[Flávio Bittencourt]

A cobertura dos meios de comunicação mudou

Atenção concurseiros: a menção a sobrevoos pode estabelecer diferencial de atualização de seus conhecimentos sobre cobertura televisiva de ações policiais, manifestações estudantis e outras.

 

 

 

 

 

 

JOEL SILVEIRA,

TRABALHANDO:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.casamaisfacil.com.br/bloco-de-concreto-ou-tijolo/)

 

 

 

 

SÃO PAULO, CAPITAL:

COMANDANTE HAMÍLTON:

UM HERÓI DOS NOSSOS DIAS:

 

(http://natv.ig.com.br/wp-content/uploads/2011/06/cmte.jpg

 

 

 

 

PRACINHAS DA FEB FOTOGRAFADOS DO SOLO:

 

 

 

 

 

  

 

Posições vulneráveis: aos brasileiros foram confiadas missões de altíssimo risco na Itália [NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL]

(http://veja.abril.com.br/especiais_online/segunda_guerra/edicaoespecial/sub3.shtml)

 

 

 

 

 

MARCELO REZENDE, TARIMBADO

REPÓRTER, QUE, EM TERMOS DE

COMPETÊNCIA PROFISSIONAL,

NÃO PERDE PARA OS MELHORES DO MUNDO

[ATUALMENTE, HELICÓPTEROS SÃO

UTILIZADOS NAS COBERTURAS

JORNALÍSTICO-TELEVISIVAS]:

(http://natv.ig.com.br/wp-content/uploads/2013/06/Cidade-Alerta-Marcelo-Rezende.jpg)

 

 

 

 

 

MARCELO REZENDE & COMANDANTE HAMÍLTON:

A EXCELÊNCIA DOS TRABALHOS DELES (EM TERRA E

NO AR, RESPECTIVAMENTE) COMEÇAM A REPERCUTIR

INTERNACIONALMENTE [América Latina, faculdades de

Jornalismo], COMO EXEMPLO DE PROFISSIONALISMO

E COMPETÊNCIA:

[http://www.conexaojornalismo.com.br/colunas/astral/religiao/comandante-hamilton,-piloto-de-helicoptero-da-record,-e-nova-vitima-de-apresentador-63-13056]

 

 

 

 

13.4.2013:

"Cinegrafista da Record, acidentado em queda de helicóptero, volta a voar

O helicóptero da TV Record caído no gramado do Jockey Clube de São Paulo, em 2010

"Coragem é uma virtude e o que não falta ao Alexandre Silva de Moura. Para quem não está ligando o nome à pessoa, ele é o Borracha, cinegrafista da Record, ferido na queda do helicóptero, em 2010, no Jockey Club. Mas não é que ele voltou a voar!

Com informações da coluna Flávio Ricco"

(http://cntvaudiencia.org/2013/04/13/cinegrafista-da-record-acidentado-em-queda-de-helicoptero-volta-a-voar/)

 

 

 

 

A SEGUINTE MENÇÃO A SOBREVOOS REFERE-SE, SIMULTANEAMENTE,

AO ASPECTO LITERAL DE COBERTURAS AÉREAS (TAKES CAPTADOS DE HELICÓPTERO, sendo que,

no caso dos repórteres que ainda reportam do solo, as agressões que os atingem não

chegam a matar, mas, se a reportagem do confronto [da polícia, com bandidos (*)] em situação  

em que projéteis de chumbo voando (tiroteio) esteja sendo "filmada" [gravada] acontecer do

solo, o perigo à integridade física - à vida, digamos, no limite - é muito maior, evidentemente) E,

COM INTENÇÃO METAFÓRICA, À FALTA DE DENSIDADE EXPLICATIVA DE CERTAS EXPOSIÇÕES

TELEJORNALÍSTICAS, ESPECIALMENTE NAS COBERTURAS QUE EVITAM SER COMPLETADAS

POR INTERPRETAÇÕES DOS EVENTOS (OU SEJA, DOS FATOS QUE JORNALISTICAMENTE 

ESTÃO SENDO MOSTRADOS, sejam eles eventos de guerra, confrontos de guerrilhas, atuação

policial contra o banditismo, saques de lojas e supermercados, arruaças diversas (incluindo

as de torcedores de futebol [assim chamados HOOLIGANS, na Inglaterra]), passeatas pacíficas

e ordeiras, perseguições policiais a figuras notórias [ou não] que cometeram crimes etc.):

 

"(...) A cobertura dos meios de comunicação também mudou. Não se reporta mais dos palcos dos acontecimentos, mas de sobrevoos. Apesar da avalanche de informações, com horas de rádio e TV ao vivo, as notícias e análises carecem de mais nitidez e conteúdo e menos subterfúgios midiáticos. (...)"

