Dois livros sobre o Piauí

Elmar Carvalho

Recebi, ofertados por seus autores, os livros Engenharia Piauiense e História do Piauí: passageiro do passado.

O primeiro, da autoria de Cid de Castro Dias, engenheiro e membro da Academia Piauiense de Letras, discorre sobre as principais obras da engenharia civil em nosso estado, sobretudo as estruturantes e públicas; traça o perfil biográfico dos governadores e dos prefeitos de Teresina que mais construíram, entre os quais Saraiva, Antonino Freire, Landry Sales, Leônidas de Castro Melo, Chagas Rodrigues, Alberto Silva, Dirceu Arcoverde e Freitas Neto (governadores); Joel Ribeiro, Wall Ferraz, Jesus Tajra, Francisco Gerardo da Silva, Firmino Filho e Sílvio Mendes (prefeitos de Teresina). O livro é quase um álbum e traz inúmeras fotografias das obras referidas. Traça o perfil biográfico dos notáveis engenheiros piauienses: Antônio Alves de Noronha, Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, Cícero Ferraz de Sousa Martins e Luiz Francisco do Rego Monteiro.

Nascido na cidade de São Raimundo Nonato (PI), portanto no semiárido piauiense, talvez por isso mesmo, por bem compreender a importância de um manancial, se tornou uma espécie de El Cid do rio Parnaíba, proferindo palestras e escrevendo livro em defesa de nosso mais importante patrimônio natural, inclusive preconizando a conclusão das eclusas da Barragem de Boa Esperança e o retorno de sua navegabilidade, razão pela qual publicou a notável obra Os caminhos do Parnaíba.

Tendo exercido importantes cargos no Governo do Estado, no setor de obras públicas sobretudo, publicou ainda Piauí – Projetos Estruturantes, livro que enfoca as grandes obras, tais como UFPI, metrô de Teresina, Barragem de Boa Esperança, Albertão. Não bastasse tudo isso escreveu o livro Piauhy – das origens à nova capital, que abarca o período que se estende desde o desbravamento e colonização até a fundação de Teresina por José Antônio Saraiva. Essa obra traz a transcrição de importantes documentos, desde a época do Piauí colonial até a consolidação da transferência da capital. Com isso, se consagrou como um dos grandes divulgadores da historiografia piauiense.

O segundo, escrito por Homero Castelo Branco, escritor, economista, membro da APL e deputado estadual em várias legislaturas, traz a saga da família Alencar, com as figuras emblemáticas da matriarca Bárbara Pereira de Alencar e Joaquim Antão de Carvalho. Além de biografias e histórias interessantes, a obra apresenta a genealogia dessa ilustre estirpe, que se ramificou pelos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.

Bárbara de Alencar, heroína e protagonista do livro, faz parte do panteão nacional. Seu nome foi inscrito no livro dos Heróis da Pátria, através da Lei nº 13.053, de 22 de dezembro de 2014. Dela disse Oscar Araripe, em texto preambular do livro, mas originalmente publicado no Diário do Nordeste, edição de 11/02/2015: “Dona Bárbara de Alencar. Dona Bárbara de Alencar do Crato. A brava do Cariri. Oráculo de Santa Bárbara. Diana de Açu. A Iansã do Araripe. Santa de Fortaleza. Heroína do Ceará. Mãe da Independência e da República Brasileira. Minha adorada hexavó, rainha esplendorosa dos álamos do Brasil.”

Homero, seguindo as pegadas de seu homérico e grego homônimo, é um exímio contador de histórias e “causos”, pelo que o considero um dos melhores causeurs que já conheci. Sendo também um talentoso escritor, algumas dessas narrativas já foram divulgadas em alguns de seus livros ou em textos avulsos, mas de forma algo diluídas em contexto maior.

Contudo, e isso tenho lhe repetido em diferentes oportunidades, ele bem poderia reunir essas interessantes, anedóticas, jocosas ou mesmo picantes histórias, delas com alguma dose de ironia ou até mesmo sarcasmo, em um belo livro, que certamente poderia conter alguns traços de memorialismo e autobiografia.

Nele desfilariam personalidades ilustres da política e da cultura, assim como figuras populares e engraçadas. Sua habilidade literária transformaria essas histórias e estórias em atraente e saborosa leitura. Sem dúvida ele teria a necessária inteligência para não denegrir personalidades, nem magoar pessoas, omitindo ou mudando o nome verdadeiro, quando imprescindível.

Engenharia Piauiense e História do Piauí: passageiro do passado são duas obras notáveis, que agora enriquecem as prateleiras de minha biblioteca física ou impressa, posto que hoje também possuo uma biblioteca virtual, principalmente contida em meu aparelho Kindle.