HOJE É DIA DE SÃO  SEBASTIÃO ,  PADROEIRO  DO RIO DE JANEIRO (Texto aumentado,  modificado  refundido)  

            CUNNHA E SILVA FILHO
(Da   Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL)

     Gostaria  agora de ser  um  poeta  lírico do  alto  porte  de Manuel Bandeira (1886-1968), inclusive  no   Estrela da tarde(1960) há um  magnífico    poema sobre o Rio de Janeiro, no qual o poeta  do “Ubi sunt”, já faz críticas à condições  em que ficou, na época dele, imagine,  a cidade dita “Maravilhosa  e é nesse  poema  de  louvação  do Rio de Janeiro  que  cita  o Padroeiro  São Sebastião em versos  plangentes  de saudades  composto de quatro estrofes,   cada qual de uma  oitava, louvação  dos bons tempos de sua   chegada  à cidade de São  Sebastião. Veja-se a primeira estrofe:
 RIO DE JANEIRO

Louvo o Padre, louvo o Filho
E louvo o Espírito Santo.
Louvado Deus,  louvo o santo
De quem este Rio é filho.
___ Bravo  São   Sebastião ___
Que num dia de janeiro
Lhe deu santa defensão.
 
          Aliás,  hoje,  é o dia de comemorar   São Sebastião,   defensor  da  cidade  carioca, seu  Padroeiro. Após a pandemia e as consequência   de econômicas   por  passou   nesse perigo  trágico,   hoje a cidade é quase   uma  mortalha   de males  e de violência  desmedida. Nunca se  pensou  que chegaríamos  a uma situação destas,  de esvaziamento  da cidade, de decadência visível,   de  lojas luxuosas fechadas, de livrarias fechadas, de grandes sebos  fechados, de uma Rua  da Carioca   praticamente    morta   e  esquecida, tornando-se  uma  rua-fantasma tão distante daquela    que conheci  ao chegar ao  Rio  nos  anos   sessenta, onde a alegria  dava o tom de festa, de vida  feérica, de lojas  abertas     de afluência  de gente  indo  ou  vindo  por ela passando. 
     Na Avenida Rio  Branco, com o seu ar   cosmopolita,    tudo era  diferente,  muita gente  para lá e pra cá, gente  bem  vestida,    ouviam-se   sotaques diferentes  em  línguas   estrangeiras,      vívida, cheia de ânimo,  lojas elegantes,    bancos    particulares,  bancos estrangeiro.
        A agitação  e dinamismo  naquela  forma de rat race, principalmente nas horas de rush das grandes metrópole com seus habitantes   indo e vindo  pela  bela Avenida  Todavia, veio  Bolsonaro com seus desmandos  e  tropelias  trágicas. Rio Branco faziam  parte  integral  e   inconfundível   de uma  Avenida    dinâmica   e apinhada de gente. Não  há metrópole   bonita  sem a agitação   o  borburinhho  de gente  de todo tipo e de  estratos sociais  diversos.   
O  Jornal   do Brasil  ainda  em  pleno  vapor sob o controle da Condessa Pereira  Carneiro. A graça  de ver a velha cidade  com  as suas lojas  de portas  abertas,   suas  boas  livrarias,   inclusive com os seus  bons  e velhos sebos, constituíam  um deleite  a quem visitasse  o Centro da  cidade. 
      A Rua da Carioca   virou  um  local   quase  a  lembrar  uma  rua-fantasma, segundo  declarei acima,  com  as suas  lojas  com portas  cerradas. A Praça Tiradentes  é hoje um  lugar   que também  perdeu a graça  e a beleza   de  outrora, ainda que mantenha o seu   Monumento, que é a estátua   equestre de D. Pedro  I.  De resto,  em séculos passados do  Primeiro  Império,   passados  aquele entorno    da Praça Tiradentes   era muito arborizado e muito mais   belo.  O certo  é que o  Rio  atual  envelheceu  mas  não  pautando   pelos cuidados   dos alcaides, não esquecendo que tivemos  o  pior talvez  desde Pereira Passos,  o  prefeito das grandes  modificações  da cidade  do Rio de Janeiro  que a tornou   uma  bela cidade  com  traços  europeus  no que de bom  temos de europeu.  
Ou seja,    cenário vivo de  novas   construções,    aberturas da Avenida Central,  centro  nervoso e econômico   da Cidade Maravilhosa,  hoje,   Avenida Brasil.  Cuidar do  envelhecimento  da  grande  urbe  carioca é  um must de qualquer   bom  prefeito.    O reverso  disso,  ou seja,   o desprezo  pelo Centro demonstrado  pelo Crivela  e outros alcaides medíocres    é o   que se vê a  olhos vistos.
