[Raimundo Carrero - [email protected]]
 
Quando publiquei meu  ensaio Os Segredos da Ficção  ouvi muitos insultos e reprovações de todo tipo. Muita gente dizia que eu estava inventando coisas e trilhando um caminho excessivo. Diziam que eu estava enganando. Tentei mostrar o tempo todo que meu livro transmitia a minha experiência de escritor e debatia as técnicas de Flaubert, de Forster, de Calvino, Eco, Márquez e dos grandes criadores, além dos brasileiros Autran Dourado e Osman Lins.
 
Logo depois publicava-se a tradução de “Sem Trama e Sem Final”, de Anton Tchekhov, com os 99 Conselhos de Escrita, pela Editora Martins Fontes, ”um pequeno manual do qual pode tirar proveito não só quem quer se aventurar pela primeira vez a escrever, mas também para quem tem essa prática.”
 
Mas o êxito da minha teoria da ficção – que chamo de “pulsação narrativa” – somente ocorreria neste ano da graça de 2017 com a tese de doutorado em Letras da professora Priscila Varjal – Raimundo Carrero e a Pulsação Narrativa: Um Movimento Vigoroso e  Didático da Criação literária – defendeu com a orientação da professora Ermelinda Ferreira – e  aprovada pela banca – Ermelinda Ferreira (presidente), Lilian Jamir, Antony Cardoso Bezerra, Fábio Andrade,  Marcos Morais (Alagoas), Brenda Carlos e Newton de Castro Pontes (Ceará). A Pulsação Narrativa considera que personagens, cenas e situações teem ritmo e tons diferentes com alterações, sobretudo, do tempo verbal e toma como modelo a teoria da composição de Edgard Allan Poe.
 
Priscila Varjal adverte, no texto, que “a pulsação narrativa é entendida como a quarta e última etapa da criação, ou seja,  na Forma Artística. O método utilizado pelo autor para compreender a Forma  está lançado nos seus livros de ensaios: O segredos da ficção, um guia na arte de escrever narrativas, e  A Preparação do escritor. As fases anteriores à Forma, apresentadas pelo escritor pernambucano em seus ensaios são: Impulso, Intuição e Técnica.
 
O texto adianta, ainda:” O percurso que trilho  para alcançar a compreensão deste processo tem início com a análise do metarromance do livro Sinfonia para Vagabundos: visões em preto e branco para sax tenor(1993), que traz as primeiras reflexões estéticas do autor, lançado uma década antes da formulação do seu método.”
 

* Escritor e jornalista