ORAÇÃO DE RECEPÇÃO PROFERIDA POR DIEGO MENDES SOUSA NA ACADEMIA PARNAIBANA DE LETRAS (APAL)
Por Diego Mendes Sousa Em: 21/03/2023, às 17H05
(Reginaldo Santos Furtado e Diego Mendes Sousa)
Oração de recepção
proferida por Diego Mendes Sousa
Posse de Reginaldo Santos Furtado
Academia Parnaibana de Letras
Parnaíba – PI
18 de março de 2023
Excelentíssimo Senhor Presidente da Academia Parnaibana de Letras, jornalista José Luiz de Carvalho;
Excelentíssimo Senhor Secretário-Geral da Academia Parnaibana de Letras, jornalista Antônio Gallas Pimentel;
Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal da Parnaíba, Acadêmico Francisco de Assis de Moraes Souza, nesta cerimônia representado pelo Superintendente de Cultura, Arlindo Ferreira Gomes Neto;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Fecomércio no Piauí, Acadêmico Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, nesta cerimônia a representar a Academia Piauiense de Letras;
Excelentíssimo Senhor Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Piauí, Acadêmico Celso Barros Coelho Neto, nesta cerimônia representado pela Doutora Maria Fernanda Brito do Amaral, Conselheira Seccional da OAB/PI e ilustre Vice-Presidente da Academia Parnaibana de Direito (APD), Casa de Evandro Lins e Silva.
Excelentíssimo Senhor Marcus Vinicius Queiroz Nogueira, Diretor Financeiro da OAB/PI, neste ato representando o Conselho Estadual da OAB/PI;
Excelentíssimo Senhor Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção da Parnaíba, Acadêmico Rômulo Silva Santos, nesta cerimônia representado pela Presidente em exercício, Rayna Sampaio;
Excelentíssimo Senhor Doutor Reginaldo Santos Furtado, o novel Acadêmico, em nome de quem saúdo os seus familiares vindos de longe, em especial, a Advogada Flora Castelo Branco Correia Santos; o Auditor do Tribunal de Contas de Rondônia, Laércio Fernando Oliveira Santos; a Magistrada Andrea Furtado Perlmutter; o delegado de polícia civil, Henrique Furtado Perlmutter; e o turismólogo Francisco Severiano Castelo Branco de Moraes Correia, fiel escudeiro do quixote Reginaldo Santos Furtado. Minha saudação a Alberto Santos Furtado, o Albertinho, irmão do novel Acadêmico.
Demais autoridades civis e militares presentes.
Senhoras e Senhores,
Belas Damas e Nobres Cavalheiros,
Boa noite!
Em vinte e oito de julho de mil novecentos e oitenta e três, a Academia Parnaibana de Letras surgia nesta cidade da Parnaíba de Nossa Senhora Mãe da Divina Graça, fruto da proeza intelectual de cinco personalidades da nossa sociologia, reconhecidos como:
José Pinheiro de Carvalho (jornalista e político). Sendo o idealizador da Academia Parnaibana de Letras, José Pinheiro de Carvalho era o vice-prefeito da Parnaíba à época da fundação da mais nobre instituição de letras da cidade;
Maria da Penha Fonte e Silva (historiadora, professora e escritora exemplar, provavelmente o nome feminino parnaibano mais importante do Século XX, alcunhada de “A Divina Mestra”);
João Nonon de Moura Fontes Ibiapina (juiz de direito, jornalista, escritor, consagrado como romancista e contista);
Raimundo Fonseca Mendes (poeta, jornalista e radialista);
José de Anchieta Mendes de Oliveira (juiz de direito, jornalista e escritor) e Alcenor Candeira Filho (procurador federal, professor, poeta e crítico de literatura).
José de Anchieta Mendes de Oliveira e Alcenor Candeira Filho são testemunhas vivas desse dia histórico registrado na residência de José Pinheiro de Carvalho, conhecido também como “O Moço do Piauí”, cuja localização ficava na BR-343, sentido Parnaíba-Teresina, na localidade Baixa da Carnaúba.
