[Flávio Bittencourt]

A morte de Maurice Girodias, em 1990

O dono da famosa editora Olympia Press, de Paris, sofreu aos 71 anos um enfarte quando estava sendo entrevistado, ao vivo, numa emissora de rádio francesa.

 

 

 

  

 

 

"(...) Depois da meia-noite, afirmava Samedi-Soir, ' [EM PARIS,] Existencialistas se escondem no Club du Tabou (...). Em certas noites, os existencialistas se entregam aos berros à dança frenética de jitterbugs e boogie-woogies'.

Esta fusão de hedonismo jovem com ideologia existencialista apavorava Beauvoir [SIMONE DE BEAUVOIR], que registrou a irritação de Sartre [JEAN-PAUL SARTRE] com os ataques: 'Vaguear por aí, dançar, ouvir Vian tocando trompete - que havia de mal nisso? ' (...)"

(JAMES CAMPBELL, À margem esquerda, trad. Antonio Machado, p. 51)

 

 

 

 

CARTAZ (colorido) DO FILME (branco-e-preto)

DE 1962, DIRIGIDO POR STANLEY KUBRICK,

LOLITA (Maurice Girodias conseguiu publicar o

romance Lolita pela primeira vez):

(http://golpedemartelo.blogspot.com/2011/12/lolita-1962-stanley-kubrick.html)

 

 

 

 

"Maurice Girodias, a French publisher whose early editions of such books as Vladimir Nabokov's ''Lolita'' and Henry Miller's ''Tropic of Capricorn'' led him into long battles with French censors, died here today at the age of 71, apparently of a heart attack.

Mr. Girodias, who was being interviewed on the Jewish Community Radio when he fell ill, also published works by Samuel Beckett, Jean Genet, Lawrence Durrell, J. P. Donleavy, William Burroughs and Georges Bataille, although he was best known for first bringing ''Lolita'' into print. (...)"

(THE N. Y. T, MAIO DE 1990, início da matéria adiante transcrita [em inglês]  na íntegra,

http://www.nytimes.com/1990/07/05/obituaries/maurice-girodias-a-french-publisher-and-an-author-71.html)

 

 

 

 

"(...) A identidade real de Pauline Réage [NASC. ANNE CÉCILE DESCLOS] só foi ser revelada em 1994, em uma entrevista concedida à revista americana The New Yorker. Nesta entrevista, Anne contou também ter escrito "A História de O" em resposta ao fato de Jean Paulhan, um admirador da obra do Marquês de Sade, haver dito que 'mulheres não eram capazes de escrever romances eróticos'. (...)"

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Pauline_R%C3%A9age)

 

 

 

 

DOMINIQUE AURY (ANNE DESCLOS), QUE ESCREVEU HISTÓRIA D'O

[romance publicado, em Paris, por M. Girodias]:

 Dominique Aury
"La escritora francesa
Dominique Aury (nacida Anne Desclos) falleció a los noventa años el 30 de abril de 1998. Casi medio siglo antes, en 1954, había salido a la luz un libro que llevaba por título Historia de O, y que realmente escandalizó a la sociedad de su tiempo al incluir escenas de esclavitud sexual y violencia explícita.

Historia de O fue publicada bajo el pseudónimo de Pauline Reage, y durante mucho tiempo no se supo quien se escondía realmente bajo ese nombre, aunque casi todos daban por supuesto que un libro así solo podía haber sido escrito por un hombre. Su éxito fue arrollador y se convirtió en un best-seller internacional, siéndole concedido incluso el prestigioso premio literario Deux Magots, en la primera vez que éste recaía en un libro "no convencional". Pero ni siquiera así la autora se decidió a dar la cara públicamente. Y pese a que Francia era un país relativamente liberal en comparación con Inglaterra o Estados Unidos, las autoridades iniciaron un proceso por obscenidad contra la editorial, aunque finalmente los cargos fueron rechazados.

En 1975 se estrenó la
versión cinematográfica, dirigida por Just Jaeckin, que también provocó produjo un considerable escándalo. De hecho, y aunque parezca imposible, en Gran Bretaña la película estuvo prohibida hasta el año 2000... Yo hace tiempo intenté verla un día que la pasaron en televisión, y tuve que dejarlo a los veinte minutos porque me moría de aburrimiento.

En 1994, y cuando que ya tenía 86 años, Dominique Aury "confesó" en una entrevista en The New Yorker ser la verdadera autora de Historia de O. La sorpresa fue general, ya que Aury había trabajado durante muchos años como traductora, editora y crítica literaria, siendo una figura muy respetada en el mundo literario francés, aunque sin excesiva notoriedad pública. Muy pocos sabían que ella era la autora de una de las novelas eróticas más famosas del siglo XX."

