Uma gralha caríssima
Por Maria do Rosário Pedreira Em: 05/01/2017, às 10H15
[Maria do Rosário Pedreira]
Ninguém é perfeito – e todos os editores sabem que não há livros sem gralhas. Quando estamos a contraprovar (ver se as emendas marcadas na primeira prova foram todas feitas), acontece regularmente que, num grupo de páginas seguidas, não se fizeram quase correcções; isso corresponde a um momento em que o paginador estava já cansado e devia fazer um intervalo, tomar um café e regressar mais fresquinho. É horrível ler um livro cheio de gralhas, bem sei, mas umas são insignificantes, enquanto outras podem ser realmente muito chatas. Li num divertido artigo sobre o assunto que, numa versão da Bíblia em Inglaterra, um dos Dez Mandamentos saiu «adulterado», dizendo «Thou shalt commit adultery» (oh, meu Deus!, a Bíblia a mandar cometer adultério!). Mas muito pior foi o que aconteceu na Austrália com um livro que era, supostamente, outra Bíblia, a da Pasta, e em que o autor escreveu muito provavelmente o que não queria. Numa das receitas, de tagliatelle com sardinhas (eu cá não a experimentaria), em lugar de acrescentar «salt and black pepper» (sal e pimenta preta), o que ficou escrito foi «salt and black people»… Quando se deu pela calamidade, foi preciso tirar os livros do mercado (mais de 7000), o que custou à empresa cerca de 20 000 dólares australianos! Por isso, sempre que encontrarem gralhas nos livros que publico, por favor usem meu endereço de e-mail e comuniquem-mas: assim, numa segunda edição, corrigi-las-emos.