Há quarenta anos nascia a Academia Parnaibana de Letras!
Não posso deixar de registrar que neste 2023, a Academia Parnaibana de Letras festeja os 250 anos do nascimento de Simplício Dias da Silva, os 140 anos do nascimento de Ademar Gonçalves Neves, os 140 anos do nascimento de Alarico José da Cunha, os 130 anos do nascimento de Benedito dos Santos Lima e os 110 anos do nascimento de Dom Paulo Hipólito de Sousa Libório, nomes que honraram a Parnaíba.
Ressalto que há 50 anos morreu Edson da Paz Cunha. Há 30 anos morreu Maria da Penha Fonte e Silva. Há 10 anos morreram Rubem da Páscoa Freitas e Francisco Iweltman Vasconcelos Mendes. Há um ano morreram Francisco de Assis Cajubá de Brito e Renato Araribóia de Britto Bacellar.
Neste ano de dois mil e vinte três, um quarto de tempo do Século XXI, o que nos assombra, pelo ruído do que se perde e não se sabe, de maneira alguma, como dimensionar o tamanho das ruínas provocadas pela velocidade do tempo, que é proustiano, sim, e desenfreado nessa busca do perdido, mas também absurdo, de certo modo abismático, em seu pavor mítico e secreto, como revelado nos romances de Albert Camus. Desconstrução da memória de quem viveu, à luz de uma existência gloriosa ou de declínios, à sombra do próprio abismo humano, peculiar à vivência.
Fico com Nietzche: quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.
Esta Academia Parnaibana de Letras recebe Reginaldo Santos Furtado, com a força emocionante do destino, como ocupante da Cadeira de número 40, cujo Patrono é o advogado, jurista, escritor, jornalista, imortal da Academia Brasileira de Letras e, sobretudo, parnaibano, o rememorável Ministro, e repito, o parnaibano, Evandro Cavalcanti Lins e Silva!
A Academia Parnaibana de Letras é constituída por quarenta cadeiras. Da mesma maneira, a Academia Brasileira de Letras, seguindo uma tradição parisiense datada do ano de 1635, oriunda da constituição da Academia Francesa.
Evandro Lins e Silva foi o quinto ocupante da Cadeira de número 01 da Academia Brasileira de Letras e, hoje, é o patrono da Cadeira de número 40 da Academia Parnaibana de Letras.
Acredito que essa confluência na vida de Reginaldo Santos Furtado não é somente o reconhecimento dos seus pares, mas também a condução de um poder maior, para que a justiça dos homens seja feita em celebração a tão importante nome, que solidificou a riqueza humanística do Século passado.
Reginaldo Santos Furtado está aqui para preencher o seu devido e merecido lugar na Casa de João Cândido!
Reginaldo Santos Furtado é um ás que termina um naipe geracional de juristas parnaibanos que vangloriaram uma época, a começar pelo próprio Evandro Lins e Silva; seguido por Francisco das Chagas Caldas Rodrigues (parnaibano e o primeiro ocupante da Cadeira 08 da Academia Parnaibana de Letras); Humberto Teles Machado de Sousa (parnaibano e o primeiro ocupante da Cadeira 28 da Academia Parnaibana de Letras); Francisco de Assis Cajubá de Britto (o terceiro ocupante da Cadeira 02 da Academia Parnaibana de Letras e parnaibano por título de cidadania), Francisco Cláudio de Almeida Santos (parnaibano e ministro do Superior Tribunal de Justiça), e claro, o encimado nesta noite de intensa claridade, o parnaibano Reginaldo Santos Furtado, o primeiro ocupante da Cadeira 40 da Academia Parnaibana de Letras!