 

[FERNANDO COLLOR DE MELLO, ex-presidente do Brasil (1990 - 1992),

atualmente senador da República [PTB-AL], o grifo é nosso

(*) - POR FAVOR, NÃO CONFUNDA AÇÕES DE POLICIAIS CONTRA BANDIDOS (ações contra o mal) COM AÇÕES DE POLICIAIS CONTRA PESSOAS QUE FAZEM PROTESTOS POLÍTICOS (ações contra o bem e contra a democracia, desde que tais protestos sejam pacíficos e não causem danos físicos a pessoas e coisas); Collor de Mello, no trecho transcrito, fala de sobrevoos na cobertura jornalística de ações beneméritas, enquanto nós estamos nos referindo aos programas jornalísticos como os de Datena, Rezende etc. [TODOS ESSES PROGRAMAS ESTÃO USANDO HELICÓPTEROS E PODER FAZER ISSO TORNA-SE, MIDIATICAMENTE, SINAL DE CAPACIDADE DE SURPREENDER AÇÕES DE UM OUTRO ÂNGULO VISUAL: NOVIDADE JORNALÍSTICA SIGNIFICATIVA; NO LIMITE, QUEM VAI CAPTAR IMAGENS, NO FUTURO, DE COSMONAUTAS TRABALHANDO SERÃO, POSSIVELMENTE, CINEGRAFISTAS-TAMBÉM-COSMONAUTAS (durante a II Guerra Mundial, a Guerra da Coreia, as Guerras do Vietnã, Laos, Cambodja e outros conflitos armados captava fotográfica, videografica e cinematograficamente um contingente muito maior de repórteres, comparando-se à Grande Guerra anterior, a Primeira, de 1914-1918). FALB 

 

 

 

 

"FILMAGEM" ABSOLUTAMENTE SENSACIONAL: TELEJORNAL DA NORTE-AMERICANA ABC

APRESENTA, DE CIMA, PERSEGUIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA E DETENÇÃO DE O. J. SIMPSON,

NOS ESTADOS UNIDOS:

(http://www.capitalbay.com/latest-news/351281-legendary-news-helicopter-pilot-who-captured-footage-of-la-riots-and-oj-simpson-s-car-chase-has-started-transformation-to-become-a-woman-named-zoey.html

 

 

 

 

"TV Record Bahia investe na cobertura e traz novo helicóptero

Por: Redação Bocão News - 28 de Junho de 2013 - 11h33

 

O compromisso da TV Record Bahia de levar conteúdo, agilidade e a mais completa cobertura dos fatos que acontecem em Salvador e região metropolitana é mais uma vez reafirmado. O comandante Casseb e o repórter cinematográfico, Alexandre Borracha, trouxeram o Águia Dourado II para Salvador nesta sexta-feira (28). Nesta sexta-feira (28), o helicóptero deve ser estreado pela emissora baiana. 



(http://www.bocaonews.com.br/noticias/bafafa/entretenimento/63618,tv-record-bahia-investe-na-cobertura-e-traz-novo-helicoptero.html)

 

 

 

                                                       EM MEMÓRIA DO SR. HORÁCIO GUSMÃO COELHO,

                                                       SOGRO DE MINHA SAUDOSA TIA

                                                       ALICE LILIANA DE ARAUJO LIMA COELHO,

                                                       QUE APOIAVA PASSEATAS ESTUDANTES (D. ALICE, FUNCIONÁRIA

                                                       APOSENTADA DO IBGE / DEPTO. DE ESTATÍSTICA),

                                                       CONCENTRAÇÕES POLÍTICAS CONTRA A DITADURA MILITAR E

                                                       TUDO O QUE DISSESSE RESPEITO AO DITO SOCIALISMO REAL

                                                       [OUTROS SERES MARXISTAS SÉRIOS CONHECI:

