Justa denominação
Em: 10/08/2019, às 21H36
[Carlos Rubem Reis]
De posse do livro “Como escrever cartas de amor”, que encontrou entre os pertences do seu irmão Joaquim, minutou uma correspondência a sua musa. Bolou um plano de entrega tal missiva. Depois de muita inquietação, refluiu. Poderia essa sua investida chegar ao conhecimento do seu pai. E, com certeza, iria levar uma pisa do vovô Natu.
Tempos depois, pesquisando a relação de consulentes da Biblioteca Municipal de Oeiras, criada no dia 10.11.40, pelo prefeito Coronel Orlando Carvalho (a data foi alusiva à instituição do Estado Novo), encontrei uma anotação segundo a qual aludida obra foi tomada por empréstimo pelo tio Joaquim Reis.
O relato acima me veio à tona em face do batismo da dita casa de cultura, agora denominada Biblioteca Municipal Escritor José Expedito Rêgo (1928 - 2000).
Ontem à noite (01.08.2019) participei da solidariedade em homenagem - oportuna e merecida - à memória do citado escriba. Este equipamento público está adequadamente instalado no prédio em que abrigou a antiga sede do Fórum Desembargador Cândido Martins.
Aliás, continua a campanha “Doe livro” encetada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. “Oh! Bendito o que semeia /
Livros à mão cheia / E manda o povo pensar! /
O livro, caindo n'alma / É germe – que faz a palma, / É chuva – que faz o mar!” (Castro Alves ALVES, C., Espumas Flutuantes, 1870.)
Após as falas de praxe e visitação das novas instalações daquele espaço, houve uma palestra ministrada pela Professora Elimar Barros acerca de “Malhadinha”, segundo romance do citado autor, de 1990, que clama pela sua reedição.
O homenageado era meu padrinho de crisma. Mantínhamos estreita ligação sentimental. Próximo à sua morte, em sinal de confiança, me doou muitos dos seus escritos originais, inclusive os manuscritos da novela “Boaventura”, transformada no romance “Vidas em Contraste” (1992), que tem como pano de fundo o famoso “Crime da Canavieira” (1957), verdadeira tragédia grega.
Desde criança, frequentei a nossa Biblioteca Municipal. Dentre tantos obras por mim lidas por lá, uma me foi muito impactante: “Vila dos Confins”, de Mário Palmério, publicada em 1956. “O romance é um retrato do processo eleitoral no Brasil no século XX, com compra e aliciamento de votos, coação e fraudes de todo o tipo”.
Infelizmente, esta triste realidade continua... Muito embora já tenha havido a cassação de mandato de muitos corruptos!
Na Fotografia, à direita, o autor Carlos Rubem, durante a inauguração da Biblioteca Municipal José Expedito Rêgo, na primeira capital do Piauí, Oeiras.