Diego Mendes Sousa
Diego Mendes Sousa

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "Diego Mendes Sousa AGULHA DE COSER ESPANTO"

 

CARTA AO AMIGO POETA

 

Diego Mendes Sousa, meu amigo,

Leio poesia desde antes de me saber poeta e certamente está nisso a gênese do poeta que me tornei. Muitas vezes não encontro poesia na poesia que leio e, finda a leitura de um livro, sou tomado pela sensação – para não dizer constatação – de que perdi tempo. Daí que fico todo contente quando encontro poesia na poesia de outro poeta. E é tomado por contentamento que te escrevo neste meio de tarde de um sábado, quando fui (e estou) todo perfurado pela tua “Agulha de coser o espanto”.

Poesia é, para mim, como arquitetura. Não existe má arquitetura. Acontece que nem toda construção é arquitetura. Ou se tem ou não se tem arquitetura, ponto. Assim sendo, não existe má poesia. O cara é poeta ou não o é. E, no teu caso, tu és um grande poeta.

Todos os textos reunidos no livro são muito elaborados, em um resultado que os faz palatáveis, nunca indigestos, com uma profunda riqueza imagética – o que muito me fascina na poesia. Porque, para mim, poesia também é cinema.

Muitos dos teus versos eu os destaquei com uma dessas canetas para iluminar palavras. Trechos como “Poesia é perícia \ do tempo agudo \ para muito além”, do teu “Vaticínio”. Ou mesmo o hipnótico “Viver \ é tudo \ lidar”.

Nossas visões sobre o fazer poético têm muitas intercessões. Nossos poemas conversam entre eles e nisso está também o meu contentamento: quando encontro não somente um poeta de talento, mas um poeta-irmão.

Teu livro estará, de agora em diante, na prateleira dos poetas contemporâneos que valorizo. É um livro para o qual pretendo regressar. O teu canto “abriu a luz do meu abismo”. Que bom que isso se deu.

Fica com o abraço deste teu irmão,

 

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Christovam de Chevalier

Jornalista, escritor e editor 

do www.newmag.com.br