Os presidenciáveis e as políticas do livro
Os três principais candidatos à presidência expuseram seus pontos de vista sobre as políticas públicas do livro e leitura a pedido do jornal O Globo, a partir de questões formuladas por escritores e especialistas no assunto. Lei das Biografias, extensão da desoneração fiscal do digital, lei do preço fixo foram alguns dos temas. Para Carlo Carrenho, CEO do PublishNews, um dos perguntadores, Dilma foi quem mais demonstrou conhecimento e equilíbrio sobre a questão.
 
Veja, abaixo, a repercussão no PublishNews e um linkg para a íntegra das posições de Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves.
 
Governo
Sabatina com os presidenciáveis
 
PublishNews - 23/09/2014 - Leonardo Neto
 
O Globo pediu ao fundador do PublishNews que formulasse uma pergunta para os três candidatos à Presidência
 
O jornal carioca O Globo pediu a personalidades da área cultural que formulassem perguntas aos três principais candidatos à Presidência da República: Aécio Neves, Dilma Rousseff e Marina Silva. O fundador e CEO do PublishNews, Carlo Carrenho foi um dos consultados pelo jornal para a sabatina. Ele fez a seguinte pergunta: “O crescimento do comércio on-line tem sido cruel com as livrarias. Governos como o dos EUA valorizam o livre mercado e pouco fazem para proteger as livrarias. Mas a França exerce o preço fixo do livro e tem leis anti-Amazon. O seu governo tenderá para que postura?”.
 
 A candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), defendeu a ampla discussão acerca de temas como a lei do preço fixo. “Devemos buscar uma convivência equilibrada e saudável do setor, que contribua para o fortalecimento dos diferentes segmentos e democratize o acesso aos livros”, declarou a candidata. Para Carrenho, a candidata foi a quem mais demonstrou conhecimento e equilíbrio sobre a questão. “ Buscar um meio termo junto ao mercado aos dois modelos é uma solução viável e objetiva. O equilíbrio entre a saúde do setor e a acessibilidade aos livros também é um objetivo importante”, observou.
 
Já Marina Silva (PSB), elencou cinco diretrizes para o setor, incluindo o aprimoramento e políticas para a produção e circulação do livro, além da oferta de bolsas para criação literária e da redução do custo dos livros. A candidata também defendeu a discussão em torno da Lei do Preço Fixo e o incentivo às pequenas e médias livrarias, que podem ser impulsionadas a partir do uso do Vale-Cultura. Na avaliação de Carrenho, a candidata respondeu de forma pouco objetiva e muito genérica. “A seu favor, a candidata pretende retomar a questão do preço fixo”, comentou o fundador do PublishNews.
 
Aécio Neves (PSDB), na opinião de Carlo Carrenho, desviou-se um pouco do assunto. O tucano disse que aperfeiçoar a Lei do Livro, para atualização do seu conteúdo. E completou: “o meu governo vai lidar com questões importantes como as novas plataformas digitais, que não devem ser equiparadas ao livro”. Para Carrenho, não ficou claro o que o candidato quis dizer com “novas plataformas digitais que não devem ser equiparadas ao livro”. “Estaria ele falando de simples livros digitais ou de plataformas multimídia? A dubiedade causa preocupação para o mercado de e-books, pois duas coisas são fundamentais para seu crescimento: tanto a ampliação da Lei do Livro para incluir o formato digital, como a replicação da desoneração fiscal completa do livro físico no livro digital”, pontuou Carrenho.
 
Além do fundador do PublishNews, participaram da reportagem personalidades como o escritor Lira Neto, que perguntou sobre a Lei das Biografias, o acadêmico Marcos Villaça, que questionou sobre a interação entre povo e cultura e a produtora cultural, Myrian Dauelsberg, que levantou a questão do Vale-Cultura. Leia abaixo a íntegra das respostas de cada um dos candidatos:
 
Aécio Neves: Será iniciado um debate para aperfeiçoar a Lei do Livro de modo a atualizar seu conteúdo. A utilização do livro como fonte primordial de conhecimento será ampliada. E o meu governo vai lidar com questões importantes como as novas plataformas digitais, que não devem ser equiparadas ao livro. Também vou institucionalizar o Plano Nacional do Livro e Leitura para priorizar o livro como objetivo de desenvolvimento da sociedade.
 
Dilma Rousseff: “Defendo a livraria como espaço de difusão cultural, mas propostas como a lei do preço fixo devem ser mais discutidas. Devemos buscar uma convivência equilibrada e saudável do setor, que contribua para o fortalecimento dos diferentes segmentos e democratize o acesso aos livros. E essa não é uma questão exclusiva do Estado. Responde também ao próprio mercado. Devemos buscar um meio-termo entre os modelos que você aponta e construir uma solução rapidamente, porque a questão exige agilidade.”
 
Marina Silva: Para uma postura com a seguinte estratégia: a) Aprimorar políticas para a produção e circulação do livro e oferecer bolsas de criação literária; b) Reduzir o custo dos livros; c) Fomentar a prática leitora, fortalecendo o Proler e o Plano Nacional do Livro e Leitura; d) Apoiar as bibliotecas públicas; e) Fortalecer o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. Vamos retomar a discussão sobre o preço único do livro e o incentivo às pequenas e médias livrarias, que podem ser impulsionadas a partir do uso do vale-cultura.
 

Ele fez a seguinte pergunta: “O crescimento do comércio on-line tem sido cruel com as livrarias. Governos como o dos EUA valorizam o livre mercado e pouco fazem para proteger as livrarias. Mas a França exerce o preço fixo do livro e tem leis anti-Amazon. O seu governo tenderá para que postura?” 

Publicado originalmente em O Globo em 23.09.2014