[Maria do Rosário Pedreira]

Já muito se disse por aí sobre o facto de a crítica literária ter desaparecido dos nossos meios de comunicação, substituída que foi por uma forma mais ligeira de falar dos livros – a que vulgarmente se chama recensão, mas que, frequentemente (sobretudo na imprensa regional), não passa de uma sinopse da obra junto da respectiva capa (e quantas vezes essa sinopse não é a da contracapa do livro, escrita pelo editor, mas escandalosamente assinada pelo jornalista que devia ler o livro para poder opinar, mas não esteve para isso). Mesmo assim, nós, editores e escritores, ficamos consolados quando os livros que publicamos e escrevemos são referidos num jornal ou numa revista, sabendo que, pelo simples facto de preencherem parte de uma página, a sua existência é menos solitária do que na mesa ou na prateleira da livraria. Custou-me, por isso, que o Diário de Notícias tenha acabado («descontinuado» era a palavra usada) tão abruptamente com a revista NS, que saía todos os sábados e tinha duas páginas exclusivamente dedicadas a livros. O seu conteúdo não era profundo, bem entendido, mas, para além de este desaparecimento poder originar mais um lote de desempregados, o que é grave, agora temos menos um sítio para divulgar e partilhar. E sábados, evidentemente, mais pobres.