Esclareço, inicialmente, que não irei tecer comentários e nem emitir juízo de valores, na parte relativa ao relato dos fatos. Também procurarei ser objetivo, e evitarei quaisquer enfeites retóricos e de adjetivações. Deixarei que o leitor faça a sua própria avaliação. Limitar-me-ei a narrar os fatos tais como aconteceram. Em virtude do estresse da vida atribulada e corrida de hoje, terminei esquecendo de renovar o emplacamento de meu carro no mês de abril, já que a sua placa tem terminação 4. Por essa razão, precisando viajar para a cidade onde trabalho, fui logo de manhã, nesta segunda-feira, dia 2 de maio, renovar o seu licenciamento.
Precisamente às 10:39 horas, no Espaço Cidadania, situado no antigo hortomercado Domingos Monteiro, e não mais no shopping Teresina, para onde me dirigira, recebi a senha DET169, categoria de atendimento normal, sendo que havia outras categorias. Mais tarde fui pagar as taxas constantes do boleto que recebi. Para não ter nova preocupação burocrática, resolvi pagar o valor total, sem parcelamento. Com as taxas pagas e as fotocópias dos documentos exigidos, voltei ao local de atendimento, e fiquei a observar a placa eletrônica indicativa das chamadas. Note o leitor que, só na parte relativa à prioridade normal, existiam 168 pessoas à minha frente. Não se nota o tamanho da fila porque a pessoa fica sentada em cadeiras dispostas em várias fileiras. Portanto, o “cidadão” fica na ilusão de que não está numa fila, cuja lentidão só se percebe pelo escoar dos minutos e das horas.
Finalmente, por volta das 13:20 minutos chegou a vez de minha senha. Não era sem tempo. Afinal, eu já estava na fila fazia 2 horas e 41 minutos. Exultante, fui ao guichê indicado. Qual não foi a minha surpresa quando a servidora disse, denotando certo mau-humor, que não poderia atender-me, uma vez que teria que comprovar no sistema que eu havia pago as taxas, embora eu estivesse a lhe exibir o comprovante fornecido pelo Banco do Brasil, agência do shopping Teresina, e lhe dissesse que ela poderia ficar com o comprovante original; eu ficaria com a fotocópia. Ela, então, com a sua letra, escreveu na minha senha a palavra retorno, e recomentou-me voltar 30 ou 40 minutos após. Tomei a deliberação de voltar duas horas depois, para não correr o risco de receber a mesma desculpa anterior. Consequentemente, retornei às 15:30 horas, aproximadamente.
Para minha surpresa, recebi a informação, nada auspiciosa, diga-se de passagem, de que o sistema continuava “fora do ar”. Ora, bolas, quem, então, ficou fora do ar fui eu. Pedi que o responsável pelo posto do DETRAN do Espaço Cidadania me desse uma declaração sobre a circunstância de que eu tentara renovar o emplacamento de meu carro, e que o “sistema” (nada sistemático) da repartição falhara. A servidora, para minha perplexidade, disse que eu deveria me dirigir à direção geral do DETRAN para receber tal declaração. Sentindo-me um perfeito cidadão, para não dizer pária ou idiota, virei as costas e fui embora. Se eu fosse um “fela”, teria ido à direção geral, do outro lado da cidade, onde sequer sei se seria atendido. Mas como não sou, não fui.
Fiz este relato da maneira mais objetiva e precisa possível. Deixo que o leitor tire suas próprias conclusões. Não irei dizer que sofri verdadeira tortura, física e psicológica. Não irei dizer que no local de espera fazia muito calor e que suei à beça ou a cântaros. Se existiam aparelhos de ar condicionado funcionando, eles não davam conta da missão de refrigerar o Espaço Cidadania. Também não irei dizer que achei o serviço péssimo e o atendimento pior ainda. Não, não irei. Muito menos irei dizer que o tal espaço mandou a cidadania para o espaço sideral, e deveria chamar-se, antes, da anticidadania, ou inimigo do cidadão, como disse um rapaz em alto e bom som, evidentemente morto de satisfeito com o serviço que lhe estava sendo prestado. Quero apenas dizer que não me senti um cidadão no Espaço Cidadania.