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Miguel Carqueija

 

Resenha do livro “O que é Ficção Científica”, de Bráulio Tavares. Editora Brasiliense (São Paulo-SP), Coleção Primeiros Passos 169, 1986. Capa: Carlos Matuck.

 

            Conheci Bráulio Tavares, escritor paraibano que por muitos anos residiu no Rio de Janeiro, numa reunião incipiente de autores e fãs de ficção científica, em 1987. Bráulio sempre foi uma personalidade marcante, com seu bom humor contagiante, suas tiradas irônicas, sua fina inteligência e seu grande conhecimento de causa sobre o gênero FC e mil outros assuntos. Naquela época ele recém-publicara este pequeno ensaio, que saíra em edição de bolso, e do qual guardo até hoje o exemplar com dedicatória do autor.

            Essa coleção “Primeiros Passos” como o título dá a entender, focaliza os mais diversos temas de maneira básica, como manuais para os iniciantes. No vasto índice de títulos deparamos, por exemplo, com “Educação”, “Romance Policial”, “Astronomia”, “Habeas-Corpus” e “Nordeste Brasileiro”; é grande, já se vê, a variedade de temas.

            Bráulio focaliza a ficção científica em seus diversos clichês e arquétipos, como robôs, viagens espaciais ou no tempo, mutantes, paranormalidades, guerras interplanetárias, alienígenas bons ou maus, bem como a manifestação do gênero não só nos livros e revistas como no cinema, televisão, e inclusive nos desenhos animados, mencionando o seriado “Os Jetsons”.

            Autores como Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Júlio Verne, H.G. Wells, Brian Aldiss, Theodore Sturgeon, Alfred Bester são elencados, lembrados também alguns brasileiros como Jerônymo Monteiro, Fausto Cunha, André Carneiro, Dinah Silveira de Queiroz e Jorge Luiz Calife.

            No cinema Bráulio refere-se a Steven Spíelberg, George Lucas, fitas como “Jogos de guerra”, “Colossus”, Blad runner”, “O exterminador do futuro”, “Vampiros de almas” e, claro, a obra-prima de Stanley Kubrick, “2001: uma odisséia no espaço”, que contou com argumento e co-roteiro de Arthur C. Clarke.

            A exposição é bem-humorada, leve e divertida, de muito interesse não apenas aos iniciantes da modalidade, mas também a quem já tenha conhecimentos. É um livro pequeno e facílimo de ler.

            Caso o autor consiga uma nova edição, que evidentemente já viria com atualizações, eu sugiro uma pequena retificação: ao mencionar a franquia “Indiana Jones” Bráulio a atribui somente a Steven Spielberg, o diretor. Mas eu julgo mais correto atribuir também a George Lucas, o produtor. Afinal, Lucas é também o criador do personagem e argumentos. Ele mesmo, num documentário, mais ou menos assim se expressou: “Harrison Ford interpreta e Spielberg dirige, mas eu crio.”

            Este livro, vale a pena ler e conservar.

 

 

Rio de Janeiro, 27 de abril de 2016.