[Maria do Rosário Pedreira]

É muito difícil a um autor afirmar-se através de um romance de estreia no seu país – às vezes são precisos dois ou três e um bom prémio para o público dar, efectivamente, por ele, às vezes vive toda a sua carreira numa espécie de estranho anonimato e, quase a largar a vida, um qualquer estudioso descobre-o e recupera-o. Publiquei em 2010 o primeiro romance do actor André Gago, Rio Homem, e este foi afortunadamente galardoado com o Prémio PEN para primeira obra, mas isso não significou uma aproximação imediata do público ao escritor; em 2011, publiquei a obra de estreia de Nuno Camarneiro na ficção, No Meu Peito não Cabem Pássaros, que, apesar de ter sido objecto de várias críticas, ainda está a fazer o seu lento caminho na conquista dos leitores portugueses. No entanto, lá fora já parecem ter dado por estes dois autores – e ambos acabam de ser convidados para dois festivais do Primeiro Romance. André Gago vai dentro de poucos dias a Budapeste e Nuno Camarneiro será o representante português no Festival de Chambéry, em França, no próximo mês de Maio, depois de ter sido escolhido por cerca de 3000 leitores não profissionais entre muitos nomes possíveis. Haja uma boa notícia de vez em quando.