Um poema de Carol Ann-Duffy*
Por Cunha e Silva Filho Em: 16/07/2011, às 17H53
Um poema de Carol Ann-Duffy*
“ o poema, ele mesmo, é uma busca por sua própria veracidade, um mapa de sua própria verdade.”
Carol Ann-Duffy
COLD
It felt so cold, the snowball which wept in my hands,
and when I rolled it along in the snow, it grew
till I could sit on it, looking back at the house,
where it was cold when I woke in my room, the windows blind with ice, my breath n dressed itself on the air.
Cold, too, embracing the torso of snow which I lifted up
In my arms to build a snowman, my toes, burning, cold
In my winter boots; my mother’s voice calling me in
From the cold. And her hands were cold from peeling
Then dipping potatoes into a bowl, stopping to cup
Her daughter’s face, a kiss for both cold cheeks, my cold nose.
But nothing so cold as the February night I opened the door
In the Chapel of Rest where my mother lay, neither young, nor old,
Where my lips, returning her kiss to her brow, knew the meaning of cold.
FRIO
Muito fria era a bola de neve que em minhas mãos dor causavam,
e, ao fazê-la rolar pela neve, se avolumava
a ponto de nela pode sentar-me, com o olhar para a casa voltado.
Quanto frio fazia ao acordar no meu quarto, as janelas de frio baças,
a respiração no ar propagando-se.
Estava mesmo frio quando abracei o tronco que com os braços ergui
pra um homem de neve construir. Meus artelhos de frio ardiam
nas minhas botas de inverno. A voz de mamãe me chamando
pra do frio proteger-me. Suas mãos gélidas estavam batatas descascando,
molhando-as logo na tigela, só a interrompendo pra cobrir
de beijos nas bochechas e no nariz glacial da filha a face.
Nada, todavia, foi tão frio como na noite de fevereiro ao abrir a porta
da Capela do Descanso, onde jazia mamãe, nem jovem, nem idosa.
Meus lábios, na fronte beijos seus devolvendo, entendeu o sentido do frio
(Trad. de Cunha e Silva Filho)
* Segundo notícia publicada no Jornal O Globo, Prosa & Verso ( p. 2, 16/06/2011), Carol Ann-Duffy é poeta laureada do Reino Unido, nascida na Escócia, estimada tanto nas escolas quanto no julgamento da crítica que já lhe conferiu “todos os prêmios possíveis”. Participou agora da 9ª Feira Literária Internacional de Paraty (Flip).
Um poema de Carol Ann-Duffy*
“ o poema, ele mesmo, é uma busca por sua própria veracidade, um mapa de sua própria verdade.”
Carol Ann-Duffy
COLD
It felt so cold, the snowball which wept in my hands,
and when I rolled it along in the snow, it grew
till I could sit on it, looking back at the house,
where it was cold when I woke in my room, the windows blind with ice, my breath n dressed itself on the air.
Cold, too, embracing the torso of snow which I lifted up
In my arms to build a snowman, my toes, burning, cold
In my winter boots; my mother’s voice calling me in
From the cold. And her hands were cold from peeling
Then dipping potatoes into a bowl, stopping to cup
Her daughter’s face, a kiss for both cold cheeks, my cold nose.
But nothing so cold as the February night I opened the door
In the Chapel of Rest where my mother lay, neither young, nor old,
Where my lips, returning her kiss to her brow, knew the meaning of cold.
FRIO
Muito fria era a bola de neve que em minhas mãos dor causavam,
e, ao fazê-la rolar pela neve, se avolumava
a ponto de nela pode sentar-me, com o olhar para a casa voltado.
Quanto frio fazia ao acordar no meu quarto, as janelas de frio baças,
a respiração no ar propagando-se.
Estava mesmo frio quando abracei o tronco que com os braços ergui
pra um homem de neve construir. Meus artelhos de frio ardiam
nas minhas botas de inverno. A voz de mamãe me chamando
pra do frio proteger-me. Suas mãos gélidas estavam batatas descascando,
despejando-as logo na tigela, só a interrompendo pra cobrir
de beijos nas bochechas e no nariz glacial da filha a face.
Nada, todavia, foi tão frio como na noite de fevereiro ao abrir a porta
da Capela do Descanso, onde jazia mamãe, nem jovem, nem idosa.
Meus lábios, na fronte beijos seus devolvendo, entendeu o sentido do frio
(Trad. de Cunha e Silva Filho)
* Segundo notícia publicada no Jornal O Globo, Prosa & Verso ( p. 2, 16/06/2011), Carol Ann-Duffy é poeta laureada do Reino Unido, nascida na Escócia, estimada tanto nas escolas quanto no julgamento da crítica que já lhe conferiu “todos os prêmios possíveis”. Participou agora da 9ª Feira Literária Internacional de Paraty (Flip).