Escrevo de madrugada
Por Rogel Samuel Em: 25/05/2009, às 22H45
Escrevo de madrugada. Cansado? Insone. Mas feliz. Hoje fiz muita coisa. Almocei com a Nappy, na cidade. Visitei um sebo. Comprei vários livros. Gosto de sebos. Dou-me melhor neles do que em livrarias modernas, daquelas que têm café, lan-house, frescuras. Gosto dos compradores de sebo. Há um cidadão no Rio que tem cerca de 13 mil livros de guerra.
- É um militar? - pergunto.
- Não, responde o vendedor, é um colecionador... Tem livros em diversos idiomas, mesmo os que não lê.
Sim, fico pensando. Eu gostaria de ter dinheiro para comprar uma casa para ir arrumando meus livros dentro. Por assunto. Creio que morrerei sem conseguir isso. Já tive várias bibliotecas. Perdidas. Ao longo dos anos fui-me mudando para apartamentos cada vez menores. No atual, consegui camuflar um armário de ferro cheio de livros no corredor do prédio, trancado a cadeado, graças a uma reentrância. Quase não se vê. Mas não tenho tanto livro. Não tenho espaço. Os livros, entretanto, se amontoam e eu não acho nada. Qual meu livro mais precioso? São as "Primeiras estórias", de Guimarães Rosa, autografadas para Antonio Carlos Vilaça, que autografou para mim. Villaça, esse sim, tinha desprendimento. E estilo, era um perfeito estilista, um escritor de estilo limpo, claro, elegante, insinuante.