Por Antônio Francisco SousaEm: 06/11/2008, às 10H28
Qualquer cidadão com um mínimo de discernimento cultural, um pouco de boa vontade, que esteja atualizado e não seja hipócrita, é capaz de entender que um profissional sério e honesto somente adere ou inicia um movimento grevista, após ter tentado, sem sucesso, tudo que lhe foi possível para assegurar os direitos sociais ou trabalhistas que lhe quer surrupiar, negar ou tolher seu patrão.
Homens da imprensa, jornalistas tarimbados pelos anos de labuta na mídia, experientes, inclusive em burocracia pública, não podem sair criticando levianamente, especulando sem fundamento, lançando picuinhas, futricas e aleivosias a respeito de assuntos como o envolvimento de servidores públicos em movimentos paredistas, principalmente, se desconhecem o teor e a profundidade das discussões travadas e que culminaram por levá-los a tomar tão radical decisão. Esses mesmos prepostos da mídia, a quem, muitas vezes, as conseqüências advindas da greve empreendida por funcionários lesados não os alcança direta nem indiretamente, para se manterem o mais isento possível, como deve ser todo bom profissional desse meio, na falta de informações importantes e substantivas, melhor do que tergiversar demagogicamente, seria abster-se de tecer conjecturas ou comentários desairosos.
Não é novidade, infelizmente, certos indivíduos da imprensa, sempre que servidores públicos vêem-se obrigados a engrossar ou iniciar um movimento de paralisação de atividades, uma greve na sua mais legítima acepção, passam a ocupar parte do espaço que lhes é reservado e pelo qual são remunerados para, em vez de escreverem sobre assuntos interessantes à maioria dos leitores, tentarem desmoralizar ou desqualificar o movimento reivindicatório daqueles trabalhadores.
A se perguntar o que o titular de uma coluna de jornal ou de página na internet ganha ao deitar desaforos, preconceitos ou discorrer equivocadamente sobre a legitimidade ou não de um movimento grevista, talvez a mais sucinta, senão a melhor das respostas seja: o menosprezo, a antipatia, não somente por parte dos que se sentiram ofendidos ao serem tratados com intransigência desmedida e gratuita, mas de todos aqueles que preferem valorizar os profissionais pelo grau de honestidade, justiça e ética que empregam em seu mister.
Gostaríamos de dizer aos que, obrigatoriamente, deflagram uma greve cujas instâncias judiciais, uma vez provocadas, não consideram ilegal nem abusiva, logo, perfeitamente cabível e oportuna, que dêem ouvidos de mercador àquelas pessoas para as quais somente os próprios direitos são importantes; não percam seu tempo lendo ou vendo matérias produzidas por quem gosta de mudar o foco das discussões sem ouvir as partes envolvidas. E se elas apenas estiverem querendo recuperar a credibilidade que perderam, exatamente por conta das bobagens, inverdades que, como se fossem mantras criados por suas mentes preconceituosas, não se cansam de repetir?
Aqueles que lutam por seus direitos não podem ser achincalhados, pelo contrário, devem ser considerados homens de bem; os que a esses criticam de forma hipócrita ou leviana, precisam ser ignorados.