Precisamos de fé e de esperança. Sempre foi assim, em qualquer período da história, em todas as épocas do ano, em todos os segundos de vida. E vai continuar sendo, até que pereçamos. Dessa fé à qual Bento XVI, quando ainda cardeal Joseph Ratzinger, conceituou como sendo algo que, de fato, é dado para ser transmitido aos outros; algo que nem se tem, realmente, quando só se quer ter para si mesmo. Dessa esperança que nos empurra para frente e nos levanta, quando ameaçamos sucumbir, parar, desistir de tudo. Dessa esperança que, ao mesmo tempo, é fé: firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem – Hebreus 11,1.

            Nestes tempos bicudos de guerras políticas, religiosas, de desrespeito e descaso para com a natureza, a família, a humanidade; de violência contra as minorias, os mais frágeis, os desvalidos, as crianças, as mulheres, os animais; nestes momentos de extrema insensatez dos homens que nos governam e dos que nos representam nos parlamentos; horas de clamor, instantes de pavor, terror reverberando, ininterrupta e, continuamente, em tantos e tão diversos rincões de toda a terra; sem fé e esperança estaremos arruinados, perdidos, destruídos.

            Temos que buscar força nas situações mais improváveis, nos recônditos menos prováveis, onde jamais pensaríamos encontrá-la; devemos acreditar que podemos mudar as coisas, transformar descrença e dúvida em obstinação, persistência, perseverança, e nos mantermos firmes nessa intenção; ou isso ou seremos condenados a vagar como zumbis, até que o Todo-Poderoso compreenda que fracassamos e nos alivie dos fardos, chamando-nos para mais perto Dele.

Claro que não gostaríamos de fraquejar, deixar-nos intimidar pelo que parece mais forte do que nós. Melhor pensar ou acreditar que superestimamos as mazelas e as dificuldades. Não podemos deixar de crer que há, sim, solução, luz no final do túnel; que sempre é possível recomeçar, retomar a caminhada de onde paramos; ir em frente. Já imaginou que bom seria se, ao olharmos, víssemos o que ficou lá trás, cada vez mais longe e menor, como sinal de que, de fato, não ficamos parados, não nos acomodamos? Se estivermos nos sentindo bem, sem incertezas nem arrependimentos, resta provado que estamos seguindo no rumo certo, na direção correta.

            Um ótimo momento para repensarmos nossa vida, avaliarmos o que nos fez perder tempo precioso, o que nos atrasou; uma oportunidade de darmos uma guinada, efetuarmos mudanças profundas ou radicais nela, fazermos um balanço, quebrarmos velhos paradigmas, anuncia-se: eis que chega o final de mais um ano, um período em que paramos para acompanhar e comemorar a grande festa cristã; época de congraçamento entre os homens, as famílias; enfim, entre todos que acreditam que quem está renascendo no nosso meio é, mais que o maior exemplo, o símbolo de esperança, fé e de vida.

Senhor, precisamos que nos acolha e nos ampare, nos encha de coragem e resistência para suportarmos tantas e tão severas provações. Não nos deixe esmorecer, nem aceitar como natural ou normal mesmo um tempo que poderia ser apenas um estágio de degenerescência humana, de mentiras, de vazio existencial, se ele chega a tolher-nos o desejo e a vontade de lutarmos; não nos permita, sequer, imaginarmos que a batalha por um mundo melhor está perdida. Reiteramos, Salvador: faz-nos acreditar que teremos vigor suficiente para resistir a tanto desmando, descrença e incoerência. Vivemos, sim, uma época de grandes dores e dissabores, mas, se vier em nosso auxílio, ela será passageira. Sabemos que é pedir muito, porém, em nome de seu filho, Jesus, que, ora, renasce, espiritualmente, entre nós, não nos negue mais isto: ajude-nos, Pai.

            Filho de Deus, Jesus Cristo, entre em nossas casas e fique conosco, para que, juntos, possamos comemorar com muita saúde, paz, esperança e fé seu Natal.

            A todos que acreditam nas palavras,  promessas e feitos de Cristo, nossos sinceros votos de Feliz Natal.

            Antônio Francisco Sousa –  [email protected]