                                                       ÁLVARO MOREYRA, QUE

                                                       FOI AMIGO DILETO DE MEU AVÔ BENJAMIN LIMA E DE MEU PAI,                                               COSME ALVES NETO, CONSERVADOR DA CINEMATECA DO MAM-RJ, AMIGO TAMBÉM DE MEU PAI E MEU,

                                                       O MEU CUNHADO ELMO DA SILVA AMADOR, PROFESSOR DOUTOR,

                                                       GEÓGRAFO/GEÓLOGO DO DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS DA UFRJ,                                            

                                                       THEODORO BOTINELLY, ECONOMISTA, PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DO AMAZONAS, PRIMO, MANOEL NUNES PEREIRA, ANTROPÓLOGO E ICTIÓLOGO DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,

O CINEASTA E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO (UFF) NELSON PEREIRA DOS SANTOS [AINDA ESTÁ VIVO E TAMBÉM - COMO O CITADO A. MOREIRA, INGRESSOU NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (APESAR DE SER SOBRINHO DE PESSOA DE PENDOR MARXISTA, NÃO ADERI NEM AO PARTIDO COMUNISTA, NEM À MAÇONARIA, A QUE PERTENCIAM (Maçonaria) NUMEROSOS ANCESTRAIS MEUS: PREFIRO AS SOCIEDADES CIVIS ABERTAS E OS PARTIDOS SOCIAIS-DEMOCRATAS ETC.)]

                                                       NO MUNDO, UMA VEZ QUE ELA ERA ANTIGA MILITANTE DO PCB,

                                                       DE LUÍS CARLOS PRESTES - E ASSINAVA UMA REVISTA DE PEQUIM,

                                                       CHINA, CUJOS SELOS COM A EFÍGIE DE MAO TSÉ TUNG ERAM-ME

                                                       CARINHOSAMENTE OFERECIDOS [COMO EM

                                                       MUDANÇA, POSSIVELMENTE EM RAZÃO DE FURTO, PERDI UM

                                                       ÁLBUM FILATÉLICO AFETIVAMENTE PRECIOSO, COMPREI OS

                                                       MESMOS SELINHOS DEPOIS, EM RESPEITO À GENEROSIDADE DA

                                                       Dª. ALICE, CUJO TIJOLO QUE ERGUEU EM SUAS LUTAS CONTRA A

                                                       DITADURA DO ESTADO NOVO E CONTRA A

                                                       DITADURA MILITAR DE 1964, HOJE, POR SEUS AMIGOS E

                                                       PARENTES, CONSTITUI MONUMENTO DE

                                                      RESISTÊNCIA E PATRIOTISMO]

 

 

 

 

REPÓRTERES NO TEATRO DE OPERAÇÕES

DA ITÁLIA, DURANTE A GUERRA:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A fotografia mostra os correspondentes de guerra que alua­ram junto à Forca Expedicionária Brasileira. Em pé, da esquerda para a direita: Rubem Braga, do Diário Carioca; Frank Norall, da Coordenação de Assuntos Interamericanos; Thassilo Mitke, da Agência Nacional; Henry Bagley, da Associated Press; Raul Bran­dão, do Correio da Manhã, e Horácio Gusmão Coelho, fotógrafo da FEB. Ajoelhados: Allan Fisher (autor da foto), fotógrafo da Coorde­nação de Assuntos Interamericanos, Egydio Squeff, de O Globo, e Fernando Stamato, cinegrafista. Sentado: Joel Silveira, dos Diários Associados.

[http://segundaguerra.net/livros-da-segunda-guerra-a-luta-dos-pracinhas-a-forca-expedicionaria-brasileira/] 

 

 

 

(http://2.bp.blogspot.com/-QVWEwBTFwrs/UdslMwdV5pI/AAAAAAAAETc/99a8RmNesrs/s640/Joaquim+Barbosa.+Bolha+de+Barbosa+estoura+no+auge+da+popularidade.jpg

 

 

 

 

 

20.7.2013 -     F. 

 

 

  "O ineditismo das ruas    
Há meses, manifesto no Senado a preocupação com o esfacelamento das instituições, a crise entre os Poderes e o descrédito em relação à atividade política. No fundo, tudo está relacionado às reivindicações da sociedade neste momento de mobilização e protesto.