(http://keikai.blogspot.com/2008_04_01_archive.html)

 

 

 

 

Claude Tchou - e não Maurice Girodias -

publicou [DEPOIS] a seguinte edição (primorosa) 

de livro cuja autora verdadeira (Anne Cécile Desclos) 

permaneceu por décadas escondida

sob o pseudônimo de PAULINE RÉAGE

(DOMINIQUE AURY):

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

Histoire d'O
The Story of O
(1968)


Pauline Reage
(Pseudonym for Dominque Aury)

Edition Claude Tchou, Paris

Bound in padded gold 'leatherette' in a clear plastic wrapper with colored illustrative detail.

Edition of 8000 numbered copies.
$450

(http://www.cfmgallery.com/Leonor-Fini/Leonor-Fini-Books.html)

 

 

 

"No final da década de 1960 e no começo da década de 1970, acreditava-se amplamente que a revolução sexual, ao libertar a energia sexual, tornaria todos livres. Eu me lembro de Maurice Girodias, que publicou A História do O em Paris pela Olympia Press (...)"

(http://hysterocracya.blogspot.com/)

 

 

 

 

(http://openlibrary.org/works/OL4673375W/The_Paris_Olympia_Press)

 

 

 

 

LE MARQUIS DE SADE:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://joylisergica.blogspot.com/)

 

 

 

 

MAURICE GIRODIAS (1919 - 1990),

PROPRIETÁRIO DA LENDÁRIA

OLYMPIA PRESS, DE PARIS,

fotografado por Gilles Larrain:

File:Girodias.jpg
 

 

 

 

 

 

 

  

 

(http://fr.wikipedia.org/wiki/Maurice_Girodias)

 

 

 

 

Capa da tradução do livro de James Campbell

[De acordo com a responsáveis pela editora

responsável por essa tradução e publicação

brasileira "À margem Esquerda traz histórias singulares em suas páginas, como a ligação entre escritores e a CIA - central da espionagem americana - e a experiência do jazzista e novelista francês Boris Vian, que se passou por afro-americano. Campbell refaz o caminho de publicações censuradas e assinadas com pseudônimos, obras taxadas como pornográficas ou subversivas. Além de brindar os leitores com um revigorante perfil de Samuel Beckett e uma analise profunda de sua obra."]

(http://www.americanas.com.br/produto/182189/livros/literaturaestrangeira/geral/livro-a-margem-esquerda, sendo que logo a seguir está a reprodução da imagem da capa dessa tradução brasileira):

Livro - À Margem Esquerda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"O DESTAQUE QUE JAMES CAMPBELL DEU A M. GIRODIAS

EM SEU LIVRO ESPETACULAR À MARGEM ESQUERDA

PRODUZIU, NO MUNDO INTEIRO, CURIOSIDADE SOBRE

A VIDA DE UM HOMEM QUE IMPRIMIA LITERATURA DE

QUALIDADE DUVIDOSA (erótica, especialmente) PARA

PODER PUBLICAR OBRAS CLÁSSICAS - ou vice-versa"

(COLUNA "Recontando estórias do domínio publico")

 

 

 

 

Maurice Girodias, empresário e editor francês que fundou a editora Olympia Press, em 1953. Publicou na França as obras de Jean Genet, Samuel Beckett e Henry Miller. Girodias teve um enfarte dia 3 de julho de 1990, nos estúdios de uma rádio de Paris, enquanto dava uma entrevista ao vivo à emissora, aos 71 anos.

(Fonte: Revista Veja, 11 de julho, 1990 - Edição 1138 - Datas - Pág. 72)

 

 

 

 

"NOS ANOS 1950, NA CAPITAL FRANCESA, COM CERTEZA - absoluta -

O SERVIÇO SECRETO AMERICANO, ou seja, a CIA, SEGUIA,

ENTRE OUTROS, ESCRITORES NEGROS (intelectuais afrodescendentes

ex-socialistas ou ainda socialistas), ESTADUNIDENSES,

RESIDENTES EM PARIS, QUE FREQUENTAVAM CAFÉS MUITO BADALADOS;

A QUESTÃO QUE SURGE É A SEGUINTE: a CIA seguia e ouvia também

Maurice Girodias em seu escritório? Esse é o ponto! (*risos*)"

(COLUNA "Recontando...")

