[Flávio Bittencourt]

Lord Byron (1788 - 1824)

Castro Alves transcriou o seu famoso poema de 1808.

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://ecoguarito.wordpress.com/2012/06/07/gorilas-y-hombres-antepasado-comun/)

 

 

 

 

 

 

 

 

'QUEM DOA ÓRGÃOS PODE DIZER QUE

PELO MENOS O SEU CADÁVER SERVIRÁ

PARA ALGUMA COISA E QUE TERÁ SIDO ÚTIL

ATÉ DEPOIS DE MORTO!"

 

(C R...)

 

 

 

 

 

 

 

"A uma taça feita de um crânio humano (1808)

 

De lorde Byron
Tradução de Castro Alves


Não recues! De mim não foi-se o espírito...
Em mim verás - pobre caveira fria -
Único crânio que, ao invés dos vivos,
Só derrama alegria.

Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! empina-me!... que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais val guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
-Taça - levar dos Deuses a bebida,
Que o pasto do reptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,
Vá nos outros o espírito acender.
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro
... Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Pode do abraço te livrar da terra,
E ébria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida
Tanto mal, tanta dor ai repousa?
É bom fugindo à podridão do lodo
Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!...