Dona Barata e Os mistérios da mata

Contos infantis e estórias populares às vezes são assustadores.

 

              

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                GRAVURA DE HÉLIO MELO, NO ESTILO CARACTERÍSTICO DESSE AUTOR

                POPULAR QUE DESENHAVA, FALAVA E ESCREVIA COMO SERINGUEIRO

                (http://eduardoeginacarli.blogspot.com/2009/07/helio-melo-tela.html)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um gol dedicado às crianças pobres do Brasil: na imagem acima reproduzida, uma relíquia filatélica. Há quatro décadas e três dias, no Maracanã, aconteceu o milésimo gol de Pelé [http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u654457.shtml], na meta defendida pelo goleiro Andrada [http://sodavasco.wordpress.com/2009/09/23/andrada-o-goleiro-do-milesimo-gol-de-pele/], do Vasco da Gama, que saltou para o lado certo, buscando evitar o feito. Mesmo assim...

(http://cidadesaopaulo.olx.com.br/selo-comemorativo-do-milesimo-gol-de-pele-em-1969-iid-27211018)

 

 

                                                           Ao Dr. Marcus Barros, ex-presidente do IBAMA, e à

                                                           Sen. da Rep. Profª Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente

 

"(...) Son nom, Will Self  [William Woodard "Will" Self, nasc. 1961, escritor e jornalista inglês, contista satírico-grotesco e de ficção científica], qui semble en anglais être à la fois un formidable jeu de mots et un pseudonyme, est pourtant bien réellement le sien. Son nom exprime bien toute l'ambigüité du personnage. William Self, assimilé au mouvement dit d'Anticipation sociale, est un formidable auteur de nouvelles fantastiques, toujours grinçantes, modernes et décrivant des univers parallèles, toujours à mi chemin entre une apparence de quotidienneté bourgeoise et les égarements les plus débridés du sexe et de la drogue, très souvent présents dans son œuvre. (...)". (http://fr.wikipedia.org/wiki/Will_Self) [Obs. desta Coluna: ainda assim, W. Self escandalizou-se, em Paraty, cidade colonial do Litoral Sul do Estado do Rio, com uma grande baratona de mais de dois metros de altura, com a qual inusitadamente se deparou, no meio da rua, em 2007, quando esteve no Brasil: escandalizou-se o contista inglês PENSANDO (como Pelé, quando fez o milésimo gol, há 40 anos) NAS CRIANÇAS DO BRASIL!]

22.11.2009 - Uma coisa de cada vez: presta atenção! Anteontem, 20.11.2009, um charuto de famosa marca cubana apareceu nesta coluna "Recontando estórias do domínio público" [http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/o-verdadeiro-leao-da-metro,236,2641.html]. Hoje, um belo e ensolarado domingo (em Brasília), ilustrada com pequenas gravuras que se movimentam - gifs animados -, aí está a estória do folclore cubano Dona Baratinha (*)  . O que assusta nessa estória? Um rato-noivo cai, no dia de seu casamento com Dona Baratinha - que era solteira e tinha dinheiro -, num panelão de feijoada e morre na mesma hora. Ele estava com fome, apenas. Moral da estória: "Ou bem você se casa, ou bem você vai almoçar ou jantar". Mas... não é possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo? Não, pelo menos naquele estranho e adultíssimo relato. Qual é a "mensagem" dessa fábula centroamericana? Devemos fazer jejum no dia de nosso casamento? Bem, podemos nos alimentar, é claro, MAS NOSSA ATENÇÃO, NESSE DIA, DEVE ESTAR "focada" NO CASÓRIO, DE OUTRA FORMA... TCHAU, EXISTÊNCIA AQUÉM-MORTE! Uma interpretação, talvez machista, desse conto, é, pura e simplesmente, a seguinte: o homem que vai se casar morre. E morre antes, não como o marido da aranha viúva negra, que ao menos tem a chance de inocentemente engravidar a perigosa esposa. Bem, uma versão bem brasileira, com barulho de galo misterioso batendo as asas e cantando no meio da floresta, no Rio Purus, também é transcrita, na "recontação" do falecido ex-seringueiro e artista plástico Hélio Holanda Melo [http://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%A9lio_Holanda_Melo]. Esse mistério amazônico, segundo o autor, não chega ao alcance do homem descobrir. Mas é assim mesmo que crianças e trabalhadores das florestas gostam das estórias que o povo inventou. Nem tudo deve ter "explicação". Se tivesse, as estórias, algumas, deixariam de ser assustadoras. E poderíamos, no dia de nosso casamento, fazer várias coisas outras que nos distraíssem da cerimônia de nosso enlace matrimonial, sejamos baratinha (no caso do gênero feminino) ou rato (gênero masculino), lá onde é perfeitamente normal uma cascuda unir-se, até que a morte os separe, a um roedor (percebido pelo ser humano como) repelente... ali mesmo, no mundo paralelo - expressão aqui utilizada em homenagem a Self - onde um elefante adulto pode alcançar a altura de uma "baratinha" kafkianamente um tanto grandinha [foi assim que o supracitado Will Self [http://fr.wikipedia.org/wiki/Will_Self] enxergou uma cascuda de possivelmente mais de dois metros de altura - ou quase isso -, em Paraty, em 2007 (vide foto abaixo reproduzida)], que com ele não aceita se casar, só porque o paquiderme-pretendente faz muito barulho. njuuuuuuusta! Xepeeeeeeira! (**) Vai ficar pra titia, agora, a Senhorita Baratinha. (*risos*) FB

