Um dos criadores da bossa nova chega aos 75 anos

 

 

 

 

Roberto Menescal: vivo, sadio, viajando, compondo, tocando violão, produzindo, cantando, aos setenta e cinco anos de idade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

(Flávio Bittencourt,

 

hoje)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Roberto Menescal comemora seus 75 anos de idade

 

Ele é um dos pais da Bossa Nova e, segundo seu amigo, o jornalista, produtor musical e compositor Ronaldo Bôscoli, era um “rabo de cometa”, isto é, vivia atrás de uma estrela. E no ano em que celebra seus 75 anos de idade, Roberto Menescal, que já revelou grandes nomes da MPB, recebe uma homenagem mais do que merecida. O compositor e instrumentista vai começar a comemorar antecipadamente seu aniversário, que é dia 25 de outubro, com a série Nas Entrelinhas da MPB no Theatro NET Rio, em Copacabana. O projeto tem início na próxima segunda-feira, dia 16. Menescal vai dividir o palco e suas histórias com Fernanda Takai & Erasmo Carlos. Dia 23 é a vez dele se apresentar com Oswaldo Montenegro, Wanda Sá & Bebossa. E no dia 30 com Alcione & Emilio Santiago. Diretor artístico da Phonogram/Philips durante 16 anos, trabalhou com artistas de todas as vertentes – ficou na gravadora até 1985 e, no final dos anos 1980, fundou um selo próprio, onde produz desde então muitos sucessos. Menescal é um verdadeiro baú de boa música e das mais divertidas e emocionantes histórias pessoais e profissionais do cenário artístico brasileiro. A seguir, o artista fala sobre o projeto e sua trajetória artística.

 

Foi ideia da minha produtora. Eu sou um pouquinho meio avesso a esses projetos de homenagem. Eu pulo um pouco fora dessas homenagens. E ela veio com tudo pronto para mim. E eu tive que aceitar. Custei um pouco a entender a intenção dela. Até que a gente foi conversando, ela tinha proposto para eu fazer cada dia com um artista, mas eu contrapropus para fazer com dois artistas, porque achava que ia dar um papo melhor. Não é um negócio só de música. É música e papo. Tem as histórias da gente. Então, a gente reuniu Emílio com Alcione, que foram duas pessoas que eu contratei ao mesmo tempo. Tenho um carinho enorme por eles. Depois reuni o Erasmo com a Takai porque são duas pessoas que vêm da coisa pop rock, mas de gerações tão diferentes e vai render muito assunto com eles dois. E tem o Oswaldo Montenegro que ficamos muito amigos. E o Oswaldo é tão forte no palco que eu não queria dividir com outro. Então, peguei um conjunto vocal que dá uma vestimenta chique. 

 

 

Uma coisa que escolhi na vida é trabalhar com meus amigos. Eu prefiro que trabalhar só com grandes sucessos. Às vezes, nem tem grandes sucessos, mas é um amigo que admiro muito artisticamente. 

 

 

A Wanda conheci muito garota ainda. A gente estava fazendo os primeiros shows amadores e conheci a Wanda com seus 15, 16 anos. E um dia ela veio a mim e perguntou se eu daria aula de violão. E eu estava dando aula de violão. Gostava de me virar na vida. Ela escreveu na mão dela os meus telefones e achei aquilo o máximo. Comecei a dar aula para ela e começamos a ficar muito amigo mesmo. Até o Ronaldo Bôscoli me perguntou por que a gente não fazia o disco dela e a gente produziu o “Wanda Vagamente”, que é um disco que está pelo mundo inteiro. Eu não tive irmã. Tive quatro irmãos homens. E Wanda e Nara Leão foram minhas irmãs. Talvez mais irmãs do que se eu tivesse uma irmã natural. Foram pessoas que me acompanharam muito e tenho grande carinho por elas. E a Wanda está aí e sempre que podemos, trabalhamos juntos.

 

 

Esse ano estou tendo só surpresa na minha vida. E uma das surpresas é que gravaram sete CDs com músicas minhas. Coisa que não é comum. Podem gravar cinco músicas, mas com a obra toda de minha autoria não é comum. Esse ano não sei se é porque estão comemorando junto comigo. E um desses CDs é o disco que o BeBossa, um conjunto vocal fabuloso, pediu para eu fazer uma apresentação junto comigo e Wanda. E veio a ideia de gravar um CD com o nome “A Galeria do Menescal”. Aqui em Copacabana o primeiro shopping que se ouviu falar foi a Galeria Menescal. Eu morei nesse prédio e essa galeria não é minha, mas a autoria das músicas é minha (risos).

 

 

Eu não noto nada na minha vida dessa coisa com a idade. Eu vou indo até onde dá. Voltei da Rússia há poucos dias e do Japão há um mês atrás e foi tão bom. Eles me propuseram muitos projetos. Acho que minha vida está ficando cada vez melhor. E eu vou fazendo de tudo que eu posso. Tem hora que fica coisa demais também. Adiei, por exemplo, minha ida ao Japão para março porque eles queriam para outubro. E outubro tenho esses projetos. Mas está sendo um ano da minha vida que eu não esperava que tivesse tanta coisa ao mesmo tempo. Mas estou respirando fundo e com medo de não dar tempo de fazer tudo. Porém, estou curtindo muito e as pessoas estão sendo muito legais comigo.

 

Com quem gostaria de dividir o palco no ano que vem?

 

Eu vou dividir com uma cantora chamada Andréa Amorim. Meu parceiro Ronaldo Bôscoli mexia muito comigo e dizia que eu era “rabo de cometa”. Eu estava sempre atrás de uma estrela. Na verdade, aparece muita cantora e sempre me encanto. Sempre me encantei pelas cantoras boas como Leila Pinheira. E a Andréa Amorim tocava um rock pauleira e conheci num festival na terra do Lula e me chamou atenção mesmo sendo uma música com a qual eu não tinha nada a ver. Ela me telefonou e começamos a ficar amigos. Através dessa ligação comigo, ela foi conhecendo muita coisa também. Nessa ida ao Japão. Eles encomendaram um CD meu com ela, que se chama Bossa de alma nova. Então, vamos lançar o CD no final do ano aqui no Brasil. E acho que ela vai ser a bola da vez. Ela é uma mulher bonita, canta muito bem, toca violão também e a gente vai sair por aí. Mas minha produtora também programou três ou quatro shows do Entrelinhas.

 

Eu curto um pouco essa coisa de ser um dos fundadores da Bossa Nova porque naquele momento quem tivesse um pouquinho de talento e curtisse uma mudança na música brasileira, estaria no movimento pela necessidade do Brasil na época de mudar. Eu estava naquele momento. Então, sou fundador por acaso. Mas eu não diria a palavra saudade, diria que tenho uma lembrança muito boa daquilo. 

 

Serviço: O Theatro Net Rio – Sala Tereza Rachel fica na Rua Siqueira Campos, 143 – Sobreloja – Copacabana. (Shopping Cidade Copacabana). Ingresso: R$ 80 (Plateia) / R$ 60 (Balcão) – Idosos, estudantes, assinantes O Globo e NET têm 50% de desconto. Horário: 21 horas. Classificação: Livre. Mais informações pelos telefones 2147 8060 e 2148 8060 ou pelo site www.theatronetrio.com.br."