UM COMÍCIO NO BAIRRO DA GUARITA (*)

Elmar Carvalho

Ainda cedo, fui com o Canindé Correia tomar um caldo com tapioca no bar do senhor José dos Santos, nas proximidades do mercado público do bairro N. S. de Fátima, reduto onde os boêmios parnaibanos vão curar a ressaca ou fazer a base para nova maratona etílica. Lá, encontrei velhos conhecidos, e entre eles o Vicente de Paula (Potência) e o engenheiro Paulo Meireles.

Comuniquei a esses amigos que, neste diário, motivado por uma conversa com o Fonseca Neto, havia falado no comício da Guarita, quando o atual presidente Lula veio a Parnaíba, na época da luta pela criação do PT, nos idos de 78/79, do século passado. O Vicente recordou que o comício foi feito em cima de um caminhão emprestado pelo atual prefeito parnaibano, Zé Hamilton, que era pessoa da amizade do grupo do jornal Inovação.

Também se lembrou de um coquetel que houve na casa da Tércia, amiga do Reginaldo Costa, que hospedava o líder trabalhista. Nessa confraternização, quando foram oferecer uma cerveja ao Lula, ele perguntou se não havia uma cachacinha da terra. Ao lhe ser oferecida a calibrina, misturou com um vermute, fazendo o coquetel conhecido como rabo de galo. Recordamos que o comício foi feito na base de empréstimos.

Além do caminhão, já referido, os paus para instalação dos fios elétricos foram cedidos por vendedores do bairro Guarita. Os amplificadores de som também foram cedidos gratuitamente. O Vicente conseguiu que o proprietário de um cinema do bairro fizesse a divulgação do comício sem nada cobrar, graças a sua amizade pessoal com ele, que lhe devia favor. Com toda essa pobreza, mais do que franciscana, o então grande empresário José Alexandre Caldas Rodrigues ainda achou de perguntar ao Canindé quem estava, à socapa, financiando o evento.

14 de fevereiro de 2010

(*) Esclareço que a republicação desta crônica memorialística (desentranhada de meu livro Diário Incontínuo) nada tem a ver com os atuais acontecimentos da política nacional. São realidades muito diferentes, tanto no tempo, como no espaço. Também foi mera coincidência eu haver publicado recentemente em meu blog o poema Guarita.