(*) - De acordo com HENIUS, Frank. Contos Populares das Américas. Trad. de Aída de Carvalho Bergström. 2ª ed. São Paulo, Melhoramentos, s/d ("Dona Baratinha (História de Cuba)", pp. 59 - 62). [Em http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/titulo.jsp?ck=108138&tipoPesq=indice&TipoDoc=Livro&BibliReg=&tipoBibli=-1&campo=tit&tipoMat=null admite-se que 1949 é o ano de publicação dessa segunda edição brasileira (o original norte-americano é de 1944, Stories from the Americas, publicado por C. Scribner's Sons (Nova Iorque, EUA), ilustrador: Leo Politi (nasc. 1908), http://openlibrary.org/b/OL6467260M/Stories_from_the_Americas).]

(**) - Vide estupenda estória, sobre fatos efetivamente acontecidos "na realidade" do radialismo brasileiro, texto apresentado com o título de "Ele não passa de um xeeeepeeeeeiroooooo!!!!!!", [O renomado e infelizmente já falecido jornalista Zózimo, do Jornal do Brasil, sendo xingado, pelo grande locutor de futebol Orlando Batista, da Rádio Mauá do Rio de Janeiro [depois, Rádio Nacional] de xepeiro], nesta mesma Coluna, na Web em: http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/deliciosos-siris-ali-de-perto-do-maracana,236,2625.html, transcrito de: http://quemevivo.blogspot.com/2009/05/ele-nao-passa-de-um-xeeeepeeeeeiroooooo.html.

 

 

Elefante um pouco baixote que se poderia casar, sim, com uma barata (problema de escala: o inseto é bem grande, pelo menos depois de Franz Kafka tê-lo ampliado um pouco)

http://miguelangel1948.blogspot.com/2008_03_16_archive.html)

 

(http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL65090-7084,00.html,

fotografia de Mara Bergamaschi (Portal G1), publicada em julho de 2007, que ilustra a seguinte nota:

"Dona Baratinha, personagem da literatura infantil, descansa sob a sombra durante a Festa Literária Internacional de Paraty; quando viu a criatura, o escritor inglês Will Self pensou que fosse outra barata, a da 'Metamorfose' de Kafka, e se indignou: 'Essa é uma das obras mais terríveis da humanidade! Os brasileiros estão passando isso para as crianças?' ". Comentário da Coluna "Recontando...": mas a estória de Dona Baratinha é uma das mais terríveis da literatura infantil! (Com essa baratona Will Self não dividiria a cama, até mesmo porque a barata já ocupou inteiramente, com seu corpo descomunal, o leito cujo lençol está impecavelmente limpo, apesar dos hábitos pouco higiênicos do fabuloso inseto que o usa: é que, na estória, a prendada Dona Baratinha está sempre muito asseada, também porque deseja logo se casar, mas JAMAIS com o escritor inglês que tanto a despreza!) [http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL65090-7084,00.html  6.7.2007 - 15h45  Portal G1 - Globo ponto com - NOTÍCIAS - POP & ARTE - FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty)]

 

ratinho se esgoelando

 

 

 

 

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UM) DONA BARATINHA QUER SE CASAR

"Dona Baratinha

vassoura varrendo

Era uma vez uma baratinha que varria o salão quando, de repente, encontrou uma moedinha:

baratinha contentemoedinha- Obá! Agora fiquei rica, e já posso me casar!

