CONSELHOS A UM JOVEM BATALHADOR
Por Antônio Francisco Sousa Em: 06/08/2012, às 18H42
Seu sucesso, que, certamente, vai acontecer, afinal, você está se preparando para atingi-lo, é provável que deixe insatisfeitos aqueles que não conseguirem alcançá-lo por se preocuparam mais em tentar atrapalhá-lo, prejudicá-lo, do que, verdadeiramente, em buscar o próprio.
Seu êxito pessoal será aclamado e comemorado pelos que torceram por você, mas, provavelmente, também poderá ser aceito por quem percebia que, dado seu esforço, não poderia ser outro o resultado alcançado. Dentre os que aplaudirem seu feito, não causará grande surpresa, se estiverem alguns que o tomarão como incentivo para buscarem o que almejam.
Pouco contribui para a ascensão profissional de alguém, e com a sua, obviamente, não seria diferente, agir com arrogância, antipatia, ou com exacerbado egoísmo.
Por outro lado, muito mais atrapalha do que ajuda, a submissão, a subserviência, a timidez exagerada, seja ante superiores, seja diante dos que estão no mesmo plano hierárquico. Os tolos e os idiotas costumam ceder, graciosamente, seu lugar no bonde da história aos mais espertos, não por deferência a estes ou porque eles lhes pedem para fazê-lo, mas por serem lerdos, descansados, desatentos. Os moucos, os calados e os muito tímidos ficam para trás por não ouvirem o apito do bonde ou por não saberem dizer a seu comandante que também gostariam de tomá-lo.
Outra coisa: esse lema do comércio da autoajuda, de que basta querer muito para conseguir o que se quer, não possui fundo científico; fato é que, nem sempre, querer é poder.
Se você saiu de casa para aprender mais, apreender novos conhecimentos que serão aplicados em sua atividade profissional, em um primeiro momento, suas principais preocupação e ocupação deverão ser estar sempre disponível e alerta, pronto para assimilar quaisquer ensinamentos que lhe sejam ministrados ou que possa captar por meio de suas antenas periféricas. Não é que você vá dispensar ou desperdiçar as oportunidades que surgirem de exercitar o que está aprendendo, o que você não pode e nem deve é exagerar, ir além de sua resistência física natural.
É bom que saiba que o corpo tem limites anatômicos, musculares, nervosos, fisiológicos; enfim, estruturais, e que tentar extrapolá-los não é ato de inteligência. Existem meios, mecanismos ou tecnologias que induzem, falsamente, o corpo a parecer indestrutível. Esses subterfúgios recebem nomes os mais diversos: estimulantes, energéticos, repositores de forças; mas a maioria é droga que engana até os mais tarimbados. Experimentar uma dessas substâncias, com a desculpa de que ela vai auxiliá-lo profissionalmente ou o encorajar, é algo que jamais deve passar por sua cabeça, e por um motivo bastante simples: quem começa a fazer uso dessas falsas maravilhas, dificilmente, consegue voltar atrás.
Saúde é fundamental. Seu corpo e sua mente precisam do descanso e da tranquilidade que o estresse e a exaustão causados pelo exagero não oferecem. Dispense horas ao ócio genuíno. Relaxe, divirta-se, brinque e ame.
Um lembrete final: se, em última hipótese, vier a entender que os esforços despendidos o estão obrigando a buscar forças que não possui, naturalmente, não tenha receio de repensar as decisões que tomou anteriormente, ainda que a nova conclusão seja desistir do que está fazendo. Voltar para casa não será nenhum ato de covardia. Todos nós somos falíveis e muitas vezes uma demonstração de inteligência passa pelo reconhecimento desse nosso humano status. É claro que sua família estará pronta para recebê-lo, se isso restar necessário, sem cobranças nem explicações; mesmo porque o desejo que move os que se amam, dentre outros, tem dois polos muito importantes: a felicidade e a realização pessoal. E isso pode acontecer sem que haja necessidade de esforços sobre-humanos.
Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected])