Apresento uma das minhas críticas literárias. Resenho aqui um dos livros da série Dick Peter, que mescla policial e ficção científica. O grande Jeronymo Monteiro (1909-1970) assinou dezenas de livros de ficção científica, mistério, fantasia e aventura e precisa ser reeditado, redescoberto pelas nossas editoras, pois seus contos e suas novelas possuem sabor e interesse. A série Dick Peter foi editada nos anos 40 com o pseudônimo Ronnie Wells, com certeza por razões de mercado, inclusive considerando que o protagonista das aventuras é um detetive novaiorquino. Outros livros de Monteiro, porém, como "A cidade perdida", passam-se no Brasil com personagens brasileiros.

 

A  FEBRE  VERDE   (resenha)


                                (Ronnie Wells  =  Jeronymo Monteiro)



 Miguel Carqueija


     AVENTURAS DE DICK PETER no. 2 (mistério – ficção científica)
     Edições “O Livreiro” Ltda., segunda edição (Rua Carneiro Leão 267 – S.Paulo – SP)


     O segundo volume da coleção de Dick Peter já apresenta elementos próximos da ficção científica. O detetive amador (que na verdade é um engenheiro) cujo lema é “Veja as coisas com seus próprios olhos” retorna de uma viagem de negócios ao Alasca e descobre que Nova Iorque encontra-se mergulhada na paranóia, com centenas de pessoas morrendo de um mal misterioso, cognominado “A febre verde” por causa da coloração que se espalhava nas vítimas após a deflagração da febre.
     Personagem que foi, também, levado aos quadrinhos na década de 40, Dick Peter é o típico  detetive amador que encontra apoio na corporação policial – notadamente o mal-humorado chefe de polícia Morris e o Sargento Cross. A competência de Peter contrasta com todo mundo, pois ninguém senão ele percebe que a epidemia é provocada, criminosa.
     Desde já parece difícil de engolir a situação passada por Ronnie Wells: “As reuniões continuavam se sucedendo na Academia de Medicina em todos os institutos científicos do país.” Não obstante ninguém descobre a causa da moléstia. Ninguém atina com uma única pista.
     Pelo que eu notei o que falta mesmo é um embasamento científico, pois o autor não tenta explicar, mesmo superficialmente, o que é que os cientistas faziam ao certo para identificar a enfermidade e porque não o conseguiam. Afinal, a explicação dada no desfecho nada tem de sobrenatural. Quanto à causa criminosa da febre verde, é bastante inconvincente pois o vilão é exageradamente caricatural. Assim mesmo o livro é interessante e divertido.