Reflexões sobre as sonatas etc
Por Rogel Samuel Em: 18/12/2013, às 05H38
ROGEL SAMUEL
Quase não são obras separadas, individualizadas. As 32 Sonatas de piano de Beethoven parecem ter uma sequência, uma estrutura só, como se fossem a continuação de uma só obra.
Eu as ouço há tantos anos, e somente agora começo a compreendê-las.
Para mim, o melhor intérprete é Arthur Schnabel.
Meu pai tocava uma delas, e eu tinha uma fita cassete em que ele tocava a 14ª. Depois de sua morte não mais tive coragem de ouvi-la (pois era possível também ouvir sua voz e era como se ele saísse do túmulo). A gravação se perdeu.
Lembro-me de que o meu amigo Nathanael Caixeiro ouviu a gravação, e teceu comentários pianísticos sobre a execução, disse que era uma interpretação e uma técnica antiga, desusada nos nossos dias.
Nathanael já é falecido, era um excelente músico, tocava em orquestra, violinista, tinha uma coleção de violinos em casa, apesar de pobre, professor do Estado (onde o conheci), professor da Gama Filho (de Idéias Contemporâneas), poliglota e tradutor. Traduziu muitos livros da Zahar, da Vozes etc.
Nathanael também era pintor excelente, onde assinava “Petit Grand”, em referência à sua pequena altura.
Foi um dos meus grandes amigos.
Devo a ele a publicação do meu “Manual de teoria literária”, pois foi ele quem levou os originais para a Editora Vozes, insistiu que o publicassem, e assim foi. Tivemos 14 edições.
E hoje estamos na 6ª do “Novo Manual de teoria literária”. Natha ficaria feliz, com isso.
Eu tocava piano aos 5 anos de idade. Mas não gostava. Abandonei. Meu pai me ensinava.
Ele aos 5 fazia parte do coro infantil de sua escola, em Strasburg.
Um dia, começaram a ensaiar exaustivamente um Hino, até que chegou o dia e a professora disse: “quando o Maestro fizer assim pra vocês, vocês ataquem o Hino...”
Meu Deus, era a Nona Sinfonia de Beethoven!