(Miguel Carqueija)
 

De vez em quando é preciso falar de assuntos desagradáveis


ULTRAGE À INOCÊNCIA


“Analisar o comportamento alheio, subentende a permissão para ser também julgado.”
(André Carneiro, “Sem memória”)


    Na hora em que grande parte da mídia, de forma claramente parcial, expõe a Igreja Católica a uma bateria de acusações por pratica de pedofilia, levando muitas pessoas superficiais a fazerem eco a tais acusações onde já se relaciona Igreja e padre com pedofilia, é preciso por os pingos nos is, com serena objetividade.
    Tenho acompanhado os noticiários quotidianos. Qualquer um pode fazê-lo. Uma coisa que me chama a atenção é a quantidade de casos que vêm à luz, de agressões contra crianças e adolescentes. Não se trata somente de abusos sexuais, são também espancamentos, torturas, assassinatos, abandonos. Seguindo o caminho aberto pela universal permissão ao aborto — numa lógica fria e implacável — a atual sociedade, cada vez mais desprovida de compaixão, agride sistematicamente a criança. Alguns casos recentes obtiveram mais repercussão: a menina atirada pela janela, o bebê espancado pela procuradora que o tutelara, os adolescentes assassinados por um pedreiro etc.
    Recentemente — em 29 de julho de 2010, no programa “Escola da Fé”, da TV Canção Nova (canal 20 da tv aberta) o admirável Padre Paulo Ricardo respondeu à insultuosa mensagem de um infeliz protestante, que atirou frases venenosas contra a Igreja Católica, acusando-a inclusive de ser um reduto de pedofilia. Na nobre resposta que deu, o Padre Paulo Ricardo observou que, estatisticamente, há mais acusações de pedofilia contra pastores que contra padres. E foi entusiasticamente aplaudido pela platéia do programa.
    A verdade é essa. Por um lado, a Igreja — inclusive o Papa Bento XVI, como antes dele João Paulo II — vem tratando o assunto com grande transparência. Por outro lado, a incidência de padres nessa perversão é insignificante (claro que deveria ser zero). Pelo que tenho observado, a pedofilia e os maltratos ocorrem em geral no âmbito da família. Nem por isso iremos nós iniciar uma campanha de desmoralização contra os pais, padrastos, tios etc. Uma observação sistemática mostrará que essa maldição do século ocorre em tudo que é classe ou categoria. O meio artístico também está atingido, e ainda recentemente repercutiu o caso de Roman Polanski.
     Como se sabe, Polanski fugiu dos Estados Unidos, onde trabalhava como cineasta, após ter relações abusivas com uma menina de treze anos. Acusado por abuso de menor, preferiu escapar ao julgamento. Ficou agora alguns meses preso na Suíça, cuja justiça infelizmente optou por não devolve-lo aos EUA, e o colocou em liberdade. Ora, causa espécie constatar como a mídia e a classe artística foram lenientes com Polanski!
      Concluo, disso tudo, que a mídia tende grandemente a ser facciosa, parcial, em sua pretensa moral, e sua parcialidade prejudica a Igreja Católica, ferida por campanha orquestrada, mendaz e infame.


Rio de Janeiro, 31 de julho e 22 de agosto de 2010.