[Ribamar Garcia]                                                                                                 

           Não me lembro quando nem como conheci Herculano Moraes. Fato foi que esse conhecimento surgiu naturalmente. E cresceu, desenvolveu-se, encorpou, engordou, virou amizade.    

          Lembranças... Vindas com nacos de saudade. Bons e ruins. Ficamos com aqueles e jogamos estes na lixeira. 

         No final de 1997, ele me avisou que lançaria a quarta edição do seu  “Visão Histórica da Literatura Piauiense”,  em três tomos, na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) no Rio de Janeiro. 

      No lançamento, compareceram parte da colônia piauiense e o repórter do caderno de cultura  do Jornal dos Sports  que, na  ocasião, pertencia aos donos das Casas da Banha, para os quais  eu advogava. Foi um sucesso. Entre os presentes, o escritor Assis Brasil, o humorista -  escritor  João Cláudio Moreno  e o general – escritor João Evangelista Mendes da Rocha. Este, entusiasta de Herculano, havia participado ativamente da  Segunda Guerra Mundial, quando, como capitão, comandara a Segunda Companhia do Sexto Regimento de Infantaria, tendo sido condecorado  por bravura.

            O Jornal dos Sports cobriu o evento, como mostra a  reportagem que se transcreve, ilustrada pela fotografia de Herculano entre mim e  João Cláudio Moreno.   

         “ ESCRITOR RESGATA A LITERATURA DO PIAUÍ. O escritor piauiense Herculano Moraes lançou, na última sexta-feira, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, a 4ª edição do livro VISÃO HISTÓRICA DA LITERATURA PIAUIENSE. Um título que reúne duzentos anos da trajetória literária do seu Estado.

          ‘Lançado pela editora H.M.Editor, o livro é dirigido ao ensino básico das escolas do Piauí. “O estudo da literatura piauiense nas nossas escolas, instituída pelo artigo 226 da Constituição (estadual), foi uma importante conquista”, disse Moraes. O autor acredita que essa é uma das melhores maneiras de valorizar grandes nomes da atualidade e do passado, e não deixá-los  cair no esquecimento.

       ‘A obra será distribuída por instituições de caridade, como o Lar Esperança. “Dessa forma, o dinheiro  que eu daria às livrarias será destinado a ajudar os outros”, explica Moraes.” 

            Foi quem idealizou meu ingresso  na Academia Piauiense de Letras.  E, como não poderia ter deixado de ser, o  escolhi para me receber. No dia, da posse, em 15 de março de 2007, fui recepcionado com seu belo discurso, repleto de evocações.  Esse fato narrei no meu livro “Depois, o trem”.  

         Herculano, a quem eu chamava afetuosamente de “ÍndIo”, devido à semelhança do seu semblante com o de um nativo da Amazônia,  personificava a simplicidade – qualidade  própria dos inteligentes. Foi grande em todas as atividades que exerceu: jornalista, poeta, escritor, crítico literário, orador. Dedicou a vida à cultura e à literatura, tendo fundado várias academias de Letras. Era afável, prestativo e, demasiadamente, talentoso.  Nele talento escorria pelo corpo feito suor.  E como escorria...  sob este sol ardente de nossa Teresina.