 
Como venho prenunciando, a crise institucional nos levou à derrocada do modelo de democracia representativa. Em outras palavras, levou ao fenômeno que chamei de paradoxo da legitimidade versus credibilidade. De maior legitimidade, com 100% de seus integrantes escolhidos pela população, o Legislativo é hoje o Poder de menor aceitação popular. O Judiciário, em cuja composição não há qualquer participação da sociedade, detém no momento a maior confiança da população. Entre os dois, o Executivo, em que apenas os chefes são eleitos e os demais integrantes, nomeados.

 
Tudo de que se tem reclamado, em última instância, deriva do atual sistema político, que há décadas se isola das forças sociais. Por isso defendo a adoção do parlamentarismo, que traria para dentro do Congresso a participação da sociedade civil.

 
Com o modelo parlamentar, as refregas políticas e institucionais são arrefecidas e a administração pública torna-se ágil e eficaz. Pois, sob o presidencialismo de coalizão, constatamos em todos os níveis uma máquina pública travada, amarrada politicamente ao gerir serviços públicos essenciais.

 
O que vemos é o trabalho de planejadores, gestores e executores ofuscado. O que prevalece é a atuação de procuradores, auditores e fiscais. Assim, trocamos o conteúdo pela forma, o fim pelo meio, a trena pelo papel. O resultado virou coadjuvante numa cena em que a burocracia é protagonista. Em nome da eficiência cega, perdemos o rumo da eficácia.

 
É fato ainda que essas manifestações em nada se comparam com as mais recentes vividas no país, a começar pela motivação e objetivos. Nos anos 60 e 70, lutava-se contra a ditadura e pela anistia. Nos anos 80, pleiteavam-se abertura e eleições diretas. Em 1992, pedia-se a destituição do presidente da República. Hoje as demandas são inúmeras, genéricas e difusas.

 
Também diferem na abrangência, pois jamais assistimos a protestos em tantas cidades e ao mesmo tempo, assim como nunca tanta gente de idades, classes e ofícios tão diversos saiu às ruas. Mesmo na duração, nunca se mobilizou sem líderes e sem partidos por período tão longo. Se antes o cunho era eminentemente político, hoje somam-se vieses socioeconômico e de gestão pública, com o fio condutor pela mudança.

 
Portanto, não há como igualar o que vemos hoje com o que se viu no passado recente. A cobertura dos meios de comunicação também mudou. Não se reporta mais dos palcos dos acontecimentos, mas de sobrevoos. Apesar da avalanche de informações, com horas de rádio e TV ao vivo, as notícias e análises carecem de mais nitidez e conteúdo e menos subterfúgios midiáticos.

 
Em alguns casos, pende-se para a dissimulação da verdade. Algo estranho está no ar. Talvez, recuando ainda mais no tempo às revoltas do Vintém (1879-80) e da Vacina (1904) e elevando-as à enésima potência, os confrades e confreiras de plantão encontrem respostas para os protestos do terceiro milênio."

 
* Fernando Collor, 63, é senador (PTB-AL). Foi presidente da República (1990-1992)
 
 
O GRIFO É NOSSO]
 
 
 
 
 
 
 

 

 
 
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"O Primeiro Dia – Relato de Joel Silveira – Correspondente de Guerra
[DATA DA POSTAGEM:] 23/11/2011
 
 
 
 

 

