Um poema de Carol Ann-Duffy*

“ o poema, ele mesmo, é uma busca por sua própria veracidade, um mapa de sua própria verdade.”

Carol Ann-Duffy


COLD


It felt so cold, the snowball which wept in my hands,
and when I rolled it along in the snow, it grew
till I could sit on it, looking back at the house,
where it was cold when I woke in my room, the windows blind with ice, my breath n dressed itself on the air.
Cold, too, embracing the torso of snow which I lifted up
In my arms to build a snowman, my toes, burning, cold
In my winter boots; my mother’s voice calling me in
From the cold. And her hands were cold from peeling
Then dipping potatoes into a bowl, stopping to cup
Her daughter’s face, a kiss for both cold cheeks, my cold nose.
But nothing so cold as the February night I opened the door
In the Chapel of Rest where my mother lay, neither young, nor old,
Where my lips, returning her kiss to her brow, knew the meaning of cold.


FRIO


Muito fria era a bola de neve que em minhas mãos dor causavam,
e, ao fazê-la rolar pela neve, se avolumava
a ponto de nela pode sentar-me, com o olhar para a casa voltado.
Quanto frio fazia ao acordar no meu quarto, as janelas de frio baças,
a respiração no ar propagando-se.
Estava mesmo frio quando abracei o tronco que com os braços ergui
pra um homem de neve construir. Meus artelhos de frio ardiam
nas minhas botas de inverno. A voz de mamãe me chamando
pra do frio proteger-me. Suas mãos gélidas estavam batatas descascando,
molhando-as logo na tigela, só a interrompendo pra cobrir
de beijos nas bochechas e no nariz glacial da filha a face.
Nada, todavia, foi tão frio como na noite de fevereiro ao abrir a porta
da Capela do Descanso, onde jazia mamãe, nem jovem, nem idosa.
Meus lábios, na fronte beijos seus devolvendo, entendeu o sentido do frio


(Trad. de Cunha e Silva Filho)

 

* Segundo notícia publicada no Jornal O Globo, Prosa & Verso ( p. 2, 16/06/2011), Carol Ann-Duffy é poeta laureada do Reino Unido, nascida na Escócia, estimada tanto nas escolas quanto no julgamento da crítica que já lhe conferiu “todos os prêmios possíveis”. Participou agora da 9ª Feira Literária Internacional de Paraty (Flip).

 

 

 

Um poema de Carol Ann-Duffy*

 

                          “ o poema, ele mesmo, é uma busca por sua própria veracidade, um mapa de sua própria verdade.”

                                                                            

                                                                                  Carol Ann-Duffy

 

 

COLD

 

 

 It felt so cold, the snowball which wept in  my hands,

and  when I rolled it along in the snow, it grew

till I could sit on it, looking back at the house,

where  it was cold when I woke in my room, the windows blind with ice, my breath n dressed itself on the air.

Cold, too, embracing the torso of snow which I lifted up

In my arms to build a snowman, my toes, burning, cold

In my winter boots; my mother’s voice calling me in

From the   cold.  And her hands were cold from peeling

Then dipping potatoes into a bowl, stopping to cup

Her daughter’s face,   a kiss for both cold cheeks, my cold nose.

But nothing   so cold as the February night I opened the door

In the Chapel of Rest where   my mother lay, neither young, nor old,

Where my lips, returning her kiss to her brow, knew the meaning of cold.

 

 

                      FRIO

 

 

Muito fria era a bola de neve que em   minhas mãos  dor causavam,

e, ao  fazê-la rolar pela neve, se avolumava

a ponto de nela pode  sentar-me, com o  olhar para  a casa voltado.

Quanto frio fazia  ao  acordar no meu quarto, as janelas de frio baças,

a respiração  no ar propagando-se.

Estava mesmo  frio quando abracei o tronco que  com os braços ergui

pra um homem de neve construir. Meus artelhos de frio  ardiam

nas   minhas  botas de inverno. A voz de mamãe me chamando

pra  do frio proteger-me. Suas mãos gélidas  estavam batatas descascando,

despejando-as   logo  na tigela,  só a interrompendo pra cobrir

de beijos nas bochechas e no nariz glacial da filha a face.

Nada, todavia, foi tão  frio como na noite de fevereiro  ao abrir a porta

da Capela do Descanso, onde jazia  mamãe, nem jovem, nem idosa.

Meus  lábios, na fronte beijos  seus devolvendo, entendeu o sentido do frio

 

                                                                      

                                                                      (Trad. de Cunha e Silva Filho)

 

 

 

*  Segundo notícia publicada no Jornal O Globo, Prosa & Verso ( p. 2, 16/06/2011), Carol Ann-Duffy é poeta laureada  do Reino Unido, nascida na Escócia,  estimada tanto nas escolas quanto no julgamento da crítica  que já lhe conferiu “todos os prêmios possíveis”. Participou agora da  9ª Feira Literária Internacional de Paraty (Flip).