Jornada
Jornada

                                   

 

                    Reginaldo Miranda                                   

  À memória de meu avô,

                                      Dermeval Mendes da Rocha.

 

 “Onde quer que eu viver, com fama e glória

Viverão teus louvores em memória”

(Camões, Os Lusíadas, Canto II, 105)

O longo tempo após tua despedida
não apagou lembranças que conservo:
gestos sutis que o coração preserva,
clarões da convivência em minha vida.

 

Lembras? Certa vez, quando eu, menino,
me presenteaste um cavalo em carnaúba talhado,
e se punha a galopar, vivo e animado,
no brinquedo de um neto contente e ladino.

 

Eu me lembro do caçador, do papa-mel,
dos castelos, das histórias de Trancoso a granel.
Enfim, nunca te esqueci —

 

e sigo, entre memórias, tua passada,
vencendo cada dobra da jornada,
honrando o teu legado que há em mim.

                                          Teresina, 5.10.1991.