O RIO PRECISA DE SÃO SEBASTIÃO
Por Cunha e Silva Filho Em: 20/01/2023, às 12H59
O RIO PRECISA DE SÃO SEBASTIÃO
Gostaria agora de ser um poeta lírico do alto porte de Manuel Bandeira (1886-1968), sobretudo no que diz respeito ao livro Estrela da tarde (1960) no qual há um magnífico poema sobre o Rio de Janeiro, em que, mais uma vez, o poeta fala do tema do “Ubi sunt”. Já nesse poema faz críticas às condições em que ficou, na época dele, imagine, a cidade dita “Maravilhosa e é nesse poema de "louvação" do Rio de Janeiro que cita o Padroeiro São Sebastião em versos plangentes de saudades composto de quatro estrofes, cada qual de uma oitava, louvação essa dos bons tempos de sua chegada à cidade de São Sebastião.Veja-se a primeira estrofe:
RIO DE JANEIRO
Louvo o Padre, louvo o Filho
E louvo o Espírito Santo.
Louvado Deus, louvo o santo
De quem este Rio é filho.
___ Bravo São Sebastião ___
Que num dia de janeiro
Lhe deu santa defensão.
Aliás, hoje, é o dia de comemorar São Sebastião, defensor da cidade carioca. Hoje a cidade é quase uma mortalha de males e de violência desmedida. Nunca se pensou que chegaríamos a uma situação destas, de esvaziamento da cidade, de decadência visível, de lojas luxuosas fechadas, de livrarias fechadas, de grandes sebos fechados, de uma Rua da Carioca praticamente morta e esquecida, tornando-se uma rua-fantasma tão distante daquela que conheci ao chegar ao Rio nos anos sessenta, onde a alegria dava o tom de festa, de vida feérica, de lojas abertas de afluência de gente indo ou vindo por ela passando. Na Avenida Rio Branco, com o seu ar cosmopolita, tudo era diferente, muita gente para lá e pra cá, gente bem vestida, ouviam-se sotaques diferentes em línguas estrangerias, num vívido lojas elegantes, bancos particulares, bancos estrangeiros, naquela forma de rat races das grandes metrópoles. O Jornal do Brasil ainda em pleno vapor sob o controle da Condessa Pereira Carneiro.
A famosa e antigamente sofisticada Rua do Ouvidor também sofreu daquele antigo encanto desde os tempos da crônicas de Machado de Assis (1839-1908). Todavia, veio Bolsonaro com seus desmandos e tropelias trágicas, veio a maldita pandemia, veio a violência no centro da cidade, vieram, finalmente, outros fatores diluidores do bem-estar da cidade, como a ausência enérgica de alcaides que amassem uma cidade que tem em sua paisagem altaneira - o Cristo Redentor no Corcovado, abraçando todos os que aqui residem ou aqui venham conhecer as belas e naturais praias cariocas e os recantos deslumbrantes de acolhedores paisagens líricas, como o Aterro do Flamengo, o bairro da Lagoa ainda que prejudicado pela poluição vexatória com toneladas de peixes mortos pelo descuido de um saneamento e limpeza dessa bela Lagoa, a vista maravilhosa olhando-se do bairro de Botafogo para a beleza da Urca, do Pão de Açúcar e de outros recantos que deixam os turistas de fascinados. O encantamento que é passar pela Floresta da Tijuca e poder respirar, a plenos pulmões, a brisa e o cheiro da floresta encantada.
O curioso é que, embora sofra atualmente de tantos males e desmandos de prefeitos incompetentes como (com exceção de alguns poucos que tivemos como, no passado Pereira Passos (), César Maia e no presente, apesar de alguns erros cometidos, Eduardo Paiva (agora, em segundo mandato), foi um tal de Crivella, um prefeito que só trouxe males e maldades ao Rio de Janeiro e deixou até atrasado o pagamento do funcionalismo municipal. Político como ele, péssimo administrador nem merece mais ser candidatos a qualquer mandato. Que volte pra sua igreja como pastor.
O Rio permanece contraditoriamente um recanto ainda paradisíaco a turistas de todo o mundo. O turistas no entatom só conhece do Rio aquilo que interessa aos poder econômico. O turista vê a aparência, não a essência. O turista é uma metonímia às avessas, um traído pela realidade pétrea de uma metrópole. Seu interessem o do turista, o do estrangeiro, e mesmo o o político de países civilizados tem um visão distorcida da dureza e das misérias de uma sociedade filtradas por lentes ideológicas distorcidas e adrede planejada. Sua visão tem cunho hedonístico, é uma satisfação individualista. Ele pode ser um flâneur, mas um flâneur teleguiado pela ordem econômica e pela visão incompleta e perversa que não aparece na sua integridade profunda e por vezes desumana, sobretudo à luz enganosa da publicidade pautada pelos interesses do homo economicus Desconhece as misérias, das favelas, o lado podre do Rio, as balas perdidas, as injustiça sociais, os preconceitos ainda bem fortes em alguns indivíduos, o que é sumamente lamentável.
Neste ano, fala-se na imprensa que os hotéis cariocas estão praticamente lotados para visitantes vários e de toda a parte, nacionais e estrangeiros, certamente aguardando o carnaval que já se aproxima.
Só peço a Sebastião que proteja toda essa gente e sobretudo os oprimidos e sofredores que aqui residem e que tão bem conhecem os múltiplos problemas vividos pela cidade.
Tempos atrás, quiseram mudar a data do dia de São Sebastião, mas isso não foi bom para a cidade que então, sofreu violentas chuvas que fizeram desmoronamentos até de prédios bem construídos, torando o cenário trágico para a data de comemoração do seu Padroeiro.
Por conseguinte, a cidade, mais do que nunca, necessita da proteção do seu Padroeiro e que ele seja mesmo “louvado” como no citado poema de Bandeira. Só auguro que a cidade dos cariocas e dos que aqui a consideram como nascidos de coração ainda recupere a sua grandiosidade, vitalidade, progresso e bem-estar aos seus habitantes podendo, pois, dispor de um transporte de massa mais humano, de uma cotidano seguro sem o pavor dos assaltos e de outras misérias que ainda precisam ser solucionadas com urgência, sobretudo a violência. Viva , apesar das contradições a Cidade Maravilhosa e Viva seu Padroeiro São Sebastião, seu protetor.