sei os beijos mais violentos, viajei, briguei, aprendi. Estou cercado de olhos, de mãos, afetos, procuras. Mas se tento comunicar-me o que há é apenas a noite e uma espantosa solidão."
Essa espécie de galináceo (Numida meleagris) nos chegou da África à época colonial. Rústica, se adaptou e se disseminou pelo país todo, especialmente em sua parte interior. Angolinha, saqué, capote, catirê, cocá, conquém –todos nomes que atestam a vasta dispersão.
Culinariamente nunca foi destronada, mas o alto preço que a galinha “em pé” adquiriu no meio urbano, para serviços de umbanda, foi paulatinamente confinando-a a esta especialidade. Sem perder essa utilidade para os criadores, também no meio rural foi valorizada viva: como ave de guarda, servindo para afugentar cobras e ratos – além de comer formigas e carrapatos.(Serve também para, com as penas, fazer peteca - me informa a Neide Rigo).
Sua carne é comparada à do faisão. Mas tenho para mim que é bem melhor. E muito superior à do frango, mesmo caipira.
Na França, é criada semi-confinada, a partir da inseminação artificial, visto que é animal monogâmico e naturalmente de baixa produtividade. Por isso também é bem mais cara do que o frango. Com 14 semanas atinge cerca de um quilo de peso.
Poucos restaurantes em São Paulo trabalham com esse animal. O Pimentel, o Brasil a Gosto, Dalva & Dito. No Rio de Janeiro, o Quadrifoglio; no Nordeste, inúmeros restaurantes populares. É quase geral no sertão. Comi excelentes no sertão do Piauí.
Gosto de uma receita de Bocuse: refoga-se, acrescenta-se vários dentes de alho com casca e vai-se pingando água. Pronta, separa-se as partes e se serve imediatamente. Simplicidade reveladora do melhor sabor.
Quando sócio do restaurante Danton, fazíamos ao molho pardo, acrescentando creme de leite para disfarçar o sangue que a clientela repudiaria. E ainda chamávamos de “Pintade a Lévi-Strauss”. Muito erudita e, apesar do sucesso, um barbarismo!
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SENADO FEDERAL
OITIVA DO MENSALEIRO CORRUPTO
ROBERTO PINHO, exonerado
sabiamente pelo honesto e competente
ministro Gilberto Gil,
SERVIÇO DE COMISSÕES
SUB-SECRETARIA DE TAQUIGRAFIA
31.10.2005:
O SR. PRESIDENTE (Amir Lando. PMDB – RO) – Declaro aberta a 30ª Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito de Compra de Votos.
Peço à Secretaria que faça entrar o depoente, o Sr. Roberto Costa Pinho. (Pausa.)
Quero, inicialmente, dizer que há número regimental para a oitiva porque, para tanto, basta haver a presença aqui do Presidente e de mais um Relator. Como temos a presença aqui da Sub-Relatora, Deputada Zulaiê Cobra, já podemos iniciar. Também se encontra presente o Sub-Relator, Deputado João Correia.
Vamos à qualificação do depoente que aqui comparece na condição de testemunha, portanto, com o compromisso de dizer a verdade no que lhe for perguntado, podendo, conforme faculta o próprio Código de Processo Penal, em caso de respostas que comprometam a sua liberdade, até silenciar. Isso é do Código, não posso fazer nada mais. Mas, no demais, naquilo que não lhe diz respeito pessoal, esse compromisso com a verdade fica aqui exaltado sob pena de perjúrio.
Lerei em seguida a qualificação.
Queria aproveitar para registrar a minha preocupação de que na última reunião, já no adiantado da hora, falava eu da importância de realizarmos a reunião da última sexta-feira, porque temia – essa semana é uma semana complicada – eu temia, eu tinha uma preocupação com esse tema e até fui mal interpretado quando alertava, sobretudo quando tinha sido deslocado o feriado, o ponto facultativo da sexta-feira, do Dia do Servidor, para segunda-feira. Então teríamos uma semana complicada e falava-se que poderíamos não ter quorum, mas temos o quorum necessário para as inquirições e vamos fazê-las.
Vou fazer a leitura aqui para que todos os membros saibam.
Nome, Roberto Costa Pinho; carteira de identidade nº 414.203, SSP – GO; idade, 68 anos; CPF está aqui registrado – não há necessidade de publicá-lo –; estado civil, separado judicialmente; endereço residencial aqui em Brasília, não vou dar o endereço por uma questão de segurança pessoal, mas está registrado; o telefone, também; profissão, administrador; local onde exerce a atividade é Brasília, atualmente Brasília. Ele não é parente em grau qualquer da parte envolvida. Finalmente, ressalto que o depoente se compromete, nos termos do art. 203, do Código de Processo Penal, sob as penas da Lei, a dizer a verdade no que souber ou no lhe for perguntado, não sendo obrigado a responder as perguntas que possam auto-incriminá-lo.
Os advogados podem falar diretamente no microfone os seus nomes e registros na OAB.
O SR. LEONARDO SANCHES – Leonardo Sanches, OAB-DF 11.980.
O SR. MARCOS VINÍCIUSWITZACK – Marcos Vinícius Witzack, OAB-DF 11.923.
O SR. PRESIDENTE (Amir Lando. PMDB – RO) – Passo a palavra ao depoente para, se quiser, fazer uma pequena explanação. Em seguida, passarei a palavra à Sub-relatora presente Deputada Zulaiê Cobra.