Este era o maior sonho da Dona Baratinha, que queria muito fazer tudo como tinha visto no cinema:

noivos se beijando com Cupido

Então, colocou uma fita no cabelo, guardou o dinheiro na caixinha, e foi para a janela cantar:

baratinha cantandonotas musicais- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?notas musicais

Um ratinho muito interesseiro estava passando por ali, e ficou imaginando o grande tesouro pote de ouroque a baratinha devia ter encontrado para cantar assim tão feliz.

Tentou muito chamar sua atenção e dizer: "Eu quero! Eu quero!" Mas ele era muito pequeno e tinha a voz muito fraquinha e, enquanto cantava, Dona Baratinha nem ouviu.

Então chegou o [cachorrão] cachorro grande, com seu latido forte, foi logo dizendo: - Eu quero! Au! Au!

Mas, Dona Baratinha se assustou muito com o barulhão dele, e disse:

- Não, não, não, não quero você não, você faz muito barulhão!

E o cachorrão foi embora.

O ratinho pensou: agora é minha vez! Mas...

elefante

- Eu quero, disse o elefante.

Dona Baratinha, com medo que aquele animal fizesse muito barulho, pediu que ele mostrasse como fazia. E ele mostrou:

- Não, não, não, não quero você não, você faz muito barulhão!

E o elefante foi embora.

O ratinho pensou novamente: "Agora é a minha vez!", mas...

Outro animal já ia dizendo bem alto: "Eu quero! Eu quero!"

E Dona Baratinha perguntou:

- Como é o seu barulho?

puma- GRRR!

- Não, não, não, não quero você não, você faz muito barulhão!

E vieram então vários outros animais: o rinoceronte, o leão, o papagaio, a onça, o tigre ... A todos Dona Baratinha disse não: ela tinha muito medo de barulho forte.

E continuou a cantar na janela:

baratinha cantandonotas musicais- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?notas musicais

Também veio o urso, o cavalo, o galo, o touro, o bode, o lobo, ... nem sei quantos mais.

A todos Dona Baratinha disse não.

Já estava quase desistindo de encontar aquele com quem iria se casar.

Foi então que percebeu alguém pulando, exausto de tanto gritar: "Eu quero! Eu quero!"

ratinho se esgoelando

- Ah! Achei alguém de quem eu não tenho medo! E é tão bonitinho! - disse a Dona Baratinha. Enfim, podemos nos casar!

Então, preparou a festa de casamento mais bonita, com novas roupas, enfeites e, principalmente, comidas.

Essa era a parte que o Ratinho mais esperava: a comida.

O cheiro maravilhoso do feijão que cozinhava na panela deixava o Ratinho quase louco de fome. Ele esperava, esperava, e nada de chegar a hora de comer.

ratinho verde de fome

Já estava ficando verde de fome!

cozinheiro destampando panela grande

Quando o cozinheiro saiu um pouquinho de dentro da cozinha, o Ratinho não aguentou:

- Vou dar só uma provadinha na beirada da panela, pegar só um pedacinho de carne do feijão, e ninguém vai notar nada...

Que bobo! A panela de feijão quente era muito perigosa, e o Ratinho guloso não devia ter subido lá: caiu dentro da panela de feijão, e nunca mais voltou.

Dona Baratinha ficou muito triste que seu casamento tenha acabado assim.

No dia seguinte, decidiu voltar à janela novamente e recomeçar a cantar, mas...

Desta vez iria prestar mais atenção em tudo o que era importante para ela, além do barulhão, é claro!

baratinha cantandonotas musicais- Quem quer casar com a Dona Baratinha, que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?notas musicais

FIM".

(http://www.feijo.com/~flavia/baratinha.html)

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DOIS) MISTÉRIOS DA MATA SEGUNDO HÉLIO MELO

Recontou Hélio Melo, "Do seringueiro para o seringueiro" (dístico incluído na capa do folheto OS MISTÉRIOS DA MATA, 4ª Cartilha Popular, parte inferior, logo abaixo do título, Rio Branco (Acre): AGEL - Acre Gráfica Editora e Livraria, 1987):

"MISTÉRIOS DA MATA

No Rio Purus, em certo lugar na mata, existe um mistério que deixa o caçador encabulado.

Acontece o seguinte: um galo bate as asas e canta como se estivese em um terreiro. A pessoa vai ao seu encontro e não vê nada, e o galo passa a cantar em outra direção.