No plano nacional, Reginaldo Santos Furtado ombreou com nomes geracionais como Caio Mário da Silva Pereira, Oscar Dias Correia, Corintho de Arruda Falcão (pai do jurista Joaquim Falcão, Imortal da Academia Brasileira de Letras), Raymundo Faoro, Heráclito Fontoura Sobral Pinto, Miguel Seabra Fagundes, Hermann Assis Baeta, Josaphat Marinho, Bernardo Cabral, Sérgio Bermudes, a título de exemplo, que sobrevivem no imaginário brasileiro como elevados juristas!
E aqui retomo a Albert Camus!
Meu caro Reginaldo, com tanto sol na minha alma, como fui apostar no absurdo?
Com tanto sol no rosto, como pude apostar no absurdo?
Senhoras e Senhores,
Belas Damas e Nobres Cavalheiros,
Há cem anos, era março de 1923, ecoava pelo Brasil o silêncio transmitido pela morte de Ruy Barbosa.
Nas palavras do romancista Afrânio Peixoto, Ruy Barbosa é assim descrito: “libertador de cativos, defensor de oprimidos, educador do povo, reformador da pátria, apóstolo de todas as causas liberais. O maior entre os seus, no seu tempo.”.
Sim, Ruy Barbosa, o maior entre os seus, no seu tempo!
Assim como Afrânio Peixoto, sou do pensamento de que uma sociedade sofisticada e evoluída deve preservar na memória afetiva a grandeza e gerir o aprimoramento intelectual dos seus mais caros, dos seus filhos mais legítimos, que são os reis da sua terra, por elevação de alguma característica incomum.
Reconhecer, aplaudir, sazonar as habilidades, como faz o povo dos Estados Unidos da América, deveria ser a máxima brasileira! Quando um certo alguém é identificado como peculiar, por talentos extraordinários, a esse alguém são ofertadas todas as condições para o afloramento das genialidades.
No Brasil, o processo é inverso, esse alguém é ocultado pelos mais diversos fatores, desde a inveja, passando pela maldade e pelo engano, à falta de oportunidades sociais, em um país totalmente dividido em classes. Um verdadeiro soterramento das potencialidades!
Sim, Reginaldo Santos Furtado, o maior entre os seus, no seu tempo, é exaltado!
Reginaldo é filho de Acrísio de Paiva Furtado (ex-prefeito da Parnaíba e ex-deputado estadual).
Acrísio de Paiva Furtado fez a vida como comerciante de relevo, com firma comercial nas imediações do Porto das Barcas, beira do rio Igaraçu, quando a exportação era a condutora da prosperidade PHB, em movimentação intercontinental com a Europa.
Como bem destacou a escritora Aldenora Mendes Moreira, a segunda ocupante da Cadeira 05 da Academia Parnaibana de Letras, em seu livro intitulado “Personalidades Atuantes da História de Parnaíba – Ontem e Hoje”:
Acrísio de Paiva Frutado era uma das reservas morais da terra parnaibana.
Sua mãe é Matilde Santos Furtado (pintora e pianista, mulher do lar, muito prendada na arte de cozer doces e bolos e nos trabalhos manuais).
Reginaldo Santos Furtado é irmão de Sofia, Magnólia, Naísa, Leonor, Elisabeth, Yolanda, Emiliano (falecido), Acrísio (conhecido como Acrisinho, também falecido) e Alberto (conhecido como Albertinho), prole dos seus ascendentes constituída por seis mulheres e quatro homens, sendo Reginaldo o mais velho dentre os homens de sua família.
Reginaldo Santos Furtado nasceu na Parnaíba, a 16 de dezembro de 1930, na casa de número 359, localizada na Rua Simplício Dias, na fronteira entre os bairros da Coroa e do Cantagalo.
Poucos anos depois, a família de Seu Acrísio de Paiva Furtado migraria para o belo casarão da Rua Pires Ferreira, número 566, no centro da Parnaíba, na última quadra que vai desembocar na Praça Santo Antônio.