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Escrevo esta minha primeira reportagem após 22 horas a bordo do transporte que nos desembarcará dentro de 16 dias em Nápoles. A mim e a cerca de seis mil soldados brasileiros que comigo seguem para a guerra. É um mundo estranho e misterioso que possivelmente  levará muito tempo para ser revelado. Ando pelos porões do imenso navio, perco-me em seus corredores que parecem não ter fim, e cada porta de ferro se abre para uma nova surpresa. Os navios e os alto-falantes que se multiplicam por todos os compartimentos são guias orais e explícitos do que se deve e não se deve fazer. Estamos em guerra, somos uma multidão que segue para a guerra, e muita coisa não se deve fazer: não se deve, por exemplo, atirar qualquer coisa ao mar. Sou apenas um recruta, bisonho e desprevenido como todo recruta, um pobre e indefeso civil em poucas semanas transformado num soldado da ativa, e me emaranho e me confundo num mundo que nunca foi meu. Os pracinhas, no convés nu ou nos corredores lá embaixo, olham sem compreender para o meu distintivo (um C graúdo pregado na farda de oficial), não sabem se devem ou não me prestar continência. Respondo, encabulado, à saudação de alguns poucos, mas o Tenente Justino Vieira, companheiro de camarote (durmo no beliche de cima, ele no do meio e no de baixo o Tenente Plínio Pitaluga), já me garantiram que tenho credenciais de oficial. Sou agora um “capitão”; dentro de mais duas semanas serei “capitano”. A verdade, porém, é que cometo gafes que matariam de vergonha qualquer oficial de verdade. Já falei com um “major” que era Coronel e ontem misturei a calça de um uniforme com a túnica de outro. Mas esta gente que viaja comigo simpática e compreensiva, e só posso ficar comovido com  a maneira gentil, quase paternal, às vezes divertida, com que soldados veteranos e oficiais tratam esse recruta que uma remota “linha de tiro” não consegue militarizar.

 

O Tenente Antônio Caldeira Vitral, oficial de ligação, me leva até o gabinete de comando, num dos compartimentos superiores, e me enche de dados sobre o que sou agora. Vejo-me de repente transformado num série de números. Sou agora o CG (a partir de Roma, esse CG – Correspondente de Guerra – se transformará em “War Correspondent”), instalado no camarote coletivo número 107, beliche 146. Em caso de perigo já sei o que tenho que fazer: não perder a calma, ajeitar o salva-vidas e, se houver tempo, corre para o lifeboat 9, a bombordo. Seriam meus companheiros no barco salva-vidas o Capitão Ítalo, Capitão Mário, o Capitão Darcy, o Tenente Justino, o Tenente Puenta, o Tenente Waldy e os funcionários do Banco do Brasil Berenguer e Messeder, todos companheiros deste apinhado 107, onde bato estas linhas estirado no colchão duro, a máquina portátil equilibrada de qualquer maneira nas coxas. Também não devo esquecer, todas as sete da manhã, de aproveitar ao máximo possível os variados pratos da primeira refeição do dia, já que a próxima, para o grupo de oficiais da primeira mesa (entre os quais estou incluído), acontecerá somente às cinco da tarde, apenas com variadas de chocolate e caramelo comprados por preço de banana nas cantinas de bordo. Manhã cedo, portanto, mergulhei decidido no que me ofereceram: ovos, bacon, grossas fatias de presunto e queijo, muito pão, laranja, café e creme de leite, manteiga farta que contentaria perfeitamente, durante uma semana, qualquer dona-de-casa. Tudo de esplêndida qualidade – tudo americano.

 

Há quase dois dias que estou a bordo, mas a verdade é que continuamos atracados, e o Rio, com suas luzes brilhantes perto, o Cristo iluminado e as ilhas da Baía, continua muito vivo dentro de todos nós. Num canto do salão dos oficiais, um capitão me confessou que seria melhor o General Meigs fosse embora logo: “enquanto a gente tem a certeza de estar perto de casa, e sem poder ver ou falar com os nosso, fica sempre com vontade de telefonar.”

 

Saber a hora e o dia em que o transporte deve se desgrudar do armazém isolado do resto do cais por uma reforçada guarda militar, e ganhar o mar alto, é problema crucial. Um marinheiro americano me garantiu num inglês quase mímico que seria ontem de madrugada, e hoje, logo cedo, um dos garçons me segredou na cozinha que “a coisa não passa do meio-dia”. O Presidente Getúlio já nos visitou, na véspera , e num pequeno discurso deixou suas despedidas. Por coincidência eu estava no meu camarote, tentando transporta a confusa bagagem de campanha (mais de 50 quilos, divididos em dois sacos, A e o B) do passadiço do navio para o 107, correndo com um maluco navio a dentro, subindo e descendo escadas, me perdendo aqui e ali, até chegar ao meu destino – pode coincidência, dizia, acabava de chega a meu camarote quando ele, Getúlio, entrou ali com sua comitiva. Sorriu para todos, mais ou menos perfilados, disse qualquer coisa a um major, despediu-se com um aceno.