Os dias de hoje é o que se pode  chama de decadência,   de declínio, de perda  da aura   de um  passado   que deveria ser  bem  cuidado em termos de   reforma de antigos prédios  que estão  caindo aos pedaços. Desejo   assinalar   que  não  é  por  culpa do  atual  prefeito  Eduardo Paes,  sobre o qual adiante  farei  referência  até elogiosas.  
A cidade é como  o ser  humano precisa  de  cuidados, de reparos  a fim de  não se  deteriorar. O que ficou  do Teatro  Carlos Gomes?  O que ficou da antiga vivacidade   dos  lugares    procurados    em volta   da  Praça  Tiradentes? Felizmente,   ainda  está  de  pé o Real  Gabinete de Leitura, como estão   ainda  firmes   o Teatro Municipal,  a Biblioteca Nacional,   a Escola de Belas Artes,  com a sua arquitetura   neomanuelina,  no qual    Machado de Assis   deixou a sua marca de  leitor  cativo.
       A famosa e antigamente sofisticada Rua do Ouvidor, conhecida literária e historicamente,  no século XIX, e início do  século XX, incluindo aí  a Belle époque, também sofreu  efeitos   desastrosos   daquele   antigo encanto desde os tempos da crônicas de Machado de Assis (1839-1908) ou do conhecido  livro  de Joaquim de Macedo Soares (1820-1882)) Memórias da Rua do Ouvidor(1878).   Ficou feia essa outrora  sofisticada  rua  carioca. Ficou  destituída   da beleza,  do perfume  e das mulheres bem    elegantes de chapéus e seus gentlemen,ou dandies  encasados   envergando suas sticks mimetizando  a moda  estrangeira, notadamente a  europeia, em  conversas  ao pé do ouvido, ou apreciando a belas  mulheres  que passavam   do outro lado  da  calçada da estreita rua   e vestidas  à moda europeia da  época. 
Ficou, mps dis que  atravessamos,   desajeitada, pobre em todos os sentidos,  virou  uma rua comum,   anônima  e sem  o requinte dos  tempos idos e vividos.  Sem  a presença de lojas    elegantes,  sem  nenhum  atrativo para quem  por ela passa  tal como havia  nos tempos  de Machado de Assis(1839-1908).   
Veio,nos tempos  bicudos de hoje  devastadoramente,  a violência no Centro da cidade. A alegria e a beleza,  o deslumbramento ou o “alumbramento bandeiriano” se esboroaram  em grande parte.   
         Com esse declínio, veio, em sentido amplo e panorâmico,  certo cansaço de  olhar,   com entusiasmo,   para a velha e amada  Cidade Maravilhosa a  partir da   ótica  do Centro da cidade.  
       Vieram,  finalmente,  outros fatores   diluidores  do bem-estar  da cidade, como a     ausência   enérgica de alcaides que amassem   uma cidade ) sendo  o pior exemplo  o chamado incompetente  bispo -  vejam  só! -  eleito   pelo  carioca. Me refiro ao prefeito Crivela que  esfumaçou  com as finanças do  Rio de Janeiro, deixando de pagar  o funcionalismo   municipal  e, ademais  nem  pagou  o décimo  terceiro doo funcionalismo  médio e baixo.  
Não fez nada  de   importante  para a nossa cidade e  - pasmem!- ainda ocupa atualmente  cargo  de deputado federal  representando  o Rio de Janeiro. Que país  é esse, senhores leitores,  homens de bem?  
Uma cidade  cosmopolita como o  Rio de Janeiro, tem  em sua paisagem altaneira -  o   Cristo Redentor no Corcovado,  abraçando  todos  os  que aqui  residem  ou  aqui venham conhecer  as belas e naturais   praias    cariocas  e os  recantos   deslumbrantes de acolhedores    paisagens   líricas, como  o Aterro    do Flamengo,  o bairro da Lagoa, a Urca, os demais bairros  elegantes da Zona Sul, assim como do centro, da Zona Oeste,  da Baixada Fluminense, do  Rio  por  inteiro,  não merecem  prefeitos arrivistas  e  espertalhões, nepóticos  e o sei  lá mais o quê. 
Um  prefeito  que só trouxe  males e maldades  ao Rio de Janeiro. O tal Crivela,  e deixou até atrasado o pagamento do funcionalismo municipal é alg trágico  para o carioca. Político como ele, péssimo administrador nem merece mais   ser  candidato a qualquer mandato. Infelizmente,  ainda detém, segundo  já afirmei  acima,   um mandato de deputado federal ou senador, nem sei ao certo,  pois  sua  presença  é  nula no Congresso Nacional.