Nesse mesmo quarteirão residiram o escritor Assis Brasil e o advogado Francisco de Assis Cajubá de Britto.
O quintal da infância de Reginaldo Santos Furtado era fronteiriço com o quintal da infância de Assis Brasil, que residia na Rua Francisco Correia, número 487, antiga Rua do Passeio.
Aos noventa e dois anos de idade, a rumar para os noventa e três de idade, aqui está Reginaldo Santos Furtado, em sua lucidez que enternece o diálogo, sendo amado e cuidado por sua amada Genise Mendes de Castro Veloso.
É bíblico, em provérbios que, toda mulher sábia edifica a sua casa... a mulher sábia edifica o lar...
Não à toa, o casal reside no edifício Vinicius de Moraes, na capital do Estado do Piauí, embalado pelo poema Eu sei que vou te amar.
À espera de viver ao lado teu / Por toda a minha vida.
Senhoras e Senhores,
Bela Damas e Nobres Cavalheiros,
Como muitos importantes meninos parnaibanos, a exemplo do escritor Francisco de Assis Almeida Brasil (criador do genial título Beira Rio Beira Vida), do jurista Humberto Teles Machado de Sousa, do dentista Luiz Pereira da Silva, do artista Carlos Guido Pereira da Silva, (ambos filhos de Juvenal Galeno da Silva), e do economista João Paulo dos Reis Velloso, Reginaldo Santos Furtado fez o seu curso primário no Ginásio São Luiz Gonzaga, sob a batuta experiente do professor José Rodrigues, dentre os anos de 1940 e 1944, período em que o mundo era abalado pelos horrores da Segunda Grande Guerra Mundial.
Reginaldo Santos Furtado foi amigo de infância de João Paulo dos Reis Velloso. Ambos corriam na Rua Grande em direção à Rua Santos Dumont, nas proximidades da estação ferroviária, para estudar no antigo prédio do Ginásio São Luiz Gonzaga.
Eu me procuro no ventre da vida
Nas águas insones, na minha cidade,
Eu me procuro na sorte parida,
Na floração do amor de verdade.
Eu me procuro no redemoinho,
No sol da manhã, na alvorada,
Eu me procuro no berço, no ninho,
Na boca da noite, na madrugada.
Eu me procuro no trem da história
Que parte de mim rumo ao além,
Eu me procuro nos vagões da memória,
Paisagens que são estações do bem.
Eu me procuro na casa invadida,
Nas recordações da minha infância,
Eu me procuro na alma escondida,
No medo, no espelho, na distância.
Eu me procuro no silêncio do grito,
No pesadelo, no sonho sonhado,
Eu me procuro esperança e conflito,
No tempo de Deus, perdido e achado.
(Poema “Eu me procuro”, de Diego Mendes Sousa)
De 1945 a 1947, Reginaldo conclui o curso ginasial no Ginásio Maranhense – Irmãos Maristas, em São Luís do Maranhão, na terra de Ferreira Gullar:
Eu devo ter ouvido aquela tarde
um avião passar sobre a cidade
aberta como a palma da mão
entre palmeiras
e mangues
vazando no mar o sangue de seus rios
as horas
do dia tropical
aquela tarde vazando seus esgotos seus mortos
seus jardins
eu devo ter ouvido
aquela tarde
em meu quarto?
na sala? no terraço
ao lado do quintal?
o avião passar sobre a cidade
(Poema “Uma fotografia aérea”, de Ferreira Gullar)
Em 1948, Reginaldo Santos Furtado migra para o Recife, torrão natal de Manuel Bandeira, onde cursa o científico no Colégio Nóbrega e no Ateneu Pernambucano.
Mas não houve dia em que não te sentisse dentro de mim:
Nos ossos, nos olhos, nos ouvidos, no sangue, na carne,
Recife.
