos fala Pignatari, podemos (com todo respeito e reverência, visto que este é um blog de estudos e pesquisas) reescrever os versículos 1 a 4, do primeiro capítulo do Evangelho de João da seguinte forma:
1 No princípio era a Fábula, e a Fábula estava com Deus, e a Fábula era Deus. 2 Ela estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dela, e, sem ela, nada do que foi feito se fez. 4 A vida estava nela e a vida era a luz dos homens.
(conferir: Bíblia de Estudo de Genebra. Cultura Cristã/Sociedade Bíblica do Brasil. São Paulo, 1999, p. 1228).
Ao reescrever procedemos a uma re-escritura. E meditamos então sobre a importância da Fábula em nossas vidas.