(Miguel Carqueija)

 

Poder contra poder: o confronto final

 

 

CAPÍTULO 12

 

ARMAGEDDON

 

 

        O castelo pôs-se a dar pulos incríveis, de dezenas de metros, cambalhotas e mais cambalhotas.

        Apesar de tudo, resistia e reagia com descargas homéricas, ionizando o ar e criando áreas momentaneamente limpas. Nessa luta titânica escoaram-se vários minutos e por fim, encontrando um canal de passagem entre as massas gasosas em fúria, a grande construção avançou rapidamente. Foi quando três mísseis atômicos vieram, provocando novos e perturbadores abalos.

        Lena, se pudesse ser vista por baixo da roupa, estaria pálida, exausta. Ela compreendia isso e também que o seu esgotamento físico significaria a derrota.

        — Por favor, se virem que eu ameaço desmaiar apliquem-me uma injeção de Reforçol. Está naquele armário com espelho, na gaveta de cima.

        — Espere aí! Esse negócio é perigoso! — protestou Marilú.

        — E eu jamais tomaria isso se não houvesse necessidade. Mas se não chegarmos logo, vou perder as forças.

        Riní aproximou-se dela.

        — Mostre-me o rosto.

        — Não! Eu não estou desmaiando! Volte para o seu posto! Não vê que já vamos chegar? Falta pouco!

        Súbito saíram numa região de calmaria. Avistava-se a montanha que antecedia Gloria. Já não ocorriam fenômenos terríveis, tendo em vista a proximidade da capital; mas alguns dos instrumentos da sala haviam pifado, por sobrecarga. Lena calculou que 30% dos controles estavam inutilizados. A batalha fôra muito dura.

        Lena suspirou fundo.

       — Deseje-me boa sorte, Lorne Hurne. Somos nós ou a oligocracia de Lemuel!

        O majestoso palácio de Hermógenes pairava sobre o Triângulo.

 

 

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        Ipuwer, lívido, fitou o monstro que eclipsava o sol.

       — Raios!

        Fez então algo que nunca ninguém fizera antes. Os feixes dos raios duros do Triângulo nunca tinham convergido; só divergiam. Orientando Iantok, Galadak e Marte, o comandante fez convergirem os raios todos sobre o castelo, fechando-se quase como garras, feixes amarelos e monstruosos, perfeitamente visíveis perante uma população em pânico.

        Lena, prevendo algo assim, fez brotarem de todas as janelas outros braços de energia e finalmente as duas forças se encontraram diretamente. Ao mesmo tempo Lena manobrou, apontando a quina do castelo para a construção lá embaixo.

        A atmosfera explodiu.

        Atravessando o cataclismo, o castelo rompeu a resistência e, com as torres mais altas partindo-se e voando pelos ares, caiu de chofre e de rijo sobre o monstruoso Triângulo. A aura energética esticou-se como bola de sabão, uma transparência incrível revelou o interior do castelo e as próprias paredes se esticaram, como se isso fosse possível, como se uma força monstruosa e inacreditável estivesse tentando rasgá-lo em pedaços. Por fim, quando a quina, como irresistível aríete, arrebentou o teto do Triângulo, a destruição envolveu a fortaleza do governo, cujas paredes, fulminadas pela implosão da própria energia, desmoronaram como um castelo de cartas e o próprio palácio de Hermógenes se esboroava ao penetrar no reduto inimigo.

        Um último clarão, seguido de estrondo audível a dezenas de quilômetros, assinalou o término da batalha titânica.