O português brasileiro é “chegou a hora da onça beber água”, não “de a onça beber água”.
É preciso acabar com a cultura do erro.
Não existe forma mais nobre ou mais inferior de usar a língua.
Eu estou no computador, não “eu estou ao computador”.
As línguas se transformam, mudam nem pra melhor, nem pra pior, simplesmente mudam.
Tudo o que existe na língua tem a ver com quem fala a língua.
A suposta concordância: não se fazem mais filmes como antigamente. Isso é uma loucura, é invenção de gramático.
Qualquer criança brasileira fala esplendorosamente bem o português brasileiro.
Pela linguagem científica não há diferença entre nós vamos e nós vai.
O vestibular é uma catástrofe.
Então o brasileiro que fala Cráudia, chicrete, Rede Grobo está simplesmente seguindo uma tendência milenar da língua portuguesa.
A pessoa fala Rede Grobo ou chicrete porque, do ponto de vista da articulação fonética, a articulação da língua, dos órgãos permite, é mais fácil falar assim.
Se você pegar todos os falantes não escolarizados, eles vão falar Grobo, Framengo, ingrês, porque é assim a tendência natural da língua.
As frases acima são de Marcos Bagno, professor doutor em Lingüística pela USP – Universidade de São Paulo. Fazem parte de uma ótima entrevista que ele concedeu à revista Caros Amigos, nº 131, fevereiro de 2008.
Seu livro mais conhecido, Preconceito Lingüístico, Edições Loyola, informa a revista, já passou da 49ª edição. Logo no ínício, página 9, ele afirma que: “tratar da língua é tratar de um tema político”.
Parabéns Bagno, um dos grandes brasileiros da atualidade !