Não como és hoje,
Mas como eras na minha infância,
Quando as crianças brincavam no meio da rua
(Não havia ainda automóveis)
E os adultos conversavam de cadeira nas calçadas
(Continuavas província,
Recife.)
(Poema “Recife”, de Manuel Bandeira)
Em 1951, Reginaldo Santos Furtado realiza o Curso de Preparação de Oficiais da Reserva.
Eras um Recife sem arranha-céus, sem comunistas,
Sem Arrais, e com arroz,
Muito arroz,
De água e sal,
Recife.
Um Recife ainda do tempo em que o meu avô materno
Alforriava espontaneamente
A moça preta Tomásia, sua escrava,
Que depois foi a nossa cozinheira
Até morrer,
Recife.
Ainda existirá a velha casa senhorial do Monteiro?
Meu sonho era acabar morando e morrendo
Na velha casa do Monteiro.
Já que não pode ser,
Quero, na hora da morte, estar lúcido
Para te mandar a ti o meu último pensamento,
Recife.
(Poema “Recife”, de Manuel Bandeira)
Reginaldo Santos Furtado bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, na turma de 1956, pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, na tradicional Faculdade de Direito do Recife, de onde foi presidente do Diretório Acadêmico, em 1955.
Ainda em Pernambuco, no litoral norte, na cidade de Paulista, no ano de 1959, Reginaldo Santos Furtado foi advogado da Companhia de Tecidos Paulista.
De volta ao Piauí, terral de Da Costa e Silva, já advogado experiente, foi secretário particular do Governador e poeta Chagas Rodrigues, entre 1959 e 1962.
Eu fui o mais feliz dos meninos do meu tempo:
gastava todas as moedas das imagens que fazia
(já tinha o dom divino de um criador de imagens)
a dar voltas e voltas nos cavalos de madeira,
que galopavam automaticamente, feito cavalos
[árabes...
Era arrogante e destemido que nem os vaqueiros da
[minha terra,
quando galgava o lombo de um desses pégasos sem asas, (...)
O carrossel parou no largo... mas não parou na vida...
Continua em meu sonho, rodando... rodando sempre...
E andando e desandando, num ritmo contraditório,
ainda me dá a alegria inevitável de dar voltas...
de girar, de rolar como os astros no espaço,
de elevar-me a um destino superior ao do planeta,
que em torno da sua órbita, como um símbolo, roda...
— Upa! upa! meu pensamento!
(Poema “O carrossel fantasma”, de Da Costa e Silva)
Durante a década de 60, do século passado, Reginaldo Santos Furtado inicia a sua vida profissional de maneira geométrica.
Em 1962, Reginaldo tornou-se Procurador do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Piauí, cargo transformado em Procurador do Estado.
Em 1964, exerceu o mandato de Deputado Estadual pela Assembleia Legislativa do Estado do Piauí.
De 1969 a 1971, Reginaldo foi professor de Direito Usual e Legislação Aplicada no Colégio Eurípedes de Aguiar, na capital, Teresina.
Paralelamente, no correr dos anos, tornou-se Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Piauí (OAB/PI), dentre os anos de 1979 e 1985.
Foi Conselheiro Federal da OAB, como representante do Piauí, em 1985 e 1986.
Em Brasília, no Distrito Federal, Reginaldo Santos Furtado foi Conselheiro Federal da OAB nos biênios sucessivos de 1987/1988, 1989/1990, 1990/1991, 1991/1992, repetindo-se tal feito, por sua brilhante atuação, no triênio 2007/2010.
Membro Vitalício do Conselho Seccional da OAB/PI, desde 1985.
Em 1984, o democrata Reginaldo Santos Furtado foi Coordenador do Comitê “Pró Diretas Já” no Estado do Piauí. Foi ainda candidato a Deputado Federal pelo PMDB, nas eleições de 1986.
Presidente do Diretório e da Comissão Executiva Municipal do PMDB de Teresina / PI, na gestão de 1988 a 1990.