 

 

 

   

Richard Wright. Reproduced by permission of Fisk University Library.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Richard Wright.
Reproduced by permission of

Fisk University Library
 

 

 

 

  

 

                                      HOMENAGEANDO AS MEMÓRIAS DO EDITOR, ESCRITOR,         

                                      ILUSTRADOR E PROGRAMADOR GRÁFICO FRANCÊS     

                                      MAURICE GIRODIAS (1919  - 1990) E DO EDITOR BELGA

                                      CLAUDE TCHOU (1923 - 2010) [*] E PARA OS ESCRITORES

                                      ANNE CÉCILE DESCLOS (pseudônimos: DOMINIQUE AURY e

                                      PAULINE RÉAGE; 1907 - 1998) E

                                      RICHARD NATHANIEL WRIGHT (1908 - 1960), QUE,

                                      ESCREVENDO, COMBATEU O RACISMO:

                                      como Girodias e Tchou, eles - Desclos e Wright - também vivem!

 

[*] - A MÃE DO EDITOR CLAUDE TCHOU ERA BELGA E SEU PAI ERA CHINÊS; ELE EDITOU, ENTRE OUTROS, ÉLUARD, ERNST, LACAN, BRETON, TZARA E A ENCICLOPÉDIA [Jacques] COUSTEAU

 

 

10.2.2012 - O proprietário da famosa editora Olympia Press, de Paris, sofreu um enfarte quando estava sendo entrevistado, ao vivo, numa emissora de rádio francesa - Maurice Girodias (1919 - 1990).  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

  

 

 

THE NEW YORK TIMES,

MAIO / 1990 (em inglês):

"OBITUARIES

Maurice Girodias, A French Publisher And an Author, 71

Special to The New York Times
Published: July 05, 1990

Correction Appended

Maurice Girodias, a French publisher whose early editions of such books as Vladimir Nabokov's ''Lolita'' and Henry Miller's ''Tropic of Capricorn'' led him into long battles with French censors, died here today at the age of 71, apparently of a heart attack.

Mr. Girodias, who was being interviewed on the Jewish Community Radio when he fell ill, also published works by Samuel Beckett, Jean Genet, Lawrence Durrell, J. P. Donleavy, William Burroughs and Georges Bataille, although he was best known for first bringing ''Lolita'' into print.

He began his publishing career in the 1930's as a teen-age assistant to his father, Jack Kahane, who first published Henry Miller's ''Tropic of Cancer'' and who formed part of the literary circle flourishing in Paris at the time.

After World War II, he founded Olympia Press, but it foundered under the pressure of censors who banned some of its editions as pornographic. In the early 1960's he opened a night club, but this was closed by the police after he presented a show inspired by the Marquis de Sade's 'Philosophy in the Bedroom.' "

(http://www.nytimes.com/1990/07/05/obituaries/maurice-girodias-a-french-publisher-and-an-author-71.html)

 

 

 

==

 

 

 

VERBETE 'MAURICE GIRODIAS ',

WIKIPÉDIA (em francês):

"Maurice Girodias

 
Maurice Girodias, photographie de Gilles Larrain

Maurice Girodias (12 avril19193 juillet1990), éditeur et écrivain, fut le fondateur des éditions du Chêne, en 1941[1], et de The Olympia Press, en 1953. Il fut aussi un temps le propriétaire d'Obelisk Press, fondée par son père Jack Kahane, et passa une grande partie de sa vie à Paris.

Biographie

Né à Manchester, Jack Kahane vient s'établir à Paris au début du XXe siècle et se marie avec une Française. Peu après la crise de 1929, il se consacre au métier d'éditeur et choisit de publier à Paris directement en anglais des livres destinés aux touristes et aux voyageurs. Le jeune Girodias (il prendra plus tard le nom de sa mère pour dissimuler ses origines juives, échappant ainsi aux lois de Vichy et à la déportation) connut durant ces années difficiles une enfance relativement heureuse. Olympia Press, la maison d'édition de son père, sortira Henry Miller de l'anonymat en publiant pour la première fois en 1934 Tropique du Cancer, s'exposant aux foudres de la censure française, cependant plus tolérante qu'aux États-Unis. Signalons aussi que la réglementation française en termes de dépôt légal ne s'appliquait pas aux textes écrits en langues étrangères : certains titres édités par Kahane échappèrent ainsi un temps au contrôle. Kahane publiera également des textes de Frank Harris, Anaïs Nin, James Joyce, Lawrence Durrell, et de nombreux textes vaguement érotiques écrits directement de sa propre main (sous le pseudonyme de Cecil Barr), ainsi que de nombreux autres écrivains (son catalogue)

Dès l'âge de 15 ans, Girodias prête main forte à son père: il réalise le dessin de couverture de Tropic of Cancer, un crabe tenant dans ses pinces un corps humain assez ambigu. Son père meurt en 1939, le laissant aux commandes d'Obelisk Press, qu'il continue de développer en dépit de la guerre, de l'Occupation et du manque de papier.

