Fernando Pessoa: "sonnet XXVIII"
Por Cunha e Silva Filho Em: 20/04/2010, às 12H14
Sonnet XXVIII
THE EDGE of the green wave whitely doth hiss
Upon the wetted sand. I look, yet dream.
Surely reality cannot be this!
Some how, somewhere this surely doth but seem!
The sky, the sea, this great extent disclosed
Of outward joy, this bulk of life we feel,
Is not something, but something interposed.
Only what in this is not this is real.
If this be to have sense, if to be awake
Be but to see this bright, great sleep of things,
For the rarer potion mine own dreams I'll take
And for truth commune with imaginings,
Holding a dream too bitter, a too fair curse,
This common sleep of men, the universe.
Soneto XXVIII
O FIO da onda verde brancamente com força sibila
Sobre a areia molhada. Olho, mas sonho.
Decerto não pode isso a verdade ser!
De algum modo, em algum recanto, com certeza é apenas aparência !
O céu, o mar, este colossal espaço aberto
À alegria exterior, esta grandeza de vida que sentimos,
Não é algo senão mediado.
Só o que nisso não está, verdadeiro é.
Se por acaso sentido faz, se o estar desperto
For apenas a visão deste claro e grandioso das coisas sonho,
Entenderei como a parte mais rara de meus próprios sonhos..
E para a verdade de mãos dadas com a fantasia,
Agarrando meu muito amargo sonho, uma muito justa maldição,
Este sonho único dos homens, o universo.
(Tradução de Cunha e Silva Filho)