Integrante do Comitê Suprapartidário de Apoio à Candidatura de Leonel Brizola à Presidência da República, em 1989, bem como Integrante do Comitê Suprapartidário de Apoio à Candidatura de Cristovam Buarque à Presidência da República, em Teresina/PI, em outubro de 2006.
Destaco ainda que Reginaldo Santos Furtado foi Delegado do PMDB Regional junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Piauí.
Integrante da Comissão que elaborou o anteprojeto da Reforma da Lei n. 4.215/63 – Estatuto da OAB.
Procurador Geral da Defensoria Pública do Piauí (1995 a 1997).
Assessor Especial do Governo do Estado do Piauí nos anos de 2000 a 2002.
Reginaldo Santos Furtado é detentor da Medalha Sobral Pinto, concedida pela Associação Brasileira dos Advogados.
Foi também distinguido com o Título de Cidadão Teresinense, outorgado pela Câmara Municipal de Teresina, bem como com a Medalha Conselheiro Saraiva, outorgada pela Prefeitura Municipal de Teresina.
Em 1997, o Governo do Estado do Piauí concedeu a Reginaldo Santos Furtado a Condecoração da Ordem do Mérito Renascença do Piauí no Grau de Comendador.
Além de agora integrar a Academia Parnaibana de Letras, para a qual foi aclamado merecidamente por seus membros, Reginaldo Santos Furtado é Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros, desde 1995, com sede no Rio de Janeiro, bem como membro fundador e efetivo da Academia Parnaibana de Direito (APD), Casa de Evandro Lins e Silva, onde ocupa a Cadeira 32, cujo Patrono é Humberto Teles Machado de Sousa, ilustre tribuno, seu contemporâneo e amigo.
Convém lembrar que a Academia Parnaibana de Direito (APD), Casa de Evandro Lins e Silva, tem como Presidente de Honra, em cargo vitalício, Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, fazendo jus pelo seu incansável trabalho de preservação do patrimônio histórico da Parnaíba e do seu valor inconteste enquanto jurista. A César o que é de César!
Senhoras e Senhores
Belas Damas e Nobres Cavalheiros,
O currículo de Reginaldo Santos Furtado é espantoso, ou seja, admirável!
Percebo que Reginaldo soube construir a sua carreira profissional com extrema competência e sensatez. Pautado pelo equilíbrio, pela rigidez do perfeccionismo. Minucioso, aprimorado, sempre atento aos detalhes.
São características de rigor, que espelham o melhor. Isso se reflete na qualidade das suas atividades e ações.
Como jurista de elevado valor, Reginaldo Santos Furtado é autor das publicações “A rebus sic stantibus em contrato rodoviário” (1964) e “Voto Distrital (Majoritário) – Negação da Cidadania” (1992).
Como escritor, é autor de uma obra máxima intitulada “Chagas Rodrigues e a Hidrelétrica da Boa Esperança” (2022), que veio a lume no ano das comemorações do centenário do nascimento de Chagas Rodrigues, importante líder político gestado na Parnaíba.
O livro é um marco editorial, pois é constituído de farta documentação, com originais e fotografias raras que recontam a trajetória política e pessoal de Chagas Rodrigues, como democrata e realizador de políticas públicas pioneiras no Estado do Piauí.
Nas palavras do próprio Reginaldo Santos Furtado:
“E, por ser testemunha, desde o início, através da imprensa de Parnaíba, da atuação de Chagas Rodrigues para a instalação da Boa Esperança, ainda como Deputado Federal na década de 50, e para resgatar esse fato de notável relevância para o Piauí e o Maranhão, decidi fazer um levantamento da documentação comprobatória dessa luta de um parlamentar obstinado e governador extraordinário que foi Francisco das Chagas Caldas Rodrigues (...)”.
Reginaldo Santos Furtado teve duplo privilégio, pois não só conviveu com Chagas Rodrigues, como também foi amigo pessoal de Evandro Lins e Silva, o seu Patrono na Academia Parnaibana de Letras!
