Macarena

 

 

Janeiro de 2011 eu estava em Sevilha, Espanha, com minha filha e meu genro. Belíssima cidade, povo hospitaleiro. Foi lá que descobri o Bétis, time de futebol verde e branco local, que passei a torcer.

 

Todos os dias, pela manhã, saíamos do hotel e íamos tomar café no bar em frente.  E sempre eu via dois senhores aposentados conversando com um terceiro o balconista que parecia o gerente ou algo assim. Eles falavam o tempo todo em Macarena. Com muita devoção.

 

Lembrei da música, dança, coreografia latinoamericana que até o ex-presidente Clinton ensaiou uns passos. Mas vi que não era isso, eles falavam com muita Fé.

 

Belo dia perguntei no meu portunhol: Macarena é uma santa? E um deles respondeu como se fosse um daqueles enigmáticos mestres Zen: “Macarena é tudo”.

 

Então, passeando pela cidade, encontramos a Basílica de Nossa Senhora La Macarena, então entendi os três devotos no bar matinal.

 

Também conhecida como Basílica de Santa Maria Macarena, um prédio lindo, local idem, vibrações ótimas. No Brasil ela é conhecida como Nossa Senhora da Esperança, é a Protetora/Padroeira dos Ciganos.

 

Dizem que no altar da primeira missa no Brasil, em 1500, uma imagem dela estava no altar. Pedro Álvares Cabral e comitiva reverenciavam a mesma.

 

Observo, de longa data: as Energias que emanam de Nossa Senhora, são muito parecidas com as Energias que o Senhor Buddha emana. Escrevo com todo o respeito aos que discordam. Mas, cada vez mais, identifico similaridades...

 

Falando nisso, já escrevi aqui sobre as minhas origens ciganas, do meu avô paterno, lá em Bezerros, PE.

 

Então lembrei que uma vez no Centro do Rio um grupo de ciganas com suas roupas características estavam na Rua Uruguaiana lendo as mãos e a sorte de alguns transeuntes.

 

Nisso duas vem na minha direção e pedem para ler as minhas mãos. Sorrindo, esclareço:

 

- Com uma condição.

 

- Qual ? -  perguntou a mais desinibida.

 

- Que eu também possa ler as mãos de vocês.

 

- Assim não vale. E você sabe ? Aprendeu aonde ?

 

- Com um monge budista. Às vezes eu acerto, às vezes mais ou menos.

 

- Deixa pra lá ... – e foram saindo.

 

Confesso que eu gostaria muito de ler as mãos das mesmas e descobrir os seus segredos. Por motivos éticos, claro, ficaria só entre eu e a respectiva.

 

É fascinante estudarmos estas “ciências” com o intuito de ajudarmos pessoas. Sem cobrar um tostão, foi essa a condição do monge budista que me ensinou. Se você cobrar vai perder a força, a intuição. Nossa linhagem não cobra nada.

 

É uma caridade, uma orientação, uma dica, um toque de amizade.

 

- Tu sabes ler palma? ! – questionou, certa feita, uma amiga gaúcha. Então tirou xérox das palmas das mãos e enviou pelo correio, no tempo que ainda não tinha e-mail.

 

Com o Budismo Chinês, aprendi mais tarde, que as linhas dos pés também “falam” ... mas este curso ainda fiz.