Cunha e Silva Filho


           Era evidente que o pior estava por acontecer no voo do Airbus A320 da companhia  alemã Germanwings por dois fatores basilares: o copiloto, de nome Lubitz,de 27 anos, tinha atestado médico que o impedia de trabalhar na sua função, aliás uma das funções que mais prezo nos diversos meios de transporte do mundo, que é a de aviadores, esses incansáveis e corajosos homens talhados para transportar muitas vidas de uma país para outro ou de um continente para outro. São grandes heróis não devidamente reconhecidos pela sociedade. Merecem ser altamente remunerados, ter vida tranquila, saúde perfeita e apoio de todos nós que deles dependemos para conhecer outras terras, às vezes longínquas, seja como turistas, seja a negócios, seja para estudos, fazer palestras e tantas outras finalidades.
        A imprensa mundial informou agora que Lubitz havia dito a uma namorada que o mundo ainda iria ouvir o nome dele, o que é gravíssimo, pois isso me parece suficiente para classificarmos sua personalidade como a de um psicopata. Portanto, sem nenhuma possibilidade de ser contratado por uma empresa aérea. Lamentável para a empresa que o contratou e que pode render-lhe alguns problemas e dores de cabeça.
      O copiloto foi mal selecionado e mal fiscalizado pelos setores competentes. E estas deficiências de contratação de funcionários não são peculiares no ramo da aviação. Elas se encontram em outros meios de transportes: nos motoristas de ônibus, nos condutores de trens e metrôs, nos comandantes de navios, nos motoristas de táxis. A seleção deve exigir rigoroso histórico do candidato, não só competência técnica, horas de voos; ela tem que ir mais fundo, sobretudo no que diz respeito à saúde mental do candidato.
       O setor de recursos humanos, quer os referentes à aviação, quer de outros meios de transportes não pode ser entregue a pessoas desqualificadas, mas a indivíduos superiormente competentes para selecionar candidatos.
       Uma sugestão seria que, em cada país, a força aérea fosse encarregada de fazer essa seleção com o maior critério possível e o maior rigor de testes, levando em conta o passado do candidato, sua condição de ser humano fora da área de trabalho, sua forma de vida, seu relacionamento social, entre outros itens que não cito aqui. O piloto deve unir competência técnica, vocação e boa saúde psicológica e física.E este não foi o caso do copiloto que provocou uma tragédia infame, matando, inclusive ele próprio, cento e    cinquenta pessoas
     Cada desastre aéreo que ocorre traz sérios problemas para algumas pessoas mais frágeis que, tendo notícias desses desastres terríveis, vão se apavorando, despertando-se-lhes no espírito fobias contra viagens aéreas, sobretudo as prolongadas. Tive um amigo que se enquadraria nessas condições: após um acidente que matou nos Andes um amigo, passou a ter horror a viajar de avião e até adquiriu outras fobias, a de andar em elevador foi uma delas.
      As companhias aéreas, no mundo inteiro, agora deveriam pensar melhor na seleção de seus candidatos e na constante fiscalização de seus aviadores, além das precauções que têm sido tomadas, que não são ainda suficientes, porque já querem que nos aviões, dentro da cabine, além do comandante, fiquem dois tripulantes em stand-by para que o comandante possa, com mais tranquilidade, se precisar,  sair por alguns instantes. Isso seria já uma providência a mais.
     Mas reafirmo a urgência do recrutamento dos candidatos a aviadores, o qual deve se cercar de todos os cuidados possíveis relacionados à personalidade do a candidato e a seu histórico de saúde mental.
    O mundo contemporâneo vive à mercê de imprevistos de toda a sorte, nessa era tenebrosa do surgimento do terrorismo internacional e, por consequente, da intranquilidade geral em que se encontra a humanidade, já por si, tão cheia de problemas de toda espécie.
    Ficamos impotentes diante dessa tragédia aérea e lamentamos profundamente o sofrimento e a dor de todos os passageiros e de seus familiares, especialmente porque no avião, havia até inocentes bebês e jovens esperançosos que vinham da Espanha onde haviam realizado estudos de intercâmbio.A morte desses inocentes, jovens e adultos, dos passageiros em geral, da tripulação afeta emocionalmente todos nós que habitamos esse conturbado planeta Terra.