 

Lembro-me de que a primeira camaradagem que fiz a bordo foi com um Tenente vindo da Bahia e que, mal o Presidente deixou o camarote, me apresentou um apressado croqui que fez dele, Getúlio. Perguntou se devia ou não mostrar o desenho ao desenhado. Sugiro que fala a pergunta a um oficial mais graduado – a um oficial de verdade, e ele corre pelo corredor, um tanto aflito. Não quer perder o homem.

 

As horas vão passando – melhor, correndo – e já agora posso fazer a lista de amigos novos: o Tenente Nestor Lício é um deles, oficial-dentista e que também, diz, já trabalhou em jornal. Falamos de A Manhã, de Mario Rodrigues, de A Pátria, jornais onde ele trabalhou, e ele me pede que na minha primeira correspondência para os Diários Associados mande abraços para Ósorio Borba e Bezerra de Freitas, seus amigos. Estão mandados. Outro bom companheiro, além do Tenente Plínio Pitaluga, que já conhecia antes de virar “soldado”, é o Tenente Milton Rocha Alencar, a quem conto, em primeira mão, uma complicada história de troca de bagagem. Acontece que recebi da Intendência do Exército, como todo oficiais expedicionário, um saco A, um saco B e – ia esquecendo deste, o mais pesado de todos – um saco C. Mas não recebi conjuntamente uma espécie rol que acompanha a entrega da bagagem e no qual vem muito bem explicado o que deve ser arrumado nos três sacos. O resultado é que guardei cuidadosamente nos sacos B e C, que vão para o porão e que só me serão devolvidos na Itália, tudo de que necessita uma criatura normal, mesmo um recruta, para suas precisões diárias: aparelho de barbear, sabão, toalha, pasta para dentes e respectivamente escova, coisas assim. O Tenente Milton ouve atentamente a minha história, narrada num tom profundamente melancólico, e solta uma gargalhada -  que de repente a história já é conhecida de todos ali no camarote – o que não deixou de ser uma solução: requisito de alguns companheiros um pouco de tudo o que falta, o que me deixa tranquilo.

 

Hoje pela manhã me surgiu pela frente a primeira exigência militar. O Capitão Ítalo, comandante do compartimento, nos reuniu a todos e nos avisou que iria distribuir as tarefas referente à faxina. Isto significa que cada oficial do 107, inclusive o correspondente e os funcionários do Banco do Brasil, terá o seu dia de trabalho: varrer o camarote, limpar as pias, forrar as camas, arrumar as bagagens etc. A escalação é feita conforme a idade, cabendo os mais moços as tarefas do primeiro dia. Sou o terceiro da lista, o que significa dizer que amanhã vou ter um dia cheio. O Tenente Mendonça me felicita pela sorte, pois que, segundo ele, dentro de poucos dias, com o navio andando e a turma enjoada a coisa vai ser muito pior. Como somos em 18 no camarote, nutro sólidas esperanças de não repetir até a chegada a Nápoles, o castigo que me espera amanhã.

 

Bem, meu nome é Joel Silveira, jornalista de 26 anos, e estou indo para a guerra. Voltarei? Lembro-me das palavras de Assis Chateubriand, meu padrão, quando dele me fui despedir, já devidamente fardado: “Seu Silveira, me faça um favor de ordem pessoal. Vá para a guerra mas não morra. Repórter não é para morrer, é para mandar notícias.”. Prometi obedecer cegamente a suas ordens, e tenho de cumprir a promessa.

 

Fonte: Joel Silveira e Thassilo Mitke – A Luta dos Pracinhas – A FEB 50 anos depois – Uma Visão Crítica. Editora Record, 3ª Edição – 1983."

(http://chicomiranda.wordpress.com/2011/11/23/o-primeiro-dia-relato-de-joel-silveira-correspondente-de-guerra/)

 

 

 

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Galeria da Força Expedicionária Brasileira

 
 
 
    
 
 
 
 
 


Armamento alemão capturado na rendição de Fornovo. Foto de Horácio Gusmão Coelho, abril de 1945. [GRIFO NOSSO]

(https://www.facebook.com/photo.php?fbid=541542342553088&set=a.511618675545455.116182.465507300156593&type=1&relevant_count=2)