Só deve acontecer isso em locais onde as autoridades constituídas e as instituições públicas não se fazem respeitar, dado o modo irresponsável, permissivo e corrupto como se portam, induzindo indivíduos, bandidos por excelência, a pensarem que podem agir, impunemente: um punhado de criminosos, ditos representantes de um grupo de trabalhadores sem-terra, invadir, violar e depredar a Câmara Federal, ferindo e trucidando inocentes numa empreitada criminosa travestida de movimento político reivindicatório de direitos dos quais se julgam terem sido preteridos pelo Estado.
 Possivelmente, somente em plagas como esta, representantes da Justiça tomem decisão com intenções jocosas, sarcásticas, satirizando e tripudiando daqueles aos quais os efeitos dela alcançariam; não fosse isso fato, ato contínuo, não a anulariam, alegando ter havido equívoco generalizado por parte dos magistrados que a proferiram. Que é isso? Inaceitável. Os protagonistas da ação foram ministros de um Tribunal Superior, não maria-vai-com-as-outras.
 Não deve advir de um idiota manifesta demonstração de racionalidade como esta: “não foram as raças que inventaram o racismo no Brasil, mas este que as inventou”. Parece tal premissa uma regra irrefragável, uma verdade sucinta e irrefutável. É sabido por tantos quantos estudaram um pouco da historiografia nacional que todos descendemos do branco português, holandês, francês; do silvícola aqui encontrado e do negro africano; logo, a raça brasileira é uma raça mestiça, uma miscelânea desse arranjo e permutação de povos e, obviamente, as diversas tonalidades de pele e de pelos, diferentes, compleições, arquiteturas e aspectos físico-corporais, não podem ser consideradas diferenças antropológicas.
 O mulato, oriundo do branco com o negro; o caboclo, do índio com o branco; o cafuzo, do índio com o negro; o mameluco e o pardo, que já resultam de misturas daquelas misturas, são as diversas nuanças da raça nacional. Passados quinhentos anos da descoberta do Brasil, talvez não exista uma só família brasileira que não tenha um membro ou descendente com características de uma ou outra mistura.
 O brasileiro que segrega seu semelhante apenas porque ele tem a pele mais escura que a sua, ou porque seu cabelo é mais liso e claro que o do outro, ou em virtude de seus olhos azuis diferirem dos castanhos daquele, esquecendo-se de que todos temos atributos inerentes às raças que nos colonizaram ou participaram de nossa formação genealógica e, possivelmente, por que alguns não sendo recessivos, somente tenham influenciado na delineação do caráter e da personalidade, portanto, não estampados fisicamente, provavelmente, nem seja preconceituoso – será que, de fato, faz um exame crítico dos motivos que o levam a excluir quem com ele não se parece? – talvez, sim, um perfeito idiota.
 Seria ou não manifestação de pura idiotia um indivíduo brasileiro, criatura das mais estranhas que a espécie humana produziu, antipático por excelência, num devaneio psicológico, derramar a seguinte frase: “se pudesse escolher (?), moraria em Paris, Nova York ou Londres, porque não tenho  nenhuma identificação com o Brasil, já que não gosto de futebol, não como feijoada, não tomo cerveja nacional e odeio copa do mundo?”
Não sei o que pensam os senhores, mas, quanto a mim, num daqueles locais ou, quem sabe, para além da Cochinchina, seria o lugar em que gostaria de que estivesse . As opiniões que emitiu, logicamente, são dele (quem quiser que as siga), mas suas idiossincrasias estas são próprias de qualquer espírito falaz, traumatizado ou preconceituoso.
     Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal