Concentrações de Sabedoria. É com essa expressão que Tom Zé explica, como pode, Arnaldo Baptista; esse homem que é sua arte e essa arte que é seu autor, esse homem. Tom Zé explica como pode e pôde figurar melhor que ninguém o mistéri0 Arnaldo Baptista. Para além das rápidas palavras de Tom Zé está uma coisa: a obra de Arnaldo.
“O peso, o peso da sabedoria mítica é muito grande. As pessoas geralmente não querem nem ouvir. A sabedoria… prá ela, a gente deve dizer vadre retro satanás. É claro, eu tô falando das coisas que eu imagino só de ver o Arnaldo tão sozinho, tão solitário. Curioso é isso, as pessoas não procuram ficar perto dele. Parece que têm medo. Realmente, a sabedoria mete medo. Eu não tô falando da sabedoria no sentido universitário, talvez nem no sentido da ciência desenvolvida. Tô falando o tipo de conhecimento muito concentrado … dessa vida tão profícuo, do grande mistério que ele viveu.” (Depoimento de Tom Zé no Documentário Loki, sobre a arte e a vida de Arnaldo Dias Baptista.)
São incríveis os caminhos dos sentimentos quando viajam pelas velas e asas das artes. O filme Loki conta uma história na qual, a despeito da indústria fonográfica e da imprensa, a obra de um artista fez sua própria revolução. Arnaldo é muito intenso (“cheio de concentrações de sabedoria” = “pensamento mítico”, fala Tom Zé sobre Arnaldo), sensível.
São incríveis os caminhos dos sentimentos quando viajam nas artes. O filme “Loki”, sobre o Arnaldo Baptista, conta uma história onde, a despeito da indústria fonográfica e da imprensa, a obra de um artista fez sua própria revolução. Arnaldo é muito intenso (“concentrações de sabedoria” = “pensamento mítico”), sensível, afetivo na expressividade e tem dons incomuns e inusitados para o exercício de uma comunicabilidade — sensível e simultaneamente intelegível — com o público.
Mutatis mutandis, respeitando estilos e contextos diversos, essa forma de autopropagação da arte, ou do sentimento via arte, acontece pelo mundo. O caso de Arnaldo Baptista, felizmente, não é o único. Abaixo comento outro caso de tal natureza.
Ontem me deparei com uma cena incrível. Uma moça, em um vídeo veiculado na rede, cantava uma música de Estela Cassilatti, artista com quem tive o prazer de conviver. Havia um grupo de amigos razoavelmente voltados para a música aqui em Brasília. Nesse grupo, do qual fiz parte, estava também a Estela Cassilatti.
Ao ver essa moça cantando Estela eu vislumbro todo um universo em expansão. Os “átomos” desse universo são, com no caso do Arnaldo e em outros, concentração de sabedoria, sabedoria mítica. É uma das coisas mais distantes da possibilidade de tradução em linguagem verbal, em discurso crítico: assistir à manifestações dessas revoluções desempenhadas pela arte mais forte, sensível, intensa, misto de belo e sublime, arrebatadora.
Tem um depoimento meu em um dos tópicos da Estela no Orkut onde conto como a conheci. Em 1982 eu estava na porta do colégio Marista de Brasília, na 615 norte. Andando por entre os alunos, acabei por ouvir uma música do Queen. Voltei então a vista para o estacionamento e procurei o carro de onde viria o som. Foi durante esse olhar panorâmico sobre o ambiente que vi uma moça loira, sentada em uma escadaria, tocando violão, cantando e soprando o cabelo comprido nos intervalos da melodia, com a intenção de tirá-lo do rosto.
Era Estela, Estela Cassilatti. Eu fiquei pasmo. Convivia com músicos das mais diversas formações aqui em Brasília, muitos talentosos, mas nada se comparava àquilo que eu estava presenciando.
A música, intensa e sensível de Estela Cassilatti transcorre, desempenha sua expansão por linhas de força e sentido inauditas. Seu decurso ultrapassa a metáfora das linhas, pede algo como um deslocamento paradoxal em um meio complexo, repleto de transmutações e anacronismos. Enfim, meu discurso fale nesse último parágrafo diante da sabedoria mítica que flutua e transborda na arte de Estela Cassilatti". (SANDRO ALVES)
(http://ssalvess.wordpress.com/,
foto: 1982 ("ou 1983"), na qual aparecem os amigos de adolescência de
Sandro Alves [QUE NÃO APARECE, PORQUE ESTAVA ATRÁS DA CÂMARA];
uma das pessoas que aparece é Estela Cassilatti, que, de acordo com
S. Alves, "É uma cantora de enorme talento que fez com que o grupo
musical Nouvelle Cuisine gravasse um disco mesmo depois da saída
de seu vocalista, só para acolher os vocais de Estela Cassilatti. Ela
também foi autora de uma trilha sonora da série "Alice" [feita no Brasil:
uma menina que sai de Palmas (Estado do Tocantins) e vai para
São Paulo, Capital. Nesse texto, eu conto como identifiquei Estela
como um talento fora do comum, cantando na porta do Maristão
[COLÉGIO DA ASA SUL, BRASÍLIA, na 615 Sul].)
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ESTELA CASSILATTI,
evento já acontecido
"Estela Cassillatti (SP)
Stella é a voz feminina do Nouvelle e apareceu com Guga Stroeter, Luca Raele e Mauricio Tagliari no excelente CD Free Bossa. Uma voz perfeita pra essa mistura de jazz com música brasileira. Agora ela traz seu trabalho solo, ainda sem registro em disco, mas na ponta da agulha da YB, quase pra sair. Ela assina as canções e toca violão de aço na melhor tradição do folk de Joni Mitchell, pesado, mas feminino e com alguma coisa de Leonard Cohen.
Dia 26. Terça, às 21h.
Serviço: PROJETO “PRATA DA CASA” DO SESC POMPEIA illatti (SP)
Stella é a voz feminina do Nouvelle e apareceu com Guga Stroeter, Luca Raele e Mauricio Tagliari no excelente CD Free Bossa. Uma voz perfeita pra essa mistura de jazz com música brasileira. Agora ela traz seu trabalho solo, ainda sem registro em disco, mas na ponta da agulha da YB, quase pra sair. Ela assina as canções e toca violão de aço na melhor tradição do folk de Joni Mitchell, pesado, mas feminino e com alguma coisa de Leonard Cohen.
Dia 26. Terça, às 21h.
Serviço: PROJETO “PRATA DA CASA” DO SESC POMPEIA".
http://www.vozesdobrasil.com.br/revista/152.htm
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TEÓRICO DA ARTE E PROFESSOR
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