Escritor Virgílio Queiroz e historiador Odilon Nunes
Escritor Virgílio Queiroz e historiador Odilon Nunes

[Virgílio Queiroz]

Conheci Odilon Nunes quando me interessava por História Oral. Visitei-o em Teresina. Ele morava nas redondezas do 25º BC, perto da rede ferroviária, numa casa simples, mas bem aconchegante. Acompanhava-o o seu dileto sobrinho Francisco Nunes Neto (Chico Neto), a quem ele denotava toda atenção possível. Chico, também, lhe era atencioso e recebia a todos com bastante cordialidade.

Fui à casa do nobre mestre guiado pela inspiração intelectual de José Elias Martins de Arêa Leão. Estávamos com um grupo de pesquisa, um laboratório de entrevistas que retratavam figuras de expressiva importância para a vida política, social e cultural do nosso Estado. Antes, havíamos conversado com o governador Pedro Freitas, o centenário homem público piauiense.

Odilon Nunes, possuidor de uma educação notável, cerimonioso, respeitador, nos recebeu com um sorriso aberto e, mais contente ficou, quando soube que eu era amarantino e a família da qual eu pertencia. Foi o início de uma rápida, mas forte amizade. Meses depois fui agraciado pela oportunidade de assistir a uma palestra do emérito professor na Universidade Federal do Piauí. Na ocasião ele foi aplaudido de pé pela plateia. Fiz questão de abraçá-lo e ele, de forma cortês, disse: “Virgílio, você veio!”.

Passaram-se os dias e, novamente, tive o prazer de caminhar lado a lado com o “Pai da História do Piauí”, desta feita pelas ruas estreitas da nossa amada Amarante. Fizemos um bom percurso, parando em determinados pontos. Ele era comedido até na hora de falar. Parece que contava as palavras antes de dizê-las. Estivemos nos casarões, e ele fez questão de saudar algumas pessoas mais próximas do seu conhecimento. Como foi o caso de Dona Vicença Lira, onde paramos por alguns minutos para uma agradável conversa.

Fiz, às escondidas, uma gravação com o professor Odilon Nunes, mas a danifiquei, pois o mestre me disse que não gostava que gravassem a sua fala. Não muito tempo depois, faleceu Odilon. Para mim uma das mais expressivas figuras da educação brasileira. Não apenas um teórico, mas um educador que pôs em prática um projeto educacional, na época, bastante revolucionário, ousado, digno de um abnegado homem de visão pública. Formei-me em Licenciatura Plena em História incentivado pelo belo exemplo deste ilustre amarantino.