Poema do Rio Negro, 4
 Por Rogel Samuel Em: 07/01/2009, às 06H18
Por Rogel Samuel Em: 07/01/2009, às 06H18

Poema do Rio Negro, 4
Rogel Samuel
meu pai já está morto nossos nervos selvagens 
escondidos no mormaço venhamos, unamo-nos 
contra tal atrocidade 
caíram esmagados e obscuros 
os principes da amazônica cidade 
não sobra registro livros história 
seus nomes se perderam 
mesmo em papel crepom raça extinta 
saiamos já daqui deste poema 
com tudo o que fomos 
não se volatizaram esses altos valores? 
oh verdes claros cimos ares 
luzes inatingíveis 
estamos aprisionados no passado 
é o pó a pedra a extrema a vermelha 
pedra do rio negro 
do rio negro calado 
ó calar subterrâneo que grita alto 
não me conformo, meu deus, eu não 
me conformo 
usemos algo, sangremos algo, falemos algo 
o sangue a nossa voz 
a nossa veia acordada 
a transfusão de nossas águas 
não fiquemos assim como nada 
não fiquemos parado no tempo 
da rota história 
vamos ao traspasse do tempo 
ou não teremos história 
marco pavio lamparina navio 
voemos para os extintos 
sem nome sem nunca mais 
pois em 1729 morreram no rio urubu 
vinte e oito mil índios meu passado 

 
                            
 
                                 
                                 
                                             
                                             
                                             
                                             
                                         
                                         
                                        