Saindo um pouco da crônica e do artigo, apresento-lhes, meus leitores, um poema, numa tradução minha, bilíngüe e livre, do soneto “How do I love thee?”, de Elisabeth Barrett Browining.
Elisabeth Browning (1806-1861), segundo a crítica, tem posição de relevo entre os grandes líricos ingleses, numa relação de poetas a que compareceria o próprio William Shakespeare. Browning, na vida, teve que lutar contra uma invalidez e o egoísmo do pai, Edward Moulton, um proprietário de escravos. A poeta casou-se com o célebre poeta vitoriano, Robert Browning. Obras principais: Sonnets from the Portuguese, Casa Guidi Windows, Aurora Leigh, Poems before Congress . Ei-lo:


How do I love thee?

How do I love thee? Let me count the ways
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.

         I love thee to the level of every day’s 
         Most quiet need, by sun and candle-light.
        I love thee freely, as men strive for Right
       I love thee purely, as they turn from Praise.

I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood’s faith.
I love thee with a love I seemed to lose.

      With my lost saints - I love thee with the breath
       Smiles, tears, of all my life! And, if God choose
       I shall but love thee better after my death.


                          Um modo de vos amar


Que forma tenho eu de vos amar? Amo-vos até onde
A minha alma consiga atingir a profundidade, a amplidão e a altura
Do meu ser, quando o sentimento, perdendo-se no horizonte,
Procura do Ser os confins e a Graça ideal.

       Amo-vos até ao nível da mais tranqüila e cotidiana necessidade
      Desde o nascer do sol à chegada da noite.
      Amo-vos tão livremente quanto os homens lutam pela Justiça
      Amo-vos tão puramente quanto aqueles se esquivam do Elogio.

Amo-vos com a paixão vivida durante
Os meus antigos padecimentos e a fé da minha infância.
Amo-vos com aquele amor que me parecia ter-se fenecido

      Com os meus esquecidos santos – Amo-vos com o sopro da vida,
      Os sorrisos e lágrimas de toda a minha existência e, se  Deus aprouver,
      Amar-vos-ei ainda mais profundamente após a minha vida.