Dogen, ainda Dogen (1200-1253) escreveu, ou melhor,  pintou um quadro imaginativo perene, máximo, perto da perfeição absoluta, em poucas palavras. Nós vemos aí o tempo, o tempo vazio, o tempo imóvel, o pensamento imóvel, a imobilidade do instante eterno, a pura percepção do absoluto universal, vazio e luminoso - barco vazio sintoniza que não vamos a nenhum lugar, porque já chegamos, porque já estamos lá, inundados de felicidade, em paz com o universo, em paz com o céu e com o inferno, livres das ondas do bem e do mal, livres do ventos do destino, das causas, das conseqüências, das interferências, nós somos ali o todo e o tudo, com a transparência do luar. 

Meia-noite.
Nenhuma onda, nenhum vento,
o barco vazio
é inundado de luar.