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                                                                                                                                                                                                                                                                                                       VENDAVAL DE PAIXÕES RESENHA

Miguel Carqueija

 

Resenha do filme “Rap the wild wind” (“O golpe do vento selvagem”) – EUA, 1942. Produção e direção de Cecil B. De Mille. Roteiro: Alan Le May, Charles Bennett, Jesse Lasky Jr. Argumento: Thelma Strabel.

Elenco: Ray Milland (Dr. Stephen Tolliver), Paulette Goddard (Loxi Claiborne), John Wayne (Capitão Jack Stuart), Susan Hayward (Drusilla Alston), Robert Preston (Dan Cutler), Raymond Massey (King Cutler), Hedda Hopper (Henrietta Beresford), Charles Bickford (Bully Brown), Lynne Overman (Capitão Phil Philpott).

 

            Cecil B. De Mille foi um grande produtor de cinema e seus filmes são admiráveis, mas a crítica especializada o deixou mais ou menos à margem, Isso, embora seu nome tenha ficado tão famoso que serviu até para trocadilhos em quadrinhos infantis Disney ou Looney Tunes (tipo “Cecílio de Milho).

            “Vendaval de paixões” é uma história cheia de reviravoltas e na verdade um triângulo amoroso e um drama policial que termina com um crime a ser resolvido. A resolução desse crime, porém, depende do cadáver de uma moça que se encontra no fundo do mar, no navio que afundou com ela. E os dois rivais no amor de Lori, ou seja o advogado Tolliver e o capitão de barco Stuart, munidos de escafandros (a ação se passa na primeira metade do século XIX, na Flórida e mares adjacentes), descem até lá, onde os espera o polvo gigante.  Esta aliás, a luta com o molusco, uma cena muito difícil e bem armada (o polvo era um boneco movido a eletricidade).

            A trama gira em torno de afundamentos de navios nos rochedos, e de duas empresas que se especializavam em salvamentos. Uma delas porém estava provocando os naufrágios para deles se aproveitar. King Cutler (Raymond Massey) consegue apresentar uma excelente máscara de vilão, sabido, oportunista, capaz de se aproveitar até de fatos inesperados que poderiam prejudicá-lo, que consegue cooptar o Capitão Stuart ao convencê-lo de estar sendo passado para trás por Tolliver. Por fim, joga uma grande cartada ao propor, no tribunal, que se mergulhe para descobrir a verdade no navio afundado.

            A trama policial acaba sendo mais importante que a parte romântica, até porque os espectadores tendem a se indentificar mais com o Capitão Stuart (John Wayne) que acaba assumindo uma posição moral ambígua, que com o advogado Stephen Tolliver, representado por um Ray Milland sem o mesmo carisma de Wayne e ainda por cima sendo um personagem de início chauvinista e antipático.

            “Rap the wild wind” pode não ser uma obra-prima, é porém um drama que mantém a atenção do público pela situação e a sequência de acontecimentos atingindo o clímax na luta com o octópode gigante em seu próprio elemento, o fundo do mar.

 

 

Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 2015.