Para quem conhece esse trecho da mata, passando por lá, não deve dar bola ao que ouve, pois são mistérios que não chegam ao alcance do homem descobrir.

A mesma coisa acontece em muitos dos igarapés.

Tem um tal de Batedor que altas horas da noite bate forte como se estivesse batendo em uma tábua de lavar roupa. O pior é que se alguém tentar imitá-lo, se assombra,  pois o mesmo vem bater bem próximo a seus pés, sem que a pessoa consiga vê-lo". (Hélio Melo, MELO, 1987: 34 - 36).

 

 

Trabalhador ribeirinho defuma a péla de borracha no interior da Amazônia

(http://www.seringalguapimirim.com.br/seringal_02.htm, texto;

http://www.seringalguapimirim.com.br/defumacao.JPG, fotografia)

 

 

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"Galo gigante": o amável leitor - é claro! - não é obrigado a acreditar que existe um galo desse tamanho! (Contudo, explicações sobre "fotomontagem" não devem ser procuradas, PORQUE A SOMBRA DO GALO ESTÁ ALI!)

(http://www.acreditesequiser.net/2007/12/02/o-galo-gigante/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O CASAMENTO DE DONA BARATINHA COM SEU NOIVO, O RATO:

PRIMEIRA FOTO: A NOIVA;

LOGO EMBAIXO: O NOIVO, NA VIOLENTA FÁBULA

QUE VEIO DE UMA CUBA DE ANTES DA REVOLUÇÃO:

O MAIS INTERESSANTE É QUE DONA BARATINHA

dispensou CAVALOS, CAMELOS E URSOS PARA

FICAR COM SEU NOIVO, O RATO, que não pode se

alimentar no dia do seu casamento. AO CONTRÁRIO DO

MARIDO DA ARANHA VIÚVA NEGRA, O NOIVO MORRE,

NA ESTÓRIA, ANTES DA CÓPULA. E EXTINGUE-SE SÓ PORQUE

FOI COMER COMIDA O DESPREVENIDO ROEDOR. MAS O QUE

SERÁ QUE ISSO "QUER DIZER"? A BARATINHA, COM CERTEZA, 

AINDA ERA VIRGEM. E - A ESTÓRIA DEIXA PASSAR TAL

IMPRESSÃO - ASSIM VAI CONTINUAR. EM RAZÃO ÚNICA

E EXCLUSIVAMENTE DE FOME DE NOIVO TONTO! MAS

QUE RATINHO MAIS DESASTRADO!

 

EM QUASE TODAS AS CULTURAS, BARATA E RATO SÃO BICHOS

REPELIDOS, RUIDOSAMENTE - E SEMPRE COM MUITO

NOJO - POR NÓS, INDEFESOS E COVARDES SERES HUMANOS (***):

PELO MENOS OS GRANDES ELEFANTES TAMBÉM TÊM MEDO

DE RATINHOS, PELO MENOS NO "IMAGINÁRIO" DA

ESPÉCIE DE GRANDES MAMÍFEROS, PRIMATAS, DE HOMO

SAPIENS DEMENS (conceito de Edgar Morin, cf. O enigma

do homem) OU DE MACACOS NUS (ideía de Desmond Morris:

'nus' no sentido de 'sem pelos' ou 'com muito menos pelos').

FB

(***) - Estória doméstico-familiar [esse fato aconteceu,

mesmo]: certa vez, no bairro de Copacabana, Rio, meu

pai, Ulysses Bittencourt, que era oficial da reserva

(reserva não-remunerada, porque passou para o quadro

de funcionários do Estado da antiga Guanabara) do

do Exército Brasileiro (2º Tenente Veterinário, foi instrutor,

no Estado do Paraná, de pracinhas que lutaram na Itália), foi

chamado para missão de enfrentamento de cascuda: uma

contraparente que morava sozinha deparou-se com barata

de grandes proporções, inseto de "não-ficção", em seu

apartamento no mesmo bairro carioca. Observação dela:

"- As pequenas eu enfrento, Ulysses, mas essa aí era MUITO

GRANDE!" (*risos*).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

Representação cinematográfica de soldado americano da II Guerra Mundial, da

série de televisão dos anos 1960 "COMBATE!" (http://videos2kids.com/combat/)

 

Will Self [escritor inglês dos tempos hodiernos]

Self in 2007

 (http://en.wikipedia.org/wiki/Will_Self)