Luiz Romero Lima e Diego Mendes Sousa
Luiz Romero Lima e Diego Mendes Sousa

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"O poeta parnaibano Diego Mendes Sousa é do grupo dos inventores, reformadores, renovadores e, sobretudo, um 'verse make', isto é, desses poetas que enriquecem o idioma da poesia pela elevação da linguagem.".

 

Luiz Romero Lima no livro "Literatura Piauiense na Escola" (Fundação Quixote, 2023).

 

 

POESIA ZEITGEIST DE DIEGO MENDES SOUSA – ENSAIO DE LUIZ ROMERO LIMA

 

 

         A poesia de Diego Mendes Sousa não é feita de rojões e purpurinas, mas do submerso silencioso, invisível; fonte oculta, subterrânea e gestada nas profundezas, que ao surgir da arte deste poeta, é sempre uma abrupta instantânea surpresa. A sua poesia é a esfinge do tempo e é o templo de um esplêndido monumento construído de perplexidade. A poesia se manifesta quando é percebida insuficiência da vida e seu cotidiano fastioso. Ela surge de repente, quando menos se espera. Essa raridade é a surpresa do gesto poético de Diego Mendes Sousa.

 

 

DE PROPÓSITO

 

A poesia está ao par do tempo.

O poeta está a par da vida.

 

O poema é a pá da alma

e a memória

é o par das horas.

 

 

         O poeta parnaibano enxerga o que Hipócrates genialmente disse: “A arte é longa, a vida é breve”. Sua poética é a do tempo perdido e achado; não há fragmentos dispersos, e sim, exuberância e revisitação. Enfim, temos um poeta insubmisso à mediocridade da poesia repetitiva, circunstancial, diletante e cortesã. A metáfora da agulha vasculhando, ponteando, cerzindo os fios de espantos nos labirintos do tempo. O gênero lírico é, essencialmente, a tessitura e “convocação do tempo original”. O eu lírico é ungido e libado do vinho do tempo. É a poesia zeitgeist, o espírito do tempo.

 

 

FRUGAL

 

O poeta é o lojista do mundo

também o camponesinho

do humano

e o viajante sem batismo.

 

 

         O poeta refaz e reconstrói imagens, a partir de estilhaços do que vêm à memória, em constante movimento do artista criador, que oscila entre a forja e a bigorna. A construção e a desconstrução do poema é uma variação permanente e sem descanso do fazer, refazer e fazer, desfazer em aprimoramento do artefato de palavras. Cada poema se mostra perturbador e paradoxal como o martelo entre o sopro do calor da forja e a batida insistente do martelo sobre a bigorna.

         A construção da imagem é difusa porque dionisíaca, mas a forma é estética pela exigência apolínea. É o vício da poesia e a verossimilhança do tempo, que a filosofia de Martin Heidegger explica. Sua poesia compreende o mundo e corresponde a uma necessidade de ser. Essa tabacaria do poeta avisa que sua poesia não é de chegada, mas de partida. Diego Mendes Sousa está na lista índex dos bons poetas da Literatura Brasileira de Expressão Piauiense.

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"O eu lírico em 'Agulha de coser o espanto' é um mago rico de recursos estéticos bem-sucedidos na organização das palavras. É íntimo de um tempo carregado de feitiços e bem-aventuranças. Cada poema é uma lição de integridade poética."

Luiz Romero Lima em "Literatura Piauiense na Escola" (Fundação Quixote, 2023).

 

 

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