Tiradentes: Rua Direita
Em: 31/05/2009, às 21H21
Rogel Samuel
Naquela rua é bom caminhar, visitar a Ivana, entrar na casa da Índia, no atelier de Lyria Palombini. É delicioso caminhar bem cedo em direção à pequena padaria, para a média e pão com manteiga. Depois descer a rua direita até à praça, pisando naquelas pedras traiçoeiras. E sair do centro histórico da cidade, passar pelo hotel do Bebeto, e caminhar até o rio, e sua ponte. Ali ficar vendo as águas que passam, a paisagem, as margens, sem pensar. E alguns velhos pescadores estendem suas linhas, e pelo bem dos peixes torço que nada pesquem. Cavalos, bicicletas, cães. O mundo afastado, o mundo em paz, pousado ali. O jardim da estação de trem, redondo, suas aléias. Eu me sento. Ouço tudo, sinto o aroma silvestre e me engolfo no verde. Por que pensar? No silêncio pleno meu espírito está em paz. Sou um momento de felicidade, posso continuar sentado. Como de sempre, minha companhia fuma. Mas eu nem reclamo, ali. O fumo some, a vida se esfumaça, o tempo se dilui, as ondas dos ares se abrem, é possível existir num instante, naquele instante eterno.