Après la guerre, avec son frère Eric Kahane, il donne à Obelisk quelques succès avec Zorba le grec et Sexus, l'autre livre sulfureux de Miller. En 1955, chez Olympia Press, il publie en version originale Lolita de Vladimir Nabokov, roman dont tous les éditeurs américains avaient refusé le manuscrit (il l'a été plus de trente fois avant que Girodias ne prenne le risque de le publier à Paris) et qui devint ensuite un best-seller mondial.

Notes et références

  1. Éditeurs - Illustré [archive], Hachette. Consulté le 3 juin 2011
  • Girodias, Maurice (2009) : Président Kissinger, roman trad. de l'anglais par J.-P. Mourlon, Editions Tristram, ISBN : 978-2-907681-73-5
  • Girodias, Maurice (1990) : Une journée sur la terre, autobiographie en 2 vol., La Différence
  • Girodias, Maurice (1990) : L'Affaire Kissinger, préf. de Ph. Sollers, La Différence, ISBN 978-2-72911-77-26
  • Kearney, Patrick J (1987) : The Paris Olympia Press: An Annotated Bibliography London: Black Spring Press ISBN 0-948238-02-X

(http://fr.wikipedia.org/wiki/Maurice_Girodias)

 

 

 

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RESENHA DE À MARGEM ESQUERDA:

"À margem esquerda (Paris interzone)
James Campbell
Ensaio   322 páginas
Tradução de Antonio Machado
Formato: 16 x 23 cm (...)
 

Quando as forças aliadas libertaram Paris dos nazistas em agosto de 1944, elas prepararam o campo para uma outra invasão, só que desta vez intelectual. James Campbell, em À MARGEM ESQUERDA, estuda o universo intelectual de Paris do final da guerra aos anos 60. O autor encontrou nas obras de escritores famosos radicados em Paris - como Gertrude Stein e Scott Fitzgerald - o prenúncio da Geração Beat e da contracultura que tomaria as décadas de 1960 e 70. Um incisivo, e muitas vezes surpreendente, retrato da geração beatnik, imprescindível para o melhor entendimento da literatura deste século.Tendo como fio narrativo a vida dos escritores norte-americanos Richard Wright e James Baldwin, James Campbell enxerga nos trabalhos e mesmo na vida boêmia destes artistas, até então fora dos grandes circuitos literários, várias semelhanças. Principalmente nas temáticas revolucionárias: suas obras quase sempre eram protagonizadas por personagens negros - alter ego de seus escritores. Figuras emblemáticas que personificavam a luta contra o racismo e a segregação social. Propositalmente, Campbell deixa de lado nomes sempre associados à cidade, como Jean-Paul Sartre, que apenas é citado superficialmente. À MARGEM ESQUERDA traz histórias singulares em suas páginas, como a ligação entre escritores e a CIA - central da espionagem americana - e a experiência do jazzista e novelista francês Boris Vian, que se passou por afro-americano. Campbell refaz o caminho de publicações censuradas e assinadas com pseudônimos, obras taxadas como pornográficas ou subversivas. Além de brindar os leitores com um revigorante perfil de Samuel Beckett e uma analise profunda de sua obra. Através de uma acurada pesquisa biográfica, Campbell faz a distinção entre escritores que escolheram a rebeldia como forma de expressão e os que foram, simplesmente, renegados à margem pelos leitores e pela crítica especializada. O autor combina o discernimento natural de historiador com o talento literário - as histórias são curtas e contadas com riqueza de detalhes. O resultado é uma narrativa que prende tanto como o mais interessante romance. James Campbell nasceu em Glascow em 1951. Entre 1978 e 1982, foi editor da New Edinburg Review. The Picador Book of Blues and Jazz, Talking at the Gates: a Life of James Baldwin são algumas de suas obras publicadas. Sua peça The Midnight Hour foi encenada na Filadélfia em 1993 e 1995. Atualmente, Campbell trabalha no Times Literary Supplement. "James Campbell combina o discernimento de um bom historiador social com a capacidade de analisar as conquistas literárias, numa narrativa que pode ser lido como um romance." - Guardian "O notável livro de James Campbell sobre o cenário parisiense desde o fim da guerra até o início da década de 1960 desenvolve uma abordagem raramente adotada por muitos autores que escreveram estudos sobre o período permitindo-lhe reunir escritores que quase sempre são considerados independentemente." - Times Literary Supplement 'Informativo e estimulante' - New York Times"

(http://www.editoras.com/record/049676.htm)

 

  

 

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(http://pedromarquesdg.wordpress.com/page/6/)