SOBRE A PERSONAGEM ANTÔNIA (LETÍCIA SPILLER) DE “SALVE JORGE” E O REFLEXO DA OPRESSÃO CONTRA A MULHER NA VIDA REAL.
Por Rosidelma Fraga Em: 23/01/2013, às 08H14
Não sou de grudar em novelas por conta da mesmice ou porque sempre tenho algo a fazer no final da trama. Mas ando grudada no enredo por causa da personagem Antônia (Letícia Spiller) que se parece muito com as mulheres das peças psicológicas de Nélson Rodrigues. O único problema é que a autora Glória Perez parece fingir que não existe “Lei Maria da Penha”, ou está “cozinhando o galo” para o final. Ontem o marido de Antônia impediu que a filha escrevesse um bilhetinho para a mãe porque, na visão do psicopata, a mãe não era digna de recebê-lo. Ele disse à filha que se ela o amasse não atendesse ao telefonema da mãe. Ela (a mulher) decidiu sair de casa por causa da tortura machista do marido. Antes, o cara doente ameaçava a esposa dizendo que MULHER MINHA NÃO TRABALHA FORA. MULHER MINHA NÃO DESFILA. MULHER MINHA TEM QUE FICAR EM CASA CUIDANDO DA FAMÍLIA. Imagino a vida real. Quantas mulheres não ouvem isso todos os dias no Brasil? E quantas mulheres AINDA aceitam porque não sabem se erguer das cinzas e escrever a sua própria história, contrariando o MACHISMO? Quantas mulheres se calam! Também vejo que, em muitos casos, o machismo decorre da educação religiosa. Conheço mulheres que discordaram da atitude machista e certas religiões as condenaram, acusando-as de “mulheres possuídas por demônios” porque não foram submissas ao marido. Essas mulheres bem que podiam bater nesses fanático-machistas com cabo de vassoura e jogar a culpa nos demônios. Há quem se curve ainda. A grande solução para esse tipo de atitude insana é não aceitar a imposição. E o grande problema de homens tal como o marido da personagem Antônia está no pronome antes do nome: MINHA MULHER. Ninguém é dono de ninguém. A princesa Isabel já assinou a Lei Áurea há muito tempo. E Maria da Penha já assinou a Lei 11.340/06. A minha vontade é entrar na telinha e bater no marido de Antônia (Letícia Spiller). Bem, e que as mulheres cegas e contagiadas pelo pronome MINHA, em suas casas tristes e amareladas de alma, TOMEM ATITUDE. Mulher é GENTE. E gente nasceu para ser FELIZ. Parabéns a Glória Perez pela criação da personagem Antônia e viva a intérprete Letícia Spiller.
(Texto de Rosidelma Fraga, para o Portal Entretextos - 23/01/2013).
(Foto de Letícia Spiller, disponível em: http://aminhapenteadeira.blogspot.com)