Pela memória de Evandro Lins e Silva, Reginaldo Santos Furtado fez justiça.
Lutou pela preservação dos ensinamentos do autor de “O salão dos passos perdidos”.
Com a morte de Evandro Lins e Silva em dezembro de 2002, Reginaldo Santos Furtado preparou excelente artigo jornalístico intitulado “Evandro Lins e Silva – O Advogado do Século”, sendo veiculado no impresso “Folha do IAB – Órgão Oficial do Instituto dos Advogados Brasileiros, em janeiro de 2003.
Em 2006, Reginaldo Santos Furtado escreveu o ensaio “O Chanceler Evandro Lins e Silva”, onde expõe a atuação de Evandro Lins e Silva como Ministro das Relações Exteriores.
Em 2012, nas comemorações do Centenário do nascimento de Evandro Lins e Silva, Reginaldo Santos Furtado apresentou novo artigo jornalístico intitulado “O Centenário de Evandro Lins e Silva”, publicado em fevereiro de 2012 no jornal O Bembém, periódico parnaibano como os antigos suplementos literários, fundado por Benjamim Santos, Tarciso Prado e Diego Mendes Sousa, este orador que vos fala.
Em 2021, a pedido do atual Presidente da Academia Piauiense de Letras, o jornalista, escritor e editor, Zózimo Tavares, Reginaldo Santos Furtado preparou prefácio para a segunda edição em livro do discurso de Evandro Lins e Silva, intitulado “Ética, Justiça e Cidadania”, proferido nesta terra, a Parnaíba, quando Evandro Lins e Silva foi paraninfo da primeira turma do Curso de Direito da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), no ano de 2001.
Em 2003, o então governador Wellington Dias, através da Diretora do Programa de Desenvolvimento do Artesanato Piauiense - PRODART, Janiery Pereira Broder, convidou Reginaldo Santos Furtado para levantar recursos para a instalação de uma estátua de Evandro Lins e Silva na galeria de piauienses ilustres na área interna do Centro Cultural Mestre Dezinho, na praça Pedro II, em Teresina.
Para evitar demora, Reginaldo Santos Furtado e Janiery Broder convidaram o escultor Charles do Delta, que estruturou a obra em tamanho natural, com financiamento que, pessoalmente, do próprio bolso, Reginaldo Santos Furtado dividiu com o PRODART.
A escultura de Evandro Lins e Silva, confeccionada em fibra de vidro, foi inaugurada em 25 de novembro de 2003, com a presença do Engenheiro Cristino Lins e Silva, filho do homenageado.
Senhoras e Senhores,
Belas Damas e Nobres Cavalheiros,
Reginaldo Santos Furtado testemunhou o reencontro de Evandro Lins e Silva com os seus penates, com a descoberta da casa de nascimento do menino Evandro, do outro lado do rio, na Ilha Grande de Santa Isabel.
“Seduzido pelos encantos da Parnaíba, como disse há mais de trinta anos, a ela me senti integrado, como quem volta a seus penates. Nasci na Ilha Grande de Santa Isabel, e hoje, por uma inexplicável superstição, em longas lucubrações, o pensamento voltado para o infinito, para o desconhecido, vem-me a ideia de que devo a minha longevidade a misteriosas emanações das areias monazíticas desta cidade fascinante, tão cobiçadas no tempo da guerra, quando se falava nas suas propriedades como um dos componentes necessários para a fabricação da bomba atômica... Será?”
Em 1975, os parnaibanos Reginaldo Santos Furtado e Ocílio Lago Júnior, tiveram a iniciativa de indicar o nome de Evandro Lins e Silva para preencher a vaga de Conselheiro Federal da OAB, como representante do Piauí.
