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 TINKERBELL

Miguel Carqueija

 

 

Eu me chamava Sininho

no dia em que o conheci;

dei-lhe todo o meu carinho

mas no fim eu o perdi.

 

Eu e Peter assim fomos

um amor bem diferente:

afinal o que nós somos?

Eu fadinha e ele gente.

 

Mas como amar um humano

pequenina como eu sou?

Foi este o amor insano

que bateu asas, voou.

 

Eu só podia beijá-lo!

Casar com ele impossível.

Eu queria tanto amá-lo,

viver assim era horrível.

 

Mas Peter nem percebia

o amor em meu coração;

insone à noite e de dia,

acalentando a paixão.

 

Por toda a parte o segui,

até que um dia cansei;

e certa tarde eu fugi,

às fadas eu retornei.

 

No reino das fadas vivo

curtindo um cruel destino:

com meu coração cativo,

soando triste o meu sino.

 

A dor da gente é só nossa,

que aos outros não se revela;

Tinkerbell vive na fossa,

Levando a dor que é só dela.



(imagem do google)