[Gabriel Perissé]

Meu amigo, o ilustre professor João Paulo de Oliveira, lançou-me um desafio etimológico:

"Caríssimo amigo Prof. Gabriel Perissé, bom dia! Solicito seus valiosos préstimos no sentido de esclarecer a origem da palavra 'ché'. Será que está vinculada à expressão regionalista meridional 'tché'? Eu a utilizo quando quero expressar ironia ou desejo deixar patente que pode haver outros sentidos para o que escrevi... Está correto? Antecipadamente agradeço!"

Meu prezado João Paulo, essa interjeição expressa dúvida, surpresa, mofa, zombaria. Tem a ver com a interjeição "chê", com o "ê" fechado, típica da fala do sulista brasileiro, com duas funções básicas: chamar alguém ou indicar admiração, assombro.

O "chê" (pronuncia-se "tchê"), segundo o etimólogo J. Corominas, provém do antigo castelhano ce, que seria, por sua vez, derivação de uma possível forma onomatopaica "tsss", ou "sss", com o intuito de chamar a atenção de alguém ou chamar animais.

Não é a única hipótese. Uma outra sugere que viria do te (latim, acusativo de tu), passando pelo galaico. Há quem afirme, como o linguista uruguaio José Pedro Roma, que viria do guarani che, "meu", em chamamentos como che amigo, che coronel, che Juanche Guevara...