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 MARINA SILVA DÁ ENTREVISTA AO JORNAL O GLOBO

Miguel Carqueija

 

Hoje saiu extensa entrevista no jornal “O Globo” com a candidata presidencial e ex-senadora Marina Silva. Como sempre brilhante, embora se deva lamentar que, mesmo gastando duas páginas, o jornal desperdiçou espaço e desvirtuou a entrevista. De fato, em lugar de colocar as perguntas dos sabatnadores seguidas das respostas da entrevistada, o jornal (e sabemos como “O Globo” é um jornal repulsivo) incluiu opinões e palpites editoriais, a meu ver um absurdo. De fato, a “análise” de Pedro Dias Leite (seja ele quem for) não deveria estar ali, ocupando enorme espaço.

Marina, com seu equilíbrio, franqueza e objetividade, responde a essa asneira de que ela seria uma candidatura “frágil”:

“Eu tive cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose. Ajudei a criar sete irmãos no meio d euma floresta com meu pai. Isso é ser uma pessoa frágil? A fragilidade maior que o brasileiro precisa combater hoje é a do caráter.”

Sobre a pergunta (e aqui mais uma vez se percebe que a entrevista está truncada) se considera Lula corrupto, ela responde “Sim”. E acrescenta:

“A diferença entre mim e as demais pessoas é que entendo que, numa democracia, não se pode ficar tripudiando do preso. Conheço o Haddad, mas agora ele vai de ter vir para a disputa política, inclusive em relação aos votos do Nordeste. Ele terá de explicar à sociedade o que aconteceu no Brasil, que era o país do pleno emprego e agora tem 13 milhões de desempregados”. Não cito o resto do parágrafo porque falta evidentemente alguma palavra, ou palavras, dá para notar a ausência (serão os redatores de “O Globo” tão amadores?).

Sobre Bolsonaro ela também foi taxativa:

“Eu fiquei estarrecida ao ver o candidato, depois de ter passado uma situação dram´[atica e quase perder a sua vida, fazendo um gesto de tiro dentro de uma UTI.” (...) “A proposta do Bolsonaro não foi desmoralizada por um discurso, foi desmoralizada por um ato.”

Quanto à proposta (a meu ver destrambelhada) do Ciro Gomes, de resolver o problema das dívidas no cartão de crédito (seria preciso atacar isso por dentro, quebrando o poderio dos banqueiros, pois o sistema financeiro tornou-se um dos poderes da República), ela afirmou:

“Cada candidato apresenta suas propostas, eu tenho que zelar pelas minhas. Não vou fazer nenhum tipo de promessa para depois os outros pagarem. Quero fazer compromissos que vou poder atender.”

Boa! O Ciro Gomes deve se julgar a reencarnação de Papai Noel.

Lembrando ainda que o SUS tem 50% dos leitos ociosos (um absurdo) ela explicou sobre a questão do aborto (como se sabe a grande mídia, “O Globo” inclusive, apoia a cultura da morte) não é atribuição da Presidência da República e ainda:

“O que eu defendo é que, se for para ir além, os 500 deputados não podem substituir os 200 milhões de brasileiros num debate complexo como esse.”

Marina sabe, e todas as pesquisas afirmam, que o povo brasileiro em sua grande maioria é pró-vida, é contrário ao aborto, e isso tem de ser respeitado pelos políticos.

Isso é apenas um resumo, pois há outras coisas na entrevista.

Sobre Jair Bolsonaro, atacado a faca por um insano, a impressão que eu tenho (e que estão de certa forma colocando por baixo do tapete) é que ele talvez (a possibilidade é grande) não tenha mais condições de exercer o governo. Seu estado de saúde continua grave e em dois ou três meses, conforme o noticiário, ele deverá se submeter a nova e extensa operação para retirar a bolsa e reiniciar as funções dos intestinos. Ora, a posse está batendo as portas, é no Ano Novo de 2019. Mais uma vez irá tomar posse o vice? É lamentável o que aconteceu e espero que o agressor fique na cadeia por bem mais de uma década (o crime foi perverso), mas me parece que isso pode ter tirado de Bolsonaro a condição física de se tornar presidente. Não afirmo, mas enxergo a possibilidade.

 

Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2018.

 

imagem da internet