Eduardo Paes, ao contrário,   com todos  os  erros que possa ter, é um  prefeito   sério, empreendedor, ativo, competente  e tem  grande  vocação  política,  porquanto  percebemos que ama  deveras  a sua  própria cidade  e tem feito   também  obras  de  reconstrução  da nossa megalópole .Só  um falha percebo  quando vou ao Centro:  ele está muito sujo  e não vejo  ninguém  varrendo as suas  principais ruas e artérias.
        Ele, como  César Maia e alguns outros poucos alcaides,  honram  a sua passagem na Prefeitura do Rio de Janeiro. Paes seria um bom   governador apesar  de algumas falhas, as quais não são graves nem o descredenciam  para um  reeleição  e um  possível  mandato de governador do Rio de Janeiro.  
    Passada essa digressão  de cunho  político-administrativo, relancemos nosso  olhos para a   vista  maravilhosa da cidade  do Rio de Janeiro,  olhando-se  do  bairro    de Botafogo  para  a beleza da Urca,   do  Pão de Açúcar   e  de outros recantos  que deixam os turistas fascinados e boquiabertos. Releva   engrandecer  o   encantamento    que  é passar pela Floresta da Tijuca    e poder  respirar,  a plenos pulmões, a brisa e o cheiro  da floresta encantada. Assim  igualmente  passar de carro,   ou andando a  pé,  pela orla do Parque do Flamengo é um regozijo para os nossos  olhos, sem falar  a beleza da Praça Paris.Ah, setudo fosse bem  cuidado  e los governantes  e pela  população, sem vandalismos de seus monumentos e praças,   nem    criminalidades!     
        Outro caso  de  político   incompetente  foi  o do prefeito   Saturnino Braga, em cujo  mandato  faliu  o Rio   deixando os  funcionários  públicos   passando sérias  dificuldades  financeiras.  Entretanto, como  senador,   era  um   político   inteligente,   confiável. Quanto ao  Sr, Crivella,  que volte pra sua   igreja  como  pastor.   
   O Rio  permanece  contraditoriamente  um  recanto ainda   paradisíaco  a turistas  de  todo o  mundo. O turistas, no entanto, conhece  do Rio aquilo que  interessa  aos  poder econômico. O turista vê a aparência,  não a essência. O turista  é uma metonímia às avessas, um traído  pela realidade  pétrea de uma  metrópole. Seu interesse, o do turista, o do estrangeiro, e mesmo  o   político  de  países  civilizados  têm um visão  distorcida  da   dureza   e das  misérias   de uma sociedade filtradas por lentes  ideológicas distorcidas   e adrede  planejada.   
     Sua visão  tem cunho  hedonístico, é uma satisfação   individualista. Ele pode ser um flâneur, mas um flâneur  teleguiado  pela  ordem  econômica e pela   visão  incompleta  e perversa  que não  aparece  na sua   integridade    profunda  e  por vezes desumana, sobretudo  à luz  enganosa  da  publicidade   pautada pelos  interesses   do  homo economicus    Desconhece as misérias,  das favelas,  o lado  podre do Rio,  as balas  perdidas,  as  injustiça sociais,   os preconceitos  ainda  bem fortes em alguns   indivíduos, o que é  sumamente lamentável.               
        Neste ano,    fala-se na imprensa que  os hotéis  cariocas   estão  praticamente lotados  para  visitantes  vários e de toda a parte, nacionais e estrangeiros, certamente   aguardando   o carnaval que já se aproxima.
  Só peço a  Sebastião  que  proteja  toda essa  gente  e sobretudo  os  oprimidos e sofredores  que aqui residem  e que  tão bem conhecem  os   múltiplos  problemas  vividos  pela  cidade. 
Tempos atrás,   quiseram  mudar a data  do dia  de São Sebastião, mas  isso  não foi  bom  para a cidade  que   então, sofreu   violentas chuvas   que  fizeram   desmoronamentos  até de  prédios  bem construídos,  tornando   o cenário  trágico para a data   de comemoração   do seu Padroeiro.
       Por conseguinte,  a cidade, mais do que nunca,   necessita da  proteção    do seu Padroeiro  e que ele   seja  mesmo   “louvado” como no  citado  poema de Bandeira. Só auguro que a cidade  dos cariocas  e dos que aqui   a consideram   como   nascidos de coração  ainda  recupere a sua  grandiosidade,    vitalidade,   progresso  e bem-estar  aos seus habitantes  podendo, pois,   dispor de um transporte de massa  mais humano,   de um  quotidiano   seguro   sem  o pavor  dos assaltos e de outras  misérias que ainda   precisam  ser   solucionadas com urgência, sobretudo a  violência. 
Viva,  apesar   das contradições    a Cidade Maravilhosa e Viva  seu  Padroeiro São  Sebastião, seu  protetor.   Só para finalizar,   o Dia   de São Sebastião  não deve ser comemorado  só  hoje, mas durante o ano  inteiro. Salve São Sebastião!   Salve o Rio de Janeiro!