UMA MEDIDA  QUE FAZIA FALTA

 

                                                       

                                                                          Cunha e  Silva Filho

 

 

     Não  compartilho com a  maneira  pela qual  Donald Trump governa os Estados Unidos, sobretudo em razão  de algumas  de suas ações voltadas para a solução de problemas internos do  seu país, como, entre outras,  a questão  dos imigrantes,  da construção de um grande muro separando os Estados Unidos do México assim como  suas afirmações    exageradas, imprevisíveis e fanfarronas acerca de um grande número de assuntos não adequadamente  tratados por ele com maior   seriedade, fato que  levou muita gente  a chamá-lo até de palhaço.  E aqui não estou  falando das muitas  mentiras (não as mentirinhas inócuas)  a ele atribuídas ou por ele mesmo  declaradas durante sua campanha  à presidência dos Estados Unidos.

      Decerto, ao concentrar  sua atenção nos esforços em proteger os  interesses dos americanos, dando, assim,  um recado aos  milhares de imigrantes que vivem nos Estados Unidos ilegalmente, seu discurso soa anacrônico e nacionalista. Esta atitude dele  só  colherá   descontentamento no seio da sociedade  americana.  Tal atitude de sua parte só lhe trará  descontentamento  e  desaprovação de sua administração pela sociedade.  Ele terá que desistir de algumas   atitudes  irrefletidas   que demonstrarão   serem erradas  e apressadas. 

    Por outro lado,  tem-se que compreender que seriam necessários alguns  reajustes a fim de corrigir erros  passados no que concerne à questão dos imigrantes, sobretudo atualmente quando o mundo enfrenta uma tremenda onda de ataques terroristas que se  espalham no mundo  inteiro.

     Este momento difícil da história mundial exige rígidas medidas    controle que de alguma forma  reduzam ameaças estrangeiras conduzidas  pelo  Estado Islâmico e suas ações criminosas  e pusilânimes contra inocentes em  qualquer parte. Nenhuma  trégua deveria ser  concedida – devemos enfatizar -  a ações traiçoeiras  de assassinos fanáticos  e sanguinários.

     Esquecendo por  enquanto os erros de Trump e muitas  pós-verdades que se originaram de algumas  declarações públicas  do presidente,  não se pode negar que,  no conflito da Síria,  ele agiu bem ao bombardear  alguns  alvos de um  região no sentido de  diretamente  afirmar que não está aí para brincadeiras no caso dessa  guerra civil que parece não ter fim.

    O ditador Bashar al-Assad há seis anos   tem sido o responsável pelas mortes de civis e de adversários indistintamente. Esse é um  conflito antigo   que precisa ser de imediato  solucionado. Para  fazê-lo,   é imperativo  que  uma  coalizão internacional seja  encarregada da solução desse  espinhoso  problema.  Um cessar-fogo é tão urgente quanto obrigatório. A paz do cidadão  sírio depende amplamente da concretização dessa tarefa  desafiadora.

       Não se trata de interferência na chamada soberania nacional, como  alguns  analistas pensam, sobretudo aqueles  que veem o Estados Unidos com  invasores   de países. É óbvio que  certas invasões Americanas em alguns países  devem ser severa e justamente   censuradas, como foi  o exemplo da invasão do Iraque, feita precipitadamente e sem necessidade.

      No entanto, na guerra civil síria se fizeram  todas as negociações  possíveis juntamente com o apoio  do Conselho de Segurança  das nações Unidas e outras instituições internacionais da paz. Contudo,  até o presente, nenhum   resultado concreto  poderia apontar para um  sinal de esperança de paz. Assad não pode  pensar que seja proprietário de seu país e ainda manter  seu povo  manietado pelas suas  determinações pessoais e autoritárias.

     A Síria pertence, sim,  ao seu povo, não a uma autocracia, na qual não se levam em consideração princípios democráticos. Portanto, todos os esforços  de importantes  democracias deveriam ser feitos no sentido de  apear do poder o ditador. Não há mais tempo para adiamentos de decisões dos países  democráticos. Essa situação anômala não pode durar  para sempre, do contrário, estaremos  permitindo que uma  população inteira  ali ainda vivendo em aflição seja  apagada do mapa. Ao permitir que  o pior  possa vir, estaremos  agindo como  cúmplices indiretos de um genocídio.

    O recente emprego do sarin (pela terceira  vez) agora usado em bombardeios pelo governo sírio sobre  populações indefesas compostas de civis, especialmente crianças é uma prova de quão selvagem e  inclemente se mostra um governo com respeito aos seres humanos. Para ser preciso, o uso desta arma química ocorreu em  Goutha, em 2013, ceifando 1.400 pessoas e, em 2014, tropas sírias utilizaram  cloro com gás em  excursões militares.

      O emprego de armas químicas é proibido durante guerras, mas, mesmo assim,  desconsiderando todas as convenções internacionais de guerra, foi recentemente usado, conforme me referi acima. No entanto, o ditador, posto tenha se tornado um membro da OPCU ( acrônimo da   Organização  para a Proibição de Armas Químicas), na prática,  nunca  respeitou seus regulamentos.

    Não posso esquecer  a cena de horror ao ver na TV um jovem pai desesperadamente gritar pelas suas  duas criancinhas mortas nos seus braços. As criancinhas estavam  prestes a serem  enterradas num buraco cavado  no chão.  De repente vêm-me à mente algumas  perguntas: É possível que um homem, mesmo na condição de ditador, não sinta piedade destas criancinhas? Em que mundo, leitores, ainda   vivemos que permite estas atrocidades contra crianças  indefesas,  como na Síria e em outras regiões da Terra? Não basta o que sofremos com os crimes  nas duas Guerras  Mundiais?  Já está na hora de pararmos com estes crimes  abomináveis. O que estamos esperando para fazer a nossa parte  a fim de pôr um ponto final a estas ditaduras  e a grupos de terroristas?

     Desejo fazer mais um comentário. No conflito da Síria as cartas claramente estão na mesa. Sabemos que a Rússia é pró-Síria e, o que é mais,  está dando todo  apoio militar ao ditador. Da mesma forma o Irã. Da  mesma forma certamente a China, e provavelmente a Coreia do norte. Sendo assim,  é fácil  entender  por que  a Rússia defende a Síria. Na minha visão,  não é por apenas razões ideológicas.

    O mesmo  diria  para os outros três mencionados países. A Rússia apoia a Síria por outros interesses: geopolíticos, econômicos  e hegemônicos. O Irã,  por poderes  militares e talvez por   princípios religiosos, Este país há muito é tido como  inimigo dos Estados Unidos.

     Por outro lado,  o que  este tabuleiro de  xadrez sinaliza é o fato de que,  se  todos estes  interesses  prevalentes persistirem,  o mundo estará à beira de  cometer uma loucura. Por uma terceira vez e com consequências imprevisíveis.

    Minha recomendação dirigir-se-ia aos líderes mundiais que, na hipótese de não terem  lido as sábias  advertências do grande homem, matemático e filósofo Bertrand Russell (1872-1970), que possam fazê-lo. Não estou citando-o ipsis verbis: “ existem dois caminhos caso  haja um outro  conflito mundial:  paz  ou destruição completa.”

Postado por às 12:33 

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