Escreveu Reginaldo Santos Furtado:
“Vale ressaltar que no dia 06 de maio de 1975, no momento da votação, na OAB Piauí, surpreendentemente o conselheiro V.J.R.N – ‘adepto’ da ditadura – vetou, ardorosamente, a indicação de Evandro Lins e Silva, sob a alegação de cassação pelo regime militar, e apresentou o nome de um desconhecido, Clóvis Ramalhete, que alguns anos depois foi nomeado ministro do STF pela ditadura militar. Retruquei alegando não ser possível comparar um ilustre criminalista e conhecido ex-ministro, que era piauiense, com um desconhecido ‘Buquê de Flores’. Acho que com esse gracejo pleonástico elegemos Evandro Lins, embora com ínfima maioria nessa primeira vez, pois as reconduções sempre foram unânimes.”.
Senhoras e Senhores,
Belas Damas e Nobres Cavalheiros,
Reginaldo Santos Furtado, enquanto Presidente da OAB/PI, teve imprescindível atuação, inclusive, em sua gestão houve a inauguração da sede própria da instituição, em 11 de janeiro de 1985.
Reginaldo Santos Furtado conseguiu recursos financeiros para o início das obras ainda em setembro de 1978, antes de se tornar Presidente da OAB/PI em 1979.
A importância monetária para a construção da sede própria foi levantada, a fundo perdido, por Reginaldo Santos Furtado através de pedidos feitos ao seu colega de curso primário na Parnaíba, Ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Velloso.
Também na gestão de Reginaldo Santos Furtado, entre 1979 e 1985, foi criada a Caixa de Assistência dos Advogados do Piauí – CAAPI e a Pinacoteca, infelizmente desativada em 2011.
Um detalhe importantíssimo: a criação e a instalação da primeira subseção da OAB-PI, não por acaso, inaugurada a primo canto na Parnaíba, foi fruto das lutas empreendidas por Reginaldo Santos Furtado. Recentemente, Celso Barros Coelho Neto, atual presidente da OAB/PI, afirmou que apresentará um projeto para que este prédio da Subseção da OAB/PI na Parnaíba, onde hoje acontece esta solenidade de posse, consagre o nome de Reginaldo Santos Furtado como denominação oficial desta sede.
Senhoras e Senhores,
Belas Damas e Nobres Cavalheiros,
A obra “Tao Te Ching – O livro que revela Deus”, do filósofo da antiga China, Lao-Tsé, traz um poema intitulado Síntese das Antíteses, Poema 2, que simplesmente diz assim:
Só temos consciência do belo
Quando conhecemos o feio.
Só temos consciência do bom
Quando conhecemos o mau.
Porquanto o Ser e o Existir
Se engendram mutuamente.
O fácil e o difícil se completam.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo.
O som e o silêncio formam a harmonia.
O passado e o futuro geram o tempo.
Eis por que o sábio age
Pelo não agir.
E ensina sem falar.
Aceita tudo que lhe acontece.
Produz tudo e não fica com nada.
O sábio tudo realiza – e nada considera seu.
Tudo faz – e não se apega à sua obra.
Não se prende aos frutos da sua atividade.
Termina a sua obra
E está sempre no princípio.
E por isso a sua obra prospera.
Seja muito bem-vindo à Academia Parnaibana de Letras, o sodalício da sabedoria, da memória, da história e da prosperidade, que se alimenta do passado para frutificar o futuro, que neste momento se exalta e se enaltece com o recebimento do seu filho ilustre, o rútilo líder da advocacia, defensor dos direitos humanos, estudioso das relações internacionais, jurista, professor, político, conferencista, articulista e escritor, advogado de letras, que atende pelo nome de Reginaldo Santos Furtado!
O sábio tudo realiza – e nada considera seu.
Tudo faz – e não se apega à sua obra.
Não se prende aos frutos da sua atividade.
Termina a sua obra
E está sempre no princípio.
E por isso a sua obra prospera.
Muito obrigado!
Discurso